Notícias
Volta Seca - a história do menino cangaceiro e compositor do bando de Lampião estreia no Teatro Glauce Rocha, no Rio de Janeiro
Espetáculo ‘Volta Seca’ - foto: Carol Nunes
Entra em cartaz nesta sexta-feira (3), no Teatro Glauce Rocha, no Rio de Janeiro, o espetáculo ‘Volta Seca’; uma montagem teatral que narra a trajetória de Antônio dos Santos, um menino cangaceiro do Bando de Lampião, e compositor de músicas como Mulher Rendeira e Acorda Maria Bonita. Contemplada no Programa Funarte Aberta, a peça fica em cartaz até o dia 02 de junho.
A vida de Volta Seca, retratada de maneira poética na peça, conta a surpreendente história do menino que foi um dos membros do mais famoso grupo de cangaceiros do Brasil a ser preso – descrito pela mídia da época como bandido sanguinário e destemido. O sergipano, nascido no agreste, em 1918, foi incorporado ao bando de Lampião aos 11 anos de idade, quando ganhou o apelido. Foi para a prisão três vezes – na primeira delas tinha apenas 14 anos.
Antônio do Santos - seu nome de batismo -, foi visitado na cadeia, em 1939, pela Irmã Dulce. Em 1944, escapou e foi caminhando da Bahia até Sergipe por vinte dias. No cárcere de novo, recebeu visitas do escritor Jorge Amado e de muitos jornalistas de nome, que queria “decifrar” a figura que ela mesma pintava como “sanguinária”. Volta Seca fugiu pela segunda vez, em 1946, mas foi novamente para a cadeia, em Salvador (BA). As visitas na prisão fizeram com que a história e as canções desse personagem histórico fossem conhecidas e preservadas. Depois de 20 anos de sua primeira detenção, foi libertado, em 1952, por um indulto presidencial de Getúlio Vargas. A partir de então, mudou-se para o Rio de Janeiro, para onde foi levado por causa de sua fama, que percorria todo o país.
Hoje praticamente esquecido, mas muito famoso em seu tempo, Volta Seca tornou-se um dos compositores brasileiros mais populares do Século XX – uma reviravolta quase novelesca. Antônio compôs as canções famosas ainda no grupo do mais temido cangaceiro do país, quando tinha entre 12 e 14 anos. As obras foram eternizadas em gravações pela Rádio Nacional, no LP As Cantigas de Lampião (1957), reunindo oito músicas, com arranjos do maestro Guio de Moraes. O disco foi relançado décadas depois, sob o título A Música do Cangaço.
A ambientação da montagem, criada pelo próprio diretor, Joelson Gusson, inclui recursos audiovisuais, com cenas reais do cangaço. O ator baiano, Alan Pellegrino, idealizou o projeto e escreveu o texto – que também foi publicado em livro. O espetáculo fez grande sucesso de público e crítica em suas temporadas anteriores na Capital Fluminense.
Quem foi Volta Seca?
Aos 11 anos de idade, Volta Seca fugiu de casa, após ter ferido o rosto de sua madrasta, para proteger suas irmãs da violência que sofriam dela. O menino caminhou sem rumo, até ser descoberto por homens de Lampião, que lhe seguiam o rastro. O bando achou um ajudante perfeito: justamente por não levantar suspeitas, o garoto seria usado como olheiro, para trazer informações ao bando, antes que esse invadisse vilarejos e fazendas para a pilhagem. A regra do cangaço era clara: matar ou morrer; e era prudente escolher a primeira opção.
Aos 14 anos de idade, Volta Seca abandonou o grupo de Lampião, após uma séria desavença com o líder, quando teve sua vida salva por Maria Bonita. A sorte lhe sorria, mas o destino lhe pregaria uma peça: foi preso pela polícia do Estado Novo. Estava na cadeia quando escapou de morrer na emboscada que liquidaria o bando de Virgulino Ferreira, anos depois.
Volta Seca foi uma figura complexa: cangaceiro muito jovem e capaz de produzir belas cantigas, precisou usar da agressividade para se manter vivo e se fazer respeitar. Isso intrigou outro nordestino: o ator Alan Pellegrino. “Ele não somente dá vida a esse personagem, como personifica os outros: Lampião, o também famoso cangaceiro Corisco; o médico criminalista (que investiga as características de Volta Seca na cadeia), entre outros”, comenta Pellegrino. O ator/autor relembra ainda a própria infância, na capital baiana, comentando sobre a violência praticada no país. Ao pesquisar o tema, encontrou em Antônio uma figura de valor simbólico. “Ele entrou para o cangaço sem querer, o que é algo muito incomum; e tinha uma personalidade rica”, resume o ator.
Serviço:
Teatro
Espetáculo “Volta Seca”
De 3 a 02 de junho
Sextas-feiras e sábados às 19h e domingos às 18h
Teatro Glauce Rocha
Av. Rio Branco 179 – Centro, Rio de Janeiro (RJ)
Em frente ao Metrô Carioca
Espaço cultural da Fundação Nacional de Artes – Funarte
Ingressos: R$ 40 | Meia-entrada: R$ 20 | Vendas na bilheteria ou pelo site Sympla
Gênero: Narrativa poética
Classificação etária: 12 anos
Duração: 55 minutos
Ficha técnica
Idealização, dramaturgia e atuação: Alan Pellegrino | Direção, cenário e figurino: Joelson Gusson | Assistência de direção: Luísa Friese | Iluminação: Bernardo Lorga | Operação de luz: Jessica Catharine | Operação de som e projeção: Joelson Gusson e Arthur Monteiro | Montagem de Luz: Alec Oliveira | Preparação vocal: Jorge Maia | Direção de produção: Sarah Alonso | Produção executiva: Valéria Arias | Fotografia peças gráficas: Carol Nunes | Escultura Lampião: Joelson Gusson | Gestão de mídias: Alan Pellegrino | Tráfego: Tiago Da Silveira | Realização: Dragão Voador Produções | Agradecimentos: Analu Prestes, Christovam Chevalier, Mário Coutinho, Osvan Costa, Pedro Grapiúna, Marianne Lorole e Tony Wanderlei
Mais informações
Sobre o espetáculo
m.facebook.com/voltasecateatro
www.instagram.com/voltaseca_teatro
Sobre o Programa Funarte Aberta: acesse este link
Sobre os teatros da fundação no Rio de Janeiro
Coordenação de Espaços Culturais | Diretoria de Projetos | Funarte: coec@funarte.gov.br