Jorge Duprat Figueiredo
Um empresário envolvido com as questões de SST
Um empresário envolvido com a Segurança e Saúde no Trabalho. Essa frase poderia resumir quem foi o engenheiro civil Jorge Duprat Figueiredo. Formado em 1943 pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, passados apenas sete anos, já era diretor-presidente da “Nadir Figueiredo Indústria e Comércio S.A.”.
Esse paulistano, nascido em 4 de julho de 1918, foi o primeiro presidente da Fundacentro. Ficou quase 10 anos à frente da instituição, de dezembro de 1968 a setembro de 1978, que na época se chamava Fundação Centro Nacional de Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho. Ao mesmo tempo, exercia o cargo de 2º vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo - Fiesp.
Em 1975, foi premiado como prevencionista do ano pela Associação Brasileira para a Prevenção de Acidentes - ABPA. Na época, já defendia que "O empresário investe bem, quando despende altas somas para tornar a sua empresa o protótipo da fábrica higiênica e segura. E estará investindo primeiramente no Homem, o protagonista mais importante da sociedade contemporânea, e, em seguida, na sua produtividade, garantindo o aproveitamento integral dos seus esforços e das suas horas de labor. [...] Poupa, ainda, elevado prejuízo de mão de obra desperdiçada, de maquinaria avariada, de matéria prima inutilizada, de peças danificadas e de produto inacabado." - Discurso no XIII CONPAT - Congresso Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho.
Também chegou a ocupar a presidência da ABPA. Na associação, incentivou campanhas para criar uma consciência prevencionista entre os trabalhadores e empregadores.
Convivência
A história da gestão de Jorge Duprat Figueiredo a frente da Fundacentro foi marcada pela realização dos CONPATs. Na cerimônia de abertura da 16ª edição, no ano de 1977 em Porto Alegre/RS, o presidente da Fundacentro afirmou: “Vale ressaltar o fato de que os Congressos Nacionais de Prevenção de Acidentes do Trabalho têm cumprido suas finalidades a partir do momento exato em que proporcionam o intercâmbio de ideias e experiências de seus participantes”.
Na Fundacentro, Jorge Duprat Figueiredo costumava estar presente em reuniões importantes e despachar da própria Nadir Figueiredo. “Saíamos da Cardoso de Almeida, onde ficava a Fundacentro, com a pasta de despachos. Levávamos até a Nadir Figueiredo para ele assinar. Havia um dia específico para isso. Era uma pessoa muito ocupada”, recorda o chefe do Serviço de Suprimento, Valdeci de Morais, que trabalha há 40 anos na instituição.
Valdeci se lembra de que Jorge Duprat Figueiredo costumava cumprimentar a todos. Já como profissional, era um ícone na época em relação às questões administrativas. Uma das ações da época era a elaboração de cartazes sobre prevenção, que eram impressos pelo Senai e distribuídos por todo o Brasil.
“Tínhamos muitas atividades naquela época. Chegamos a virar à noite para imprimir folhetos para o 13° CONPAT. Era gratificante porque tínhamos nosso trabalho reconhecido”, conta o servidor que está há mais tempo na Fundacentro.
Homenagem
Quando faleceu, em 14 de setembro de 1978, Jorge Duprat Figueiredo ainda presidia a instituição. Pelos serviços prestados, o então Ministro do Trabalho, Arnaldo da Costa Prieto, sugeriu que a Fundacentro recebesse o nome dele.
“Nada mais justo, Excelentíssimo Senhor Presidente, do que dar o nome de Jorge Duprat Figueiredo à própria Fundação que dirigiu com tanto acerto, dedicação e sensibilidade pela segurança do trabalhador e tranquilidade de sua família”, afirmou o então ministro em publicação do Diário do Congresso Nacional, de 6 de outubro de 1978.
O ministro Arnaldo Prieto ainda destacou as ações que Jorge Duprat realizou a frente da instituição: “Como Presidente da Fundacentro, vinha prestando, com grande discernimento e espírito público, serviços inestimáveis ao País, em especial, à classe trabalhadora na luta pela segurança do trabalho. Vinha cooperando voluntariamente com seu esforço, na formação de especialistas na área de medicina do trabalho e engenharia de segurança e da assistência social e participando, de maneira efetiva, da direção de programas de prevenção de acidentes do trabalho realizados em todo território nacional e cujos resultados podem ser avaliados pela redução efetiva de acidentes de trabalho no Brasil ”.
Por meio da Lei nº 6.618, de 16 de dezembro de 1978, a Fundacentro passou a se chamar Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho. No ano seguinte, o engenheiro recebeu mais uma homenagem. O Instituto Roberto Simonsen instituiu o Prêmio Jorge Duprat Figueiredo.
Na cerimônia de entrega da premiação, o então presidente da Fiesp, Theobaldo de Nigris, declarou que “Jorge Duprat deixou registrado a sua contribuição à paz social, a sua preocupação com os acidentes do trabalho.” Já o presidente da empresa vencedora, Mafersa S/A, José Carlos do Couto Vianna, destacou o pioneirismo de Duprat: “Este prêmio constitui motivo de extraordinária honra, por se tratar do primeiro a ser concedido; por ter o nome de Jorge Duprat insigne homem de empresa que soube ressaltar o aspecto social do empresariado.”