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SEGURANÇA QUÍMICA
Dia Nacional de Luta Contra a Exposição ao Benzeno marca outubro
O benzeno é uma substância química altamente tóxica e cancerígena, segundo a pesquisadora aposentada da Fundacentro, Arline Abel Arcuri, e a tecnologista Patrícia Moura Dias. A exposição a esse produto deve ser evitada o máximo possível. O Dia Nacional de Luta Contra a Exposição ao Benzeno marca o 05 de outubro.
A data foi instituída devido a uma fatalidade ocorrida em 2004, na qual o petroleiro Roberto Viegas Kappra, técnico de operações em uma refinaria, teve a sua vida ceifada em decorrência de leucemia mieloide aguda – uma das consequências do benzenismo.
Neste dia, diversas instituições, organizações e sindicatos dedicaram-se para conscientizar a sociedade sobre os perigos da exposição ao benzeno, cuja substância é um hidrocarboneto aromático e muito utilizada na indústria química como um solvente e um intermediário em várias reações químicas. É usado na fabricação de plásticos, resinas, borrachas, corantes, detergentes, fibras sintéticas e outros.
Comissão Nacional Permanente do Benzeno
A Comissão Nacional Permanente do Benzeno – CNPBz foi criada em 1995, de acordo com dados de especialistas, a sua implementação foi para regulamentar, fiscalizar o uso da substância e, em especial, reduzir a exposição dos (as) trabalhadores (as) e da população em geral ao benzeno.
No governo anterior, por meio da portaria 972, de 21 de agosto de 2019, revogou 75 portarias, publicadas entre 1998 e 2018, que criavam comissões tripartes em funcionamento que abarcavam diversas áreas. A CNPBz, por exemplo, foi uma dessas comissões, destituída.
Lançamento do livro Acordo e Legislação sobre o Benzeno 25 Anos
No entanto, instituições, como a Fundacentro, continuaram exercendo o seu papel prevencionista. O lançamento da publicação “Acordo e Legislação sobre o Benzeno 25 Anos” reúne um conjunto de portarias, instruções normativas e notas técnicas e outros instrumentos. A pesquisadora Arline Arcuri e a tecnologista Patrícia Dias, autoras do livro, comentam sobre a produção do livro.
Patrícia informa em sua apresentação como foi a construção e a importância de debater o tema. “A intenção era reunir em um único material que sirva de consulta e estudo, a trajetória da legislação relacionada ao benzeno. Traz ainda legislações, decretos, portarias e documentos importantes pertinentes ao produto”.
A tecnologista comenta que o texto não sofreu alteração, mas existe a probabilidade de o texto sofrer alteração quando sair a nova Norma Regulamentadora 15, que estabelece as atividades que devem ser consideradas insalubres. “Pode continuar com o anexo 13A, ou talvez, surja um novo anexo, ainda não está claro como ficará essa questão”, salienta.
História da participação da instituição sobre o benzeno
Em seguida, Arline frisa que a exposição prolongada ou em altas concentrações pode levar a sérios problemas de saúde. A Fundacentro, de acordo com a explicação da pesquisadora, após o acidente ocorrido em 1973, quando quatro trabalhadores morreram e 100 ficaram intoxicados em uma empresa de colagem de peças plásticas por imersão em benzeno, começou a se preocupar com os níveis da substância nos solventes comuns. “Na época, o estudo foi conduzido pelos pesquisadores da Fundacentro, Tereza Carlota Pires e Gerrit Gruenzler”, informa.
Arcuri ainda discorre sobre outros acidentes ocorridos nas décadas de 80, como os casos de leucopenia entre trabalhadores da coqueria da Cosipa, Cubatão – SP. “Um marco nesta época foi o movimento social sindical que denunciou os casos de benzenismo. As médicas Lia Giraldo Augusto, do Sindicato dos Metalúrgicos de Santos/SP, e Edlamar Guimarães Neves, do Sindicado dos Trabalhadores da Construção Civil, detectaram a epidemia de leucopenia em trabalhadores que atuavam nas Cosipa, expostos ao produto”.
No vídeo disponível no canal da Fundacentro no YouTube, a pesquisadora relata sobre outras informações, tais como o surgimento do Grupo Técnico Tripartite, especialistas importantes na construção de estudos e pesquisas e outros temas ligados ao benzeno e a saúde dos (as) trabalhadores (as).
A exposição prolongada ou em altas concentrações pode levar a sérios problemas de saúde, incluindo danos ao sistema nervoso, sistema imunológico e medula óssea. Não esquecendo que também pode causar câncer, especialmente leucemia. “Não existe limite seguro de exposição. Qualquer concentração de benzeno no ar tem que ser levada em consideração”, explica.