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27ª Expectativa / Retrospectiva do Cinema da Fundação bate recorde exibindo 67 produções, com 52 longas ( 25 inéditos)
Chegaram as festas de final de ano e o Cinema da Fundação Joaquim cumpre, pelo 27º ano, o seu compromisso em oferecer o melhor dos presentes para os cinéfilos. A 27ª Mostra Expectativa/Retrospectiva, que inicia nesta quinta-feira, 5/12, e segue até 19/12 oferece uma edição histórica, batendo seu próprio recorde, ao exibir 67 produções espalhadas por 15 dias em suas 3 salas de cinema no Recife (Derby, Museu e Porto). As 137 sessões de cinema abarcam 52 longas-metragens (sendo 25 inéditos no Recife + 27 reprises), 5 curtas-metragens (compondo o projeto Eu não desisto de você) e os 10 videoclipes da sessão Música para ver.
Um outro presente valioso para qualquer cinéfilo é o Passaporte Expectativa/Retrospetiva que volta a existir nesta edição do evento. Na sessão das 20h10 da quinta-feira 5 de dezembro, do filme Um Homem Diferente, serão sorteados 3 cartões passaporte que dão acesso individual e gratuito, sem passar pela bilheteria, a qualquer uma das 137 sessões da mostra, entre 5 e 19 de dezembro, nas 3 salas do Cinema da Fundação.
Mais do que números, a Expectativa/Retrospectiva traz uma programação qualificada com o melhor que o cinema mundial produziu, com as 3 salas da Fundaj adiantando aos espectadores alguns títulos inéditos que todo o mundo irá falar em 2025. A começar pelo francês Misericórdia, de Alain Guiraudie, exibido em Cannes e eleito, semana passada, pela revista Cahiers du Cinéma como o Melhor Filme de 2024. Aqui, o diretor de Um estranho no lago (2013) volta a nós provocar com um personagem intrigante, que desestabiliza a tudo e a todos pela sua energia sexual.
O filme exibe no sábado (7/12), às 22h, e forma a sessão perfeita com O intruso, de Bruce LaBruce, programado para a nossa sessão “À Meia-Noite te Levarei ao Cinema”, às 23h59 da mesma data. Neste seu novo petardo, LaBruce faz uma assombrosa adaptação do Teorema, de Pasolini, com cores e sexo berrantes.
O filme inédito que irá abrir a mostra – o americano Um homem diferente, de Aaron Shimberg - mas vai provocar um tumulto ainda maior na cabeça do público que em 2024 foi nocauteado por A substância (também presente na mostra). Estrelado por Sebastian Stan, Um homem diferente chega para reforçar a competência do ator após sua comentada performance em O Aprendiz (também programado na mostra). Ainda no elenco, o fundamental Adam Pearson (de Sob a pele, 2013) neste que é talvez o papel da sua vida, e a norueguesa Renata Reinsve (melhor atriz em Cannes pelo divertido A pior pessoa do mundo, 2021).
Indo em outra direção, o da delicadeza, será exibido o japonês Sol de inverno, de Hiroshi Okuyama, que arrebatou corações em Cannes e em Toronto contando a fascinação de um tímido jovem por uma artística patinadora do gelo. O Hollywood Reporter, em Cannes, classificou o filme de Okuyama como uma “joia escondida” na programação do festival. Também exibido em Cannes, o islandês Quando a luz arrebenta, de Rúnnar Runnarson, comove ao apresentar o drama de Una, a jovem amante secreta de um rapaz que morre em um acidente para, daí Una sofrer seu luto em o segredo de Kiara, a namorada de longa data do rapaz.
Já no primeiro final de semana da mostra está também programado o espanhol Redenção, de Icíar Bollaín. Tendo recebido 14 indicações ao Prêmio Goya e cinco em San Sebastián, o filme leva a tensão ao máximo ao contar a história de uma mulher que, 11 anos depois de seu marido ter sido morto por terroristas bascos da ETA, vai encontrar com um dos assassinos na prisão.Também no idioma latino, mas vindo do Uruguai, há o documentário Os sonhos de Pepe, de Pablo Toro, que retrata a trajetória e os ideias de José “Pepe” Mujica, ex-presidente daquele país, que teve eleito, semana passada, um de seus discípulos, Yamandú Órsi, para o cargo de presidente.
Outro documento que merece atenção é o Ernest Cole: Achados e perdidos, de Raoul Peck (de Eu não sou o seu negro, 2016), que acompanha a trajetória de Ernest Cole, o primeiro fotógrafo freelancer negro a acompanhar o Apartheid na África do Sul. O filme foi eleito o melhor documentário em Cannes e deve concorrer ao Oscar 2025 em sua categoria. O segundo final de semana exibe o alemão A arte do caos, de Thomas Arslan. O filme chamou a atenção no Festival de Berlim ao mostrar a trama de um meticuloso assalto de um ladrão que volta a ativa após 12 anos para roubar um famoso quadro de um museu. O alemão Arslan é um nome a ser observado no cinema mundial.
A rainha Isabelle Huppert está também na mostra pelo novo filme do aclamado sul-coreano Hong Sang-Soo: As aventuras de uma francesa também passou pelo Festival de Berlim e saiu de lá com o Grande Prêmio do Júri ao apresentar uma mulher que tocava flauta nos parques e que, para superar dificuldades financeiras, resolve dar aulas a duas mulheres na Coreia do Sul.
CLÁSSICOS RESTAURADOS – O filme Hong Sang-Soo é a última sessão da terça-feira (17/12) no Derby após a exibição de três clássicos de Truffaut – Na idade da Inocência, Jules et Jim e A história de Adele H, que o Cinema da Fundação reprisa após as sessões de outubro marcando os 40 anos da morte do mestre francês.
Mas a mostra exibe também, pela primeira vez no Recife, projeta quatro clássicos restaurados e em versão 4K de resolução. A incontornável Palma de Ouro de 1984, Paris,Texas, de Wim Wenders; Calígula: O corte final – a versão definitiva do chocante filme de Tinto Brass, com Malcolm MacDowell, Helen Mirren e Peter O’Toole. O filme, de 1979, volta aos cinemas após ter exibido em Cannes 2024 e traz cenas inéditas por uma reedição de Bob Guccione e Franco Rossellini.
Sucesso de público em 2005, quando foi lançado no Cinema da Fundação, o alemão Os Educadores (2004), de Hans Weingartner, será relançado no Brasil em 2025 ao completar seus 20 anos. A brincadeira séria de Weingartner ao criar os jovens ativistas de esquerda que invadem as casas de gente rica mudando os móveis de lugar e deixando bilhetes com o aviso – “Seus dias de fartura acabaram” – pegou a todos de surpresa no mundo, tornando o filme num cult da sua época.
Haverá também a especialíssima sessão de Brincando nos campos do senhor (1991) um colosso cinematográfico de Hector Babenco com estelar elenco hollywoodiano – John Lightow, Kathy Bates, Tom Berenger, Daryl Hannah, Tom Waits, além de Stênio Garcia, Nelson Xavier e José Dumont – sobre um casal de evangélicos com o filho pequeno que entra na selva amazônica para catequizar indígenas ainda arredios à noção de Deus.
A nova cópia do filme integra o projeto de restauro “Memória Hector Babenco”. A restauração utilizou o negativo original do filme preservado pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. O projeto de restauro foi coordenado por Patrícia de Filippo, com execução da Quanta, e a correção de cor feita por Lauro Escorel, fotógrafo do filme à época.
BRASILEIROS / PERNAMBUCANOS – O Recife vai ver também pela primeira vez o novo trabalho de Marcelo Pedroso, Água capital, sobre a crônica falta d’água nas torneiras da maioria das casas periféricas na capital pernambucana, ainda que a água seja onipresente no Recife, seja pelos rios, seja chuvas que assombram moradores em diversas comunidades. Pedroso participa de um bate-papo após a sessão.
Dois novos trabalhos de Camilo Cavalcante também dão as caras pela primeira vez por aqui. Após a exibição recente na Mostra Internacional de São Paulo, o Recife verá o poeticamente provocador O palhaço de cara limpa, com Flávio (Flávio Renovatto) sofrendo a dor da separação de um amor ao mesmo tempo em que assiste o Golpe de 2016 pela televisão na casa tia, para onde se muda durante a pandemia. Sem trabalho ou perspectiva o artista vai para as ruas do Recife compartilhar a sua criação inspirada no livro A poética do devaneio, de Gaston Bachelard. A sessão será seguida por debate com a equipe do filme
O outro filme de Camilo é Rua Aurora: Refúgio de Todos os Mundos, pelo qual conhecemos migrantes de várias partes do mundo e de diferentes regiões do Brasil contando, em São Paulo, suas histórias. Revelando um mosaico humano que reflete suas experiências, pontos de vista, lutas, angústias e superações. O filme já foi exibido na Espanha, Portugal, Itália, Colômbia e Estados Unidos.
Lispectorante, novo trabalho de Renata Pinheiro coroteirizado com Serginho Oliveira, ganha também sessão especial + debate, apresentando ao Recife Glória Hartman (Marcélia Cartaxo) que atravessa uma crise existencial e financeira e decide voltar a sua cidade natal, em processo de abandono e lá, nas ruínas da casa onde morou Clarice Lispector, a mulher começa a ver cenas fantásticas. Renata, Serginho e equipe participam de bate-papo pós sessão. Um dia antes da exibição de Lispectorante, haverá também debate com a diretora Milena Times na sessão de seu primeiro longa-metragem: Ainda não é Amanhã.
Entre os títulos brasileiros inéditos estão o belo documentário Luiz Melodia: No coração do Brasil, de Alessandra Dorgan, e os dois mais recentes longas-metragens de Douglas Machado, Cipriano e a morte de Cipriano e A carta de Esperança Garcia. Outro título programado é Corpo presente, de Leonardo Barcelos, além de Brazyl: Uma ópera tragicômica, que apresenta, conforme diz o diretor José Walter Lima, “uma narrativa ficcional inspirada em fatos reais, através de um manifesto épico delirante sobre o Brasil contemporâneo, o zeitgeist - o espírito de uma época e suas raízes históricas encharcadas de coca-cola e hipocrisias".
CURTAS E VIDEOCLIPES – Após o debate de Lispectorante, na sexta-feira (13/12), no Derby, o público está convidado a uma experiência gratuita e dançante na sessão Música para ver (às 23h) pela qual serão projetados em FullHD videoclipes que merecem uma tela grande pela natureza cinematográfica dessas produções. São obras que ilustram músicas do Massive Attack, David Bowie, New Order, The Verve, Daft Punk e Peter Gabriel. A sessão encerra com um videoclipe surpresa, exibido em sua nova versão 4K.
Dias antes, na segunda-feira (9/12), a partir das 19h, a mostra apresenta os cinco episódios da série Eu não desisto de você dirigido por Carla Sarmento, que procurou reavivar o nome de Ana Vasconcelos, importante referência na pauta feminina e humanitária de Pernambuco mas “que caiu no esquecimento após sua morte em 2009”. Nos episódios, a pedagoga Maria Betânia da Silva percorre as ruas e as casas de mulheres que foram meninas de rua. A sessão acontece na véspera da data em que se celebra o Dia Internacional dos Direitos Humanos.
SESSÃO SURPRESA – Numa ação inédita, a 27ª Expectativa/Retrospectiva, em parceria com a Diamond Filmes, irá oferecer uma sessão gratuita para espectadores do Cinema da Fundação. A Sessão Surpresa vai encerrar a exibição às 20h30 da quinta-feira (19/12) exibindo em primeiríssima mão e com exclusividade no Cinema da Fundação um dos filmes mais esperados filmes do início de 2025. Pares de convites para a Sessão Surpresa serão sorteados entre os espectadores ao longo da programação, no início das seguintes sessões:
7 de dezembro
17h40 - Sol de Inverno (PORTO)
21h50 – Misericórdia (DERBY)
23h59 – O Intruso (DERBY)
8 de dezembro
16h – Paris, Texas (DERBY)
11 de dezembro
18h40 – Dying: A Arte do Caos (PORTO)
13 de dezembro
20h15 – Lispectorante (DERBY)
23h – Música para ver (DERBY)
14 de dezembro
20h – A Arte do Caos (DERBY)
22h – Os Educadores (DERBY)
15 de dezembro
19h30 – Ernest Cole: Achados e Perdidos (DERBY)
17 de dezembro
20h – As Aventuras de Uma Francesa (DERBY)
18 de dezembro
20h – Brincando nos Campos do Senhor (DERBY)
Os números da 27ª Expectativa/Retrospectiva do Cinema da Fundação
137 sessões 67 produções 57 filmes 52 longas-metragens (25 inéditos / 27 reprises) |
15 dias 10 videoclipe 5 curtas-metragens 3 cinemas |
Lista dos filmes
RETROSPECTIVA 2024
1. Salão de Baile (1h29) 2. Dying - 3h01 3. Folhas de Outono - 1h21 4. Dias Perfeitos - 2h04 5. Retrato de um certo Oriente - 1h33 6. Stop Making Sense - 1h27 7. A contadora de filmes - 1h56 8. Zona de Interesse - 1h45 9. Anatomia de uma Queda - 2h31 10. Entrevista com o Demônio - 1h32 11. Herege - 1h50 12. O Aprendiz (2h) 13. O Clube das Mulheres de Negócio - 1h35 14. Here - 1h23 15. 171 - 1h35 16. Todas as Estradas de terra Têm Gosto de Sal - 1h32 17. A Substância - 2h21 18. Malu 19. Na Idade da Inocência - 1h45 20. A História de Adele H - 1h35 21. Jules et Jim - 1h45 22. A transformação de Canuto (Descoloniza Filmes) - 2h10 23. Sessão Escola 24. Ervas Secas 25. Monster 26. Teca e Tuti 27. Ainda estou aqui 28. Música para ver (10 videoclipes) |
EXPECTATIVA 2025
29. Luiz Melodia : No coração do Brasil (1h15) 30. Corpo Presente (1h29) 31. Lispectorante (Embaúba Filmes) - 1h30 32. Ainda não é amanhã - 1h16 33. Os Educadores - 2h06 34. Paris Texas – 35. Calígula : O corte final - (2h58) 36. Misericórdia- 1h42 37. Sol de Inverno – 1h30 38. Um Homem Diferente - 1h52 39. As Aventuras de uma Francesa – 40. Redenção (1h55) 41. Os sonhos de Pepe - 1h26 42. Brazyl: Uma Ópera tragicrônica / 1h36 43. Água Capital (?) - 1h 44. O Palhaço de Cara Limpa (Lira Filmes) 1h20 45. Rua Aurora: Refúgio de todos os mundos - Camilo Cavalcante - 1h34 46. Cipriano e A morte de Cipriano - 1h20 47. A Carta de Esperança Garcia - 1h45 48. Brincando nos campos do Senhor (HB FIlmes) - 3h08 49. Sessão Surpresa – 1h56 50. O Intruso (1h41) 51. Quando a Luz Arrebenta (1h22) 52. Eu Não desisto de você (5 curtas) 53. A arte do Caos (1h41) 54. Ernest Cole: Achados e Perdidos (1h46) |