Segurança e saúde das mulheres trabalhadoras
Programa de pesquisa e extensão “Segurança e saúde das mulheres trabalhadoras”
As razões para a inserção desigual no mercado de trabalho são variadas e guardam profundo diálogo tanto com o trabalho de reprodução social atribuído às mulheres como com as formas de segregação racial talhadas no passado, mas ressignificadas e perpetuadas no presente.
Gênero, raça e etnia, em suas articulações com a inserção de classe, organizam distintas formas de opressão e estão na base da “construção de um modelo histórico-estrutural de marginalidade social”1. Movimentam, portanto, os mecanismos que operam tanto no sentido de impedir o acesso à atividade remunerada como no de situar determinados grupos sociais no acesso a ocupações prevalentemente marcadas pelo menor prestígio social e, de forma interligada, por condições e situações laborais precarizadas.
Interessam ao Programa, portanto, projetos de pesquisas, ações extensionistas, cursos, grupos de estudo e elaboração de políticas públicas que tenham como objeto:
a) Formas de trabalho não remunerado, de reprodução social, socialmente atribuídas às mulheres, e os processos de desgaste e de saúde-doença.
b) Trabalho e atividades profissionais em setores econômicos nos quais predominam mulheres no contingente da força de trabalho. Entre eles, destaca-se o trabalho doméstico, de cuidados (cuidadoras de idosos, babás), na educação básica, no setor de embelezamento pessoal, nas atividades econômicas informalizadas em regiões periféricas das grandes cidades, no comércio varejista, em ramos da indústria, entre outros.
c) Agravos à saúde e à segurança que atingem especialmente as trabalhadoras inseridas no mercado de trabalho (formal e informal), como as discriminações de gênero, os assédios sexuais e moral, as doenças profissionais e suas especificidades entre as mulheres, a proteção da saúde na gestação no trabalho.
d) Vivências da dupla jornada de trabalho e de desemprego entre mulheres e suas repercussões na saúde.
1 ABREU, Angélica Kely de. O TRABALHO DOMÉSTICO REMUNERADO: UM ESPAÇO RACIALIZADO. In: PINHEIRO, Luana; TOKARSKI, Carolina Pereira; POSTHUMA, Anne Caroline (Orgs.). Entre relações de cuidado e vivências de vulnerabilidade : dilemas e desafios para o trabalho doméstico e de cuidados remunerado no Brasil. Brasília: IPEA; OIT, 2021, p. 48.
Projeto de pesquisa: O papel da gestação para o risco de agravos à saúde de trabalhadoras gestantes presumivelmente expostas a agentes biológicos infecciosos
Objetivo:
No Brasil, a legislação determina o afastamento de gestantes de atividades consideradas insalubres enquanto durar a gestação ou a lactação. No entanto, a forma mais adequada de abordar esta questão é pela gestão de riscos no ambiente de trabalho, sendo que o afastamento só deve ser adotado em último caso, sob pena de prejudicar a inserção da mulher no mercado de trabalho.
Em relação a doenças infecciosas, a simples exposição da trabalhadora no ambiente de trabalho não significa necessariamente que ela venha a adoecer ou adoecer com gravidade. Mas, se ela estiver grávida, isso muda?
O objetivo deste estudo é esclarecer o papel da gestação no adoecimento dessas trabalhadoras.
Equipe:
Érica Lui Reinhardt
Elizabeti Yuriko Muto
Patrícia Moura Dias