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Teatro, RJ, Glauce Rocha, bonecos, Funarte
RJ: Teatro Glauce Rocha recebe o espetáculo e a oficina 'Bonecos de Pau'
Projeto Bonecos de Pau - Grupo A Divina Comédia. Foto: Funarte - divulgação - 2022.
Nos dias 16 e 17 de dezembro, a Fundação Nacional de Artes – Funarte reabriu o Teatro Glauce Rocha, com o projeto Bonecos de Pau, do Grupo A Divina Comédia. Na agenda, foram reunidos um espetáculo de teatral de bonecos e uma oficina sobre essa linguagem, em duas sessões, às 16h e às 18h, com entrada franca.
Para o trabalho, foram utilizados bonecos de vara, feitos artesanalmente, em madeira, pelo própria companhia. Ele acrescentou ao tradicional estilo – originário da Itália, no Século 19 – expressões semelhantes a carrancas. De acordo com o coletivo gaúcho, essa ideia veio dos mamulengos, os conhecidos bonecos criados em Pernambuco.
O grupo recebeu diversos prêmios: o do Instituto Sacatar (2008); o Prêmio Funarte Artes Cênicas na Rua 2009; o Fumproarte, da Prefeitura de Porto Alegre (2009) e o Prêmio FAC da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (“Circulação” – 2012).
A Funarte reinaugura oficialmente o Teatro Glauce Rocha na terça-feira, dia 20 de dezembro. A programação inclui teatro e música. Acesse abaixo o link para mais informações.
Recursos cênicos
Para as apresentações, é adotado um artefato, chamado “empanada” ou “tapadeira”, com um pequeno espaço de cena, chamado “retábulo”. A estrutura é de madeira e tecidos coloridos e reproduz um palco tradicional – “da época das alegorias barrocas”, diz o ator-manipulador e roteirista Marcelo Tcheli. O equipamento tem pano de boca, cortina romana, cenários pintados em tela e iluminação própria. O dispositivo esconde os artistas e deixa à mostra os bonecos – o que dá um “ar de mistério” – brinca Marcelo – que também é diretor e trabalha na produção.
A montagem e a pesquisa
A peça contém cenas típicas do teatro de bonecos popular do Brasil, Itália e Inglaterra. É composto por nove esquetes de poucos minutos, entre elas: O vendedor de balões, Soltando pipas, Histórias na praça, Fogo no lixo, Rojão de canhão e Festejo popular. São 14 bonecos, com mecanismos e alguns efeitos especiais. Os personagens se revezam em cenas do cotidiano, nos estilos comédia, aventura, romance, drama e tragicomédia, algumas delas abordando temas relevantes, como questões ecológicas. O grupo acrescenta que a técnica de vara confere aos bonecos movimentos rápidos e bruscos.
A trilha sonora é composta especialmente para o projeto. “Sendo a acessibilidade uma das metas da companhia, as esquetes utilizam a linguagem não verbal”, completa a companhia. Ela começou a pesquisa dos bonecos de vara a partir do estudo dessa sublinguagem, no ano de 2006, quando esteve na Sicília – berço do estilo. O processo de construção do projeto se deu em uma residência artística, no Instituto Sacatar (Bahia), em 2008. A estreia foi no ano seguinte.
O espetáculo pode ser apresentado em espaços fechados ou abertos, como ruas e parques. A chamada “empanada” mede 2,20m por meio metro de largura. A boca de cena tem 1m por 50cm.
Sobre a oficina
O objetivo do workshop é mostrar múltiplos métodos de expressão cultural do teatro de animação e bonecos, para pessoas a partir dos 15 anos de idade. A proposta é que, ao final da oficina, o público conheça um pouco dessa arte milenar, presente em vários lugares do mundo, tendo contato com algumas das suas técnicas, que são exibidas e comentadas pelo ministrante. Ao final das dez horas de ensino, Marcelo mostra seus próprios bonecos.
O artista comenta que o teatro de formas animadas – bonecos e afins – é uma das mais antigas formas de diversão da humanidade. “O boneco […] ganha vida nas mãos de atores-manipuladores, através de movimentos diversificados [...] de mãos hábeis e muito treinadas”, que expressam as mensagens dos textos, completa.
Sobre a técnica dos bonecos de vara
Os bonecos de vara são confeccionados nos mais diferentes tipos e formatos. “Entre os mais famosos encontram-se, na Itália, o Pupi e o Burattini. Na Inglaterra, chama-se ‘Punch and judy’; e foi escolhido oficialmente como um dos dez ícones do país. No Japão, aparece o Kuruma Ningyo, em Portugal, os Bonecos de Santo Aleixo”. Ele cita que, na Itália, há os famosos “bonecos de vara” (que antecederam as tradicionais marionetes, nas quais também se utilizam fios). Acrescenta que, no Brasil há muitas formas dessa linguagem cênica, com características culturais típicas de cada região onde aparecem. Cita como exemplos o Bumba-meu-boi, a Calunga, o João Redondo, o Casemiro Coco e o Mamulengo – este “remanescente da ‘comedia del’arte’”, em que bonequeiro improvisa livremente: “Seus personagens sugerem algo e o público complementa suas proposições, de forma muito ativa”, completa.
O Grupo de Teatro de Bonecos A Divina Comédia
A companhia é sediada no Município de Maquiné (RS). Foi fundada em Canoas, no mesmo estado, em 1996. Desde então, participa ativamente de festivais como: o 1°Festival de Curta-metragem (São Paulo – 1997), o 11°Festival Internacional de Teatro de Bonecos de Canela (1998), a Feira do Livro de Porto Alegre (1998, 2001 e 2007), a 2a Mostra de Teatro de Rua da Grande Florianópolis (2000), o 11° Porto Alegre em Cena (2004), o 13°Festival Internacional de Teatro de Bonecos de Porto Alegre (2004), o Puppet in my Pocket (Hungria – 2004), o Projeto Sesi Bonecos (2008 e 2009) – excursionando pelos estados de Pernambuco, Bahia, Alagoas, Sergipe e Minas Gerais, o 27° Festival Internacional de Neapolis (Tunisia – Africa, em 2013), o 13° Festival Internacional de Títeres Morelia (México – 2014 e 2017), o 1° Festival Nacional de Teatro de Bonecos de Brasília (2014), e o 4° Festival Internacional de Teatro Lambe-Lambe de Valparaíso (Chile – 2017).
“Como mambembe, passou pela Áustria, Argentina, Perú e Itália”, informa, ainda, o coletivo.
O oficineiro
Marcelo Tcheli trabalha desde 1996 com teatro de bonecos. Já se apresentou em várias cidades e estados brasileiros. No exterior, encenou suas peças em países como Hungria, Áustria, Chile, Tunísia e México.
Projeto Bonecos de Pau
Com o Grupo de Teatro de Bonecos A Divina Comédia (RS)
Espetáculo teatral de formas animadas
Bonecos de Pau
Técnica cênica: bonecos de vara de madeira, artesanais
Duração: 50min
Oficina
Bonecos de Pau
Público-alvo: a partir dos 15 anos
Duração: 10h
Teatro Glauce Rocha – Funarte
15 e 16 de dezembro de 2022
Classificacão indicativa: Livre
Espetáculo selecionado pela Funarte por meio do Edital de Ocupação do Teatro Duse
Acesse aqui a notícia com a agenda de reinauguração do Teatro Glauce Rocha.