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Acervo da Fundaj contribui para mestrado de geografia da UFRN
Documentos bibliográficos presentes nos acervos da Biblioteca Blanche Knopf e do Centro de Documentação e Pesquisa (Cdoc), ambos da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), foram fundamentais para a dissertação de mestrado da geógrafa Noême Martins de Araújo. Além de consultar o material da Fundaj, durante sua pesquisa, a mestranda da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) debruçou-se principalmente sobre livro “O Abolicionismo”, do escritor nordestino Joaquim Nabuco, a fim de investigar as principais contribuições geográficas da obra para a interpretação da formação territorial do Brasil. Sua dissertação será defendida no próximo dia 12 de maio, via Google Meet.
“O acervo é de uma riqueza indescritível. Passei duas semanas na Fundaj e não vi nem um terço do material disponibilizado pela instituição. Tive acesso, além da bibliografia de Joaquim Nabuco, também a de outros autores. Como realizei uma pesquisa de mestrado, na qual o tempo é nosso maior inimigo, não consegui me ater mais profundamente ao acervo como gostaria, mas tenho planos para dar continuidade à pesquisa na fase do doutorado, nela, tenho certeza que teremos muitas outras descobertas interessantes”, afirmou a geógrafa.
O estudo total para a dissertação foi realizado em 1 ano e 11 meses. Na Fundação, a pesquisadora passou duas semanas. Ela ia todos os dias para o campus Anísio Teixeira (Apipucos), de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 17h, em agosto de 2022. Lá, ela teve acesso a livros físicos e digitais de Joaquim Nabuco, e de outros autores. Também pôde analisar fotografias digitalizadas de Nabuco e alguns exemplares digitalizados do Jornal do Comércio também escritos por ele. O livro “O erro do Imperador” (Joaquim Nabuco), o artigo “Aspectos da influência africana no Brasil” (Gilberto Freye) e a “Revista de Cultura Vozes” foram alguns dos materiais consultados por ela.
Lançado em 1883, o livro base da pesquisa (O Abolicionismo) dedicou atenção especial ao processo de ocupação do espaço brasileiro e à produção econômica. Pela ausência de ciências sociais institucionalizadas no Brasil na época, a literatura teve um papel importante para a construção de discursos geográficos. Dessa forma, por meio de pesquisas bibliográficas e documentais, Noême Martins de Araújo observou que o jurista contemplou uma visão da formação territorial do Brasil cuja estrutura foi envolvida por relações autoritárias sob o manto da escravidão.
“Nessa perspectiva, percebeu-se a tríade monocultura, trabalho escravo e latifúndio como o modelo que estabeleceu os aspectos sociais, econômicos e geográficos do país. Além disso, revelou-se que, na contemporaneidade, o padrão de ‘desenvolvimento’ permanece inalterado, mantendo o mesmo tripé do período colonial, o qual mantém a população, principalmente a parcela negra, em condições bastante similares àquela retratada por Joaquim Nabuco”, afirmou a mestranda no resumo.
Para o público que quiser participar, a defesa da dissertação “O Discurso Geográfico N’o Abolicionismo: Contribuições à Interpretação da Formação Territorial do Brasil” será aberta e acontecerá no próximo dia 12 de maio, às 14 horas, na sala virtual: meet.google.com/rxg-repi-jfb.