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9º EpePE começa com debates sobre educação e fortalecimento da democracia
Teve início nesta terça-feira (22) o 9º Encontro de Pesquisa Educacional em Pernambuco (EpePE), promovido pela Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) em parceria com o Centro de Educação (CE) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Com o tema “Desafios do Plano Nacional de Educação (PNE) diante da necessidade de fortalecimento da democracia”, a abertura ocorreu na Concha Acústica da UFPE e contou com a apresentação da Orquestra Meninos e Meninas da Alegria, da ONG Giral.
A mesa de abertura contou com a presença da presidenta da Fundaj, a professora doutora Márcia Angela Aguiar, o reitor da UFPE, Alfredo Gomes, a vice-reitora da UFRPE, Maria do Socorro Lima de Oliveira, a reitora da Unifafire, Maria das Graças Soares, a diretora substituta de Pesquisa Sociais (Dipes/Fundaj), a diretora de Formação Profissional e Inovação (Difor) da Fundaj, Ana Abranches, a coordenadora-geral do EpePE, Verônica Soares Fernandes, a vice-diretora do Centro de Educação, Tatiana Cristina dos Santos de Araújo, e a professora Edilene Arantes, representando a UPE.
A presidenta da Fundaj ressaltou a relevância do tema do EpePE e a responsabilidade dos participantes com o conhecimento científico produzido no encontro. “O EpePE reúne educadores de todas as universidades do Nordeste. A responsabilidade é grande, considerando que estamos tratando do conhecimento científico. Estamos empenhados em ampliar o acesso a esse conhecimento, mostrando que as contribuições do Epepe ampliam o conhecimento sobre questões que afetam diretamente as políticas públicas, em especial, as políticas educacionais. No contexto atual, enfrentamos uma onda conservadora que invade muitos espaços, inclusive o da educação. Precisamos discutir e mostrar que nossas pesquisas vão contribuir para o fortalecimento da democracia e para o respeito à dignidade humana”, afirmou a presidenta.
O professor doutor Alfredo Gomes destacou a relevância de trazer o debate sobre educação na Universidade, que tem Paulo Freire como patrono, e propôs a elaboração, a partir do EpePE, de um documento orientador de políticas educacionais para os municípios e para o estado de Pernambuco. “Precisamos fazer um debate muito bem fundamentado sobre as políticas públicas e a educação, especialmente porque existe uma grande lacuna de implementação de políticas no Brasil e em Pernambuco. É necessário fazer um debate acadêmico, científico e fundamentado, mas também fazer a proposição de iniciativas, ações e políticas para subsidiar a organização e o desenvolvimento do nosso sistema educacional”, afirmou.
Coordenadora do EpePE, a pesquisadora da Fundaj, Verônica Soares, ressaltou que o encontro reúne participantes da graduação e pós-graduação, funcionando como um espaço de intercâmbio entre pesquisadores de todo o estado. “São 15 sessões simultâneas e 80 de comunicação oral, então é um evento grandioso para o estado, fortalecendo ainda mais a pesquisa e a difusão dos resultados publicados”, comentou. Ela também ressaltou os números recordes desta edição: 1.500 inscritos e 700 trabalhos submetidos, dos quais 540 foram aprovados.
Conferência
A presidenta Márcia Angela mediou a conferência de abertura, que contou com palestras dos professores doutores Luiz Dourado, da UFG, e Nilma Lino Gomes, da UFMG. “O fortalecimento da democracia no Brasil está intrinsecamente ligado à educação como direito social e humano, e o Plano Nacional de Educação tem um papel central nesse processo. Todos sabem que esse plano é um instrumento orientador das políticas educacionais, mas temos diversos desafios que acabam dificultando a implementação de uma proposta democrática de Plano Nacional de Educação”, observou Nilma Lino Gomes. Luiz Dourado destacou a importância de um sistema nacional de educação para todos e todas. “Nosso grande esforço é, de fato, garantirmos a institucionalização de um sistema nacional de educação democrático, em que as ações e perspectivas atinentes à valorização, ao financiamento e às concepções possam ser construídas a partir de instâncias tripartites, envolvendo a União, estados, Distrito Federal e municípios, e também bipartites”, afirmou.
Sessões
À tarde, foram realizadas sessões no Centro de Educação da UFPE, que abordaram temas como tecnologias na educação, formação inicial e continuada, valorização profissional e educação em tempo integral, entre outros. Uma das conferências destacou a formação de professores alfabetizadores no âmbito do Programa Criança Alfabetizada, com a participação de Lourival José Martins Filho, diretor de Formação Docente e Valorização dos Profissionais da Educação do Ministério da Educação. A mesa contou com as professoras doutoras Adelma Nunes Mendes (UNIFAP) e Telma Ferraz Leal (UFPE), sob a coordenação de Andrea Tereza Brito Ferreira (UFPE).
Durante a sessão, foram discutidas as contribuições das universidades para a formação de professores do ensino fundamental, as experiências do Programa Leitura e Escrita na Educação Infantil e os desafios para garantir uma educação básica de qualidade. Em sua fala, Lourival destacou a intencionalidade do processo educativo: “Essa intencionalidade do fazer pedagógico é essencial, pois docência não é um bico, não é apêndice, nem dom ou sacerdócio. Docência é profissionalização e formação. Isso é o que está na legislação", comentou.
Lourival apresentou programas como o PROEC (Programa Escola e Comunidade), discutiu a formação inicial e continuada e enfatizou a docência e a gestão escolar como práticas educativas intencionais. “Enquanto universidade, estamos esquecendo que nossos mestres, especialistas e doutores estão na educação básica. Precisamos valorizar o protagonismo e o trabalho sério desses profissionais. A ação precisa ser compartilhada, aprendendo também com quem está na educação básica”, concluiu Lourival.
Já Telma destacou a importância da educação infantil e da alfabetização, afirmando que essa etapa da educação básica é um direito das crianças, que devem conviver, aprender e se desenvolver em suas especificidades. Ela ressaltou que a educação infantil não é uma preparação para o ensino fundamental e não tem como objetivo a alfabetização das crianças.
O 9º Encontro de Pesquisa Educacional em Pernambuco continua até quinta-feira (24), com grupos de trabalho em diversos eixos temáticos, nas modalidades presencial, online e híbrida. Ao todo, são 15 sessões simultâneas e 80 sessões de comunicação oral, distribuídas ao longo do evento.