História
A história da Fundacentro/PE também começou em 1971, quando o médico do trabalho Joaquim Dantas visitou a Fundação em São Paulo, que na época estava instalada na Rua Cardoso de Almeida, em Perdizes, onde conversou com Moacyr Gaya.
“Após algum tempo, de uma agradável conversa, me lançou o desafio de implantar a Fundacentro em Recife, capital pernambucana, e já foi passando às minhas mãos inúmeros exemplares de livros e revistas sobre as atividades inerentes àquela entidade. Surpreso, mas também muito feliz com o mais novo desafio que tinha pela frente, aceitei o convite e de pronto, ao voltar ao Recife, tomei as providências cabíveis para viabilizar a instalação da sessão regional”, conta Dantas.
Ele afirma que conseguiu instalar a unidade em tempo recorde e iniciar as atividades em fevereiro de 1972. No prédio, situado à rua Riachuelo, no Centro do Recife/PE, contavam com uma sala e podiam utilizar o auditório para a realização de aulas e palestras do Programa Nacional de Valorização de Trabalhadores (PNVT). Lá também foram ministrados cursos de supervisor de segurança do trabalho, formando várias turmas. Era comum o contato com escolas, autoridades, empresas e sindicatos.
Desse início, o primeiro chefe destaca o trabalho de prevenção de acidentes do trabalho em canteiros de obras. Dantas trabalhou na Fundacentro até 1977, quando deixou o cargo para ser subsecretário de Medicina do Trabalho, do Ministério do Trabalho. Ele indicou como seu substituto o médico Edson Hatem. A nova sede foi inaugurada em 13 de outubro de 1979, na Rua Djalma Farias, 126, no bairro Torreão, onde funciona até hoje. Em agosto de 1980, a unidade foi transformada em Centro Regional, abrangendo os estados de Alagoas, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte.
Nos anos 1980, a Fundacentro/PE realizou um programa em conjunto com o Exército para a formação de agentes voltados para a SST, capacitou professores do ensino fundamental da rede estadual, fez levantamento da incidência da silicose em cavadores de poços da Serra da Ibiapaba/CE e pesquisa sobre os riscos operacionais de embarque de açúcar em sacarias nos Portos de Recife e Suape. Também realizou trabalhos voltados para as pequenas empresas e a indústria da panificação.
Entre 1987 e 2000, funcionou na regional, em Recife, a unidade móvel de ensino na construção civil, que se estendeu a cidades como Natal e João Pessoa. Essa ação nasceu como um trabalho de assistência às empresas construtoras, no qual se fazia um levantamento dos riscos na obra, que resultava em relatório a ser discutido com engenheiros, mestres e encarregados. Também se acompanhava a implementação das recomendações e se realizava a capacitação dos trabalhadores.
Na década de 1990, um dos destaques foi a formação em saúde dos trabalhadores dada a peritos do INSS dos estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Maranhão, Pará, Amazonas e Alagoas. Outro trabalho importante foi a pesquisa sobre as condições de trabalho nas atividades de extração, beneficiamento e transporte do sal marinho, no Rio Grande do Norte, que resultou na história em quadrinhos “Zé Salitre em O desafio do Salineiro”.
Nos anos 2000, os destaques foram as pesquisas sobre pesca artesanal de mergulho com compressor em Rio do Fogo/RN, que visava reduzir a incidência de acidentes com mergulhadores e pescadores de lagosta. Houve oficina para avaliar bases de dados relacionadas à saúde do trabalhador e estudo acerca da precariedade das condições de trabalho na pesca artesanal do marisco, que gerou curso para multiplicadores, cartilha e vídeo. A pesca artesanal também esteve em foco nos Lençóis Maranhenses, gerou colaboração em série voltada para saúde e segurança do pescador e inserção de novas tecnologias de processamento do pescado no caso das marisqueiras. Outros vídeos foram produzidos sobre salinas e castanha de caju, que também foi tema de livro.
A Fundacentro/PE tem uma intensa atividade de cursos e eventos, realizados não só em Pernambuco como nos estados vizinhos. A ação na indústria da construção remete à participação ativa no CPR/PB, que existe desde 1996, e a outras ações como o cordel “A peleja do servente de pedreiro que apareceu no canteiro em forma de assombração”, publicado inicialmente em 1999, resultou em vídeo e apresentações em eventos.
A atuação em 2015 contemplou pesquisas nas áreas da construção civil e aquaviária com o projeto “Perfil de lesões e condições cancerizáveis bucais em pescadores/marisqueiras do município o Jaboatão dos Guararapes/PE”. Também participa do Programa Nacional de Eliminação da Silicose (PNES), com o projeto “Avaliação da poeira de sílica na indústria de estruturas pré-fabricadas de concreto para edificações verticais”, e do Programa Nacional de Educação em Segurança e Saúde do Trabalhador (Proeduc), com o projeto “Saúde, Trabalho e Educação”. A unidade tem participado de fóruns, comitês, comissões e grupos como o Grupo de Trabalho Interinstitucional (Getrin).
Fonte - Fundacentro: Meio século de Segurança e Saúde no Trabalho