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Abertura da mostra “Berna Reale - Rastros e Avisos” associa arte à brutalidade no Brasil
A abertura da exposição “Berna Reale - Rastros e Avisos” provocou reflexões sobre a violência cotidiana de um Brasil contemporâneo. A partir das 18h, desta quinta-feira (13), a Galeria Vicente do Rêgo Monteiro, no campus Ulysses Pernambucano da Fundaj, já recebia visitantes atentos às críticas presentes nas obras expostas da artista paraense. Formada em Educação Artística pela Universidade Federal do Pará (UFPA), Berna Reale apresenta em si uma dupla função, ao fazer uma simbiose das suas obras com a vivência exercida na sua função de perita criminal.
Presente no evento, o diretor do Centro de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca) da Fundação Joaquim Nabuco, Túlio Velho Barreto, reforçou a importância da mostra para a Instituição.
“Essa é a primeira atividade da Coordenação de Artes da Fundaj nessa nova gestão, que teve como curador o nosso pesquisador Moacir dos Anjos”, inicia o diretor, acrescentando que a artista Berna Reale faz um trabalho que tem uma perspectiva antropológica. "Para além de ser uma obra artística, também é registro de situações sociais caras à sociedade brasileira, como a violência. A exposição é importante também, pois evidencia uma artista fora do circuito usual do eixo Sul-Sudeste, sendo ela do Norte do país, uma região na qual a Fundação Joaquim Nabuco já teve atuação efetiva no passado”.
O curador da exposição, Moacir dos Anjos, destaca que dentro dos mais de 200 títulos que integram o acervo da Fundaj, entre artistas nacionais e internacionais, existem três videoartes da artista paraense, sendo dois responsáveis por ocupar atualmente a galeria no campus Ulysses Pernambucano. Para Moacir dos Anjos, o trabalho de Berna Reale debate um Brasil que brutaliza corpos socialmente à margem. “Rastros e Avisos tem a ver com essa violência tão banalizada no país. Os vídeos escolhidos mostram ossos de pessoas assassinadas que nunca foram identificadas e a artista de algum modo tenta reapresentar essas pessoas a uma cidade que as rejeitou e não conseguiu reconhecê-las nem na morte”, afirma o pesquisador.
A exposição também apresenta tecnologias que facilitam a mediação cultural e incentivam a curiosidade do público visitante. Logo na entrada da mostra há um tablet que apoia o texto curatorial, servindo também para apresentar a artista ao público que deseja se aprofundar no trabalho da mesma. “Berna Reale - Rastros e Avisos” segue em exibição na Galeria Vicente do Rego Monteiro, no campus Derby da Fundaj, até o dia 18 de junho. Aberto ao público de terças a sextas, das 14h às 17h, sábados, domingos e feriados, das 13h às 17h. A visitação é gratuita e mediada por educadores.