História
Uma representação da Fundacentro foi instalada em Belo Horizonte/MG em dezembro de 1972, inicialmente em uma sala da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), depois em outro endereço. A médica do trabalho e professora da UFMG, Elizabeth Costa Dias, que foi a primeira representante da instituição, conta que ela frequentava os cursos de saúde ocupacional coordenados pelo professor Diogo Pupo Nogueira, na Faculdade de Saúde Pública da USP, no segundo semestre daquele ano.
“Naquele momento se iniciava o grande processo de capacitação profissional para dar sustentação à implementação da Portaria 3.237 que criou os Sesmts [Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho] e que tive a oportunidade de acompanhar. No final do ano, ao regressar a BH, o General Gaya me convidou para assumir a representação da Fundacentro e a coordenação dos cursos que seriam realizados em Minas Gerais de medicina do trabalho, engenharia de segurança, técnico de segurança e auxiliar de enfermagem do trabalho”, recorda Elizabeth Dias.
A cerimônia de inauguração contou com a presença do ministro Arnaldo Prieto: “A Fundacentro vem prestando relevantes serviços à saúde ocupacional brasileira e esse trabalho vem sendo valorizado pelo governo”. Havia também representantes dos empregadores e trabalhadores. Os discursos reforçavam a prevenção de acidentes.
O ministro afirmava haver uma necessidade de expansão da Fundacentro. Assim, a ação fazia parte de um projeto que previa a instalação de oito centros estaduais ou regionais nas cidades de Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Recife, Salvador, Brasília, Curitiba e Manaus. O novo centro¹ contou com a direção executiva de Elias Michel Farah.
As atividades das unidades da Fundacentro nos anos 1980, muitas vezes, eram comuns. Assim, a Fundacentro/MG desenvolvia, por exemplo, trabalhos voltados para a indústria da construção e para a área rural. Outra ação era a consultoria técnica na área de higiene do trabalho por solicitação das empresas. No final dessa década, passou a atuar na área de mineração. Também realizou cursos sobre mapa de risco entre o fim dos anos 1980 e início dos 1990.
De 1990 a 1992, foram realizadas avaliações das condições de segurança, higiene e saúde do trabalho em sete minas de ouro pertencentes ao extinto Grupo Morro Velho, hoje Anglo Gold Corporation, localizadas no quadrilátero ferrífero nos municípios de Nova Lima, Sabará e Raposos. Já de 1994 a 1996, a Fundacentro/MG realizou avaliações ambientais de agentes físicos, químicos e biológicos nas minas de ferro de Conceição, Cauê e Timbopeba, da antiga Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), localizadas em Itabira/MG e Mariana/MG.
A gestão de riscos no trabalho em pequenas e médias empresas esteve em pauta de 1998 a 2004. Ainda no início do século XXI, houve estudo voltado para a indústria de metais em Juiz de Fora/MG e outro sobre o perfil de acidentabilidade entre trabalhadores efetivos e terceirizados (pedreiros refrataristas) de uma indústria de aço.
A prevenção de acidentes na fabricação de fogos de artifício, por sua vez, possibilitou a intervenção nas condições de trabalho em Santo Antonio do Monte entre 2000 e 2007 e contribuiu para o avanço da legislação, com o Anexo 1 (Segurança e Saúde na Indústria e Comércio de Fogos de Artifício e Outros Artefatos Pirotécnicos) da NR 19 – Explosivos.
Ainda fazem parte dessa história o Programa de Melhoria das Informações Estatísticas sobre Doenças e Acidentes do Trabalho (Prodat), instituído em 1999 e encerrado em 2007, e um acordo de cooperação técnica com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), assinado em janeiro de 2009, com vigência de cinco anos.
“Temos uma metodologia testada. Um terço dos que morreram por acidente do trabalho não tiveram a profissão registrada. Fizemos uma anatomia disso. Trabalhamos com vinculação de banco de dados de diferentes instâncias. Você analisa a qualidade das informações existentes, vinculando bancos de dados para ter mais informações”, explica o analista da Fundacentro/ MG, Celso Salim, que é doutor em demografia e cientista social.
Desde 1997, a unidade desenvolve pesquisas relativas à estatística e indicadores em saúde do trabalhador. Dessa iniciativa, surgiram estudos sobre acidentes de trabalho em micro e pequenas empresas, no setor mineral e também em categorias como vigilantes, professores e auxiliares de ensino. O relatório do estudo dos vigilantes serviu de subsídio para o Anexo 3, voltado para atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial, de dezembro de 2013, da NR 16 – Atividades e Operações Perigosas.
Ainda fazem parte dessa história o Programa de Melhoria das Informações Estatísticas sobre Doenças e Acidentes do Trabalho (Prodat), instituído em 1999 e encerrado em 2007, e um acordo de cooperação técnica com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), assinado em janeiro de 2009, com vigência de cinco anos. “Temos uma metodologia testada. Um terço dos que morreram por acidente do trabalho não tiveram a profissão registrada. Fizemos uma anatomia disso. Trabalhamos com vinculação de banco de dados de diferentes instâncias. Você analisa a qualidade das informações existentes, vinculando bancos de dados para ter mais informações”, explica o analista da Fundacentro/MG, Celso Salim, que é doutor em demografia e cientista social.
Já em relação às ações educativas, entre 1996 e 2008, o centro regional de Minas Gerais desenvolveu parcerias com os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerests) para realizar formação em saúde do trabalhador a partir de equipe multidisciplinar. “Nossos esforços de disseminação dos conhecimentos produzidos no campo da relação entre trabalho-saúde foram dirigidos a alvos muito diversificados: os cursos, seminários, mesas redondas, debates atingiam da rede básica do SUS, INSS, DRTs (médicos, enfermeiras, psicólogas, assistentes sociais), integrantes dos mais diversos sindicatos, trabalhadores e trabalhadoras de variadas escolaridade e setores de atividade”, recorda a tecnologista Maria do Rosário Sampaio, que é doutora em serviço social e pedagoga. Além dos cursos com temáticas clássicas da SST sempre promovidos na sede da Fundacentro/MG, alguns foram realizados em Cabo Verde. Houve, também a elaboração de projeto de pesquisa sobre métodos em educação em SST, visando reduzir o distanciamento entre teoria e prática neste campo de saber.
¹Foi instalado em imóvel cedido pelo departamento regional do Sesi/MG, na Rua Santa Catarina, 778.
Fonte - Fundacentro: Meio século de Segurança e Saúde no Trabalho