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Acessibilidade e desenho universal foram discutidos no auditório da Fundacentro/SP
Da esquerda para direita, Eliane Vainer Loeff, Luis Carlos Soares, Silvana Cambiaghi, Cezar Akiyoshi Saito, Lourenil Aparecido Ferreira e Ronildo Barros Orfão
A Fundacentro de São Paulo, recebeu, empresários e profissionais interessados no tema “Acessibilidade como Ferramenta da Inclusão e Permanência no Trabalho: Desenho Universal”, no dia 11 de agosto, no auditório do Centro Técnico Nacional. Para discorrer sobre o assunto, a arquiteta Silvana Cambiaghi foi convidada pela instituição para palestrar sobre o tema. Silvana também é mestre em desenho universal pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP) e desenvolve trabalho Intersecretarial na Prefeitura de São Paulo, no qual envolve a questão de acessibilidade.
A arquiteta frisou que as pessoas com deficiência também querem ingressar no mercado de trabalho, mas a falta de acessibilidade ainda causa transtorno para quem tem a mobilidade reduzida. “Com relação a exercer uma profissão, todos nós temos aptidão para uma determinada coisa, seja deficiente ou não. Porém, para quem sofre de alguma deficiência, a falta de acessibilidade é muito visível, pois acaba dificultando o acesso aos lugares e, principalmente, nos ambientes de trabalho. Por isso, é necessário adequar os espaços de acordo com o desenho universal”, comentou Silvana. O Desenho Universal que a especialista se refere viabiliza produtos, meios de comunicação e ambientes que possam ser utilizados por todas as pessoas, independente da idade, estatura ou capacidade. Isso possibilita a permanência nos ambientes, sem a necessidade de adaptação ou auxílio.
Ambiente sinalizado e adaptado
Quando colocamos ambiente sinalizado e adaptado, incluímos os ambientes internos e externos. Com relação ao externo, existem ajustes a serem feitos, pois as nossas calçadas estão em péssimas condições, em alguns lugares existem a falta de guias rebaixadas, algumas lojas e restaurantes têm degraus e não tem também rampas adequadas. Tudo isso dificulta o poder de circulação dessas pessoas.
As empresas que exercem à inclusão social, precisam também adaptarem os ambientes de trabalho. Silvana salientou que pessoas com deficiência também precisam trabalhar, como qualquer outra pessoa. As empresas precisam seguir a norma da ABNT – nº 9050/2004 , o qual dá diretrizes sobre acessibilidade à edificações, mobiliários adequados, espaços e equipamentos urbanos. "Temos que pensar que o trabalhador precisará se locomover da casa para o trabalho e vice-versa. De acordo com a norma, é necessário que os espaços tenham calçadas com faixa livre, sem obstáculos físicos e ter no mínimo 1,20 m de largura. Além disso, é fundamental que as rampas sejam bem projetadas, isso porque muitas rampas são demasiadamente íngremes e impossíveis de serem superadas. Para mim, as plataformas para os deficientes e idosos são melhores opções”, descreveu a arquiteta. Além desses, Silvana diz que são necessárias muitas outras providências para receber a pessoa com deficiência, as quais envolvem vagas reservadas, catraca e balcões adequados, portões ou botoeira acessíveis, piso tátil dentro da edificação, sinalização em Braile, banheiro universal e baias ergonômicas.
Meio de locomoção e serviço do Atende
Alguns ônibus e metrôs foram adaptados para atenderem esse público. A especialista informou que o Atende é um veículo que a Prefeitura disponibiliza para atender pessoas com deficiência física e mobilidade altamente reduzida. “O Atende é gratuito aos seus usuários, sendo um transporte que funciona de porta a porta, com regulamento próprio, o qual é oferecido pela Prefeitura. Nesse caso, o usuário para utilizar o transporte, precisa ser cadastrado. Existe também as empresas que contratam táxis para os funcionários que saem em campo, no entanto, friso que é importante que no contrato incluam táxi adaptado para o deficiente”, comentou a arquiteta.
Mercado de trabalho e lei de cotas
Cambiaghi explanou que a sociedade sempre conviveu com pessoas com algum tipo de deficiência, porém, a reflexão no sentido de incluí-las no ambiente de trabalho ainda é insuficiente. “A nossa cidade não foi preparada para quem anda com dificuldade de locomoção e cadeira de rodas. Existem muitos obstáculos para as pessoas com deficiência, o principal é o preconceito. Mesmo assim, hoje em dia, é possível observar que algumas mudanças estão acontecendo, e a lei de cotas abre espaços para que todos possam trabalhar”, esclareceu a arquiteta.
A contratação de pessoas com deficiência, em nosso País, está assegurada pela lei de cotas Lei nº 8.213 de julho de 1991. As empresas com 100 ou mais empregados têm que reservarem vagas de acordo com o número de empregados. No site do Ministério do Trabalho e Emprego é possível consultar itens que esclarecem as providências que as empresas necessitam para contratar um profissional. Também podem ser consultadas a legislação, as Normas da ABNT e Regras para as calçadas que discorrem sobre acessibilidade e inclusão de pessoas com deficiência de forma geral.
A palestrante que é cadeirante, não mediu esforços para conseguir estudar e alcançar os seus objetivos. Por isso, ela desenvolve trabalhos em prol das pessoas com deficiência. A arquiteta apontou que todas as pessoas têm capacidade para desenvolver algum tipo de trabalho, para tanto, é essencial que as empresas, governo e toda sociedade estejam engajadas em promover igualdade que possibilite que os profissionais que tenham algum tipo de deficiência, possam realizar e executar o seu trabalho em um ambiente digno a sua necessidade.
A Constituição Federal de 1988, tem como escopo assegurar o direito à cidadania e à dignidade da pessoa humana. As leis e normas específicas tornaram-se obrigatórias no sentido de incluir acessibilidade na arquitetura. "Acessibilidade promove o direito de ir e vir de qualquer cidadão. No ambiente de trabalho proporciona a melhoria da qualidade de vida das pessoas", finaliza Silvana.