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Na segunda semana da reabertura, Sala Funarte Sidney Miller recebe Marina Iris e outras revelações da música
A cantora e compositora Marina Iris. Foto: Eulícia Esteves
A Fundação Nacional de Artes abriu a segunda e última semana de shows da temporada de reabertura da Sala Funarte Sidney Miller, no Centro do Rio de Janeiro (RJ), com ingressos gratuitos no dia 14 de dezembro, quarta-feira, às 19h, com a cantora Marina Iris.
Marina Iris considerada uma das revelações da nova geração da MPB e do samba, Marina Iris também é compositora. Ela está em seu terceiro álbum solo, preparando o quarto trabalho, o EP Virada, com participações de artistas como Péricles, Diogo Nogueira, Lenine e Moacyr Luz. Entre os destaques de sua trajetória, foi idealizadora e diretora artística do projeto ÉPreta, lançado em 2017, com o qual foi finalista no Prêmio da Música Brasileira em 2018.
Detentora de uma voz potente e versátil, a artista tem dez anos de carreira e 36 de idade. “Mulher negra e carioca, compositora e militante, canta, com voz marcante e interpretação criteriosa, as esquinas e lutas atuais”, define a produção do show.
Marina diz que o samba sempre marcou sua trajetória artística, não somente como gênero musical, mas também como “modo de vida”. Ela acrescenta que, com ele, “aprendeu mais sobre afetos e sobre viver em comunidade”. Mas o show apresenta variedade de ritmos, marcados por fortes raízes culturais que a artista cultiva emanadas das culturas afrodescendente e indígena – inclusive de visões de sagrado originadas dessa ancestralidade, mescladas com várias outras influências brasileiras: ela também canta semba, ritmos latinos e músicas cheias de batidas encontradas no candomblé, na umbanda e em outras tradições. Nas obras, há citações a orixás, caboclos, pretos-velhos e outras entidades vivenciadas nos ritos, recheadas da criação poética nas composições – que incluem obras da própria cantora.
A letrista, percussionista e escritora Manu da Cuica, parceira da cantora, deu uma “canja” no instrumento, ao final. Estavam na plateia os cantores e compositores Ana Costa e Sérgio Loroza, este também comediante. O público, em grande número, foi contagiado pela combinação de ritmos fortes e voz marcante de Marina.
Obra da cantora e compositora
Marina Iris (2014) – Produzido por Thiago da Serrinha e Julio Florindo, e lançado no Teatro Rival BR, foi inteiramente dedicado ao samba e contou com canções de compositores da “nova geração” dessa linguagem, além de regravações de Aldir Blanc, Moacyr Luz, Gisa Nogueira e Paulo Cesar Feital.
Rueira (2018) – Teve as participações de Zélia Duncan, Banda do Síndico e Julio Estrela. Reúne onze canções de Manu da Cuíca (compositora do samba campeão da Mangueira de 2019 e de 2020) e do melodista e arranjador Rodrigo Lessa. Bastante elogiado pela crítica especializada, estreou nos palcos em junho de 2018, com lotação máxima no Teatro Rival BR. E em seguida, realizou turnê com o repertório, em diversos países europeus.
Voz Bandeira (2020) – Ana Costa assina a produção musical do álbum, que agrega muitas vozes: Conceição Evaristo, Ana Maria Gonçalves, Elisa Lucinda, Fabiana Cozza, Marcelle Motta, Leci Brandão, Carolina Maria de Jesus, entre outras. Construído com o cruzamento entre música e poesia, o trabalho defende muitas causas: “a grandeza da música e da palavra – política e poesia, luta e dança, força e graça, tudo junto como na vida”. É dedicado a. Marielle Franco.
Em 2018, teve sua música “Virada”, parceria com Manu da Cuíca, gravada no DVD Samba Social Clube Nova Geração, na voz de Marcelle Motta. Neste mesmo ano, ao lado de Elza Soares, Pietá, Julia Vargas, Baiana System e Larissa Luz e outros, participou do 1º Festival Toda Canção (TOCA), no Rio de Janeiro.
Idealizadora e diretora artística do projeto de “resistência feminina preta”, o ÉPreta, lançado em 2017, foi com ele finalista no Prêmio da Música Brasileira em 2018, na categoria Melhor Grupo de Samba. Também em 2018, junto com Zélia Duncan, Leila Pinheiro, Fabiana Cozza, Grazzi Brasil e o Samba do Trabalhador, participou da gravação de DVD em que a Orquestra Jazz Sinfônica Brasil homenageou o sambista Moacyr Luz, no Memorial da América Latina, em São Paulo (SP).
Nomes consagrados tecem elogios ao trabalho de Marina Iris:
“A força da mãe África, a luz de Cesária Évora, a emoção de Dolores. Tudo se reúne em suas interpretações. Marina é tudo, é mundo.” – Áurea Martins.
"[...] Em sua dicção está o Brasil. Mora no som que suas cordas vocais emitem os ‘pretos e as pretas’. Os ‘manos e as manas’. ‘O asfalto e a favela’. A ‘dor e o carnaval’. Em sua voz mora um grito ‘de mulher’, ‘de índio’, de ‘criança’. Sua ‘voz solo’ é um ‘canto de coral’. Em sua voz potente habita a voz de tantos [...] – Leandro Vieira, carnavalesco da Mangueira.
A agenda
Para a programação de reabertura da Sala Funarte Sidney Miller a Fundação convidou nomes destacados da música popular brasileira contemporânea. O horário é sempre às 19h
Na quinta-feira, a atração foi o projeto Desengaiola, também do Rio de Janeiro. Indicado ao Grammy Latino, o coletivo é formado por Alfredo Del-Penho, João Cavalcanti, Pedro Miranda e Moyseis Marques. Por fim, na sexta, dia 16, Patrícia Bastos, de Macapá (AP), e o paulista Dante Ozzetti se apresentam juntos, encerrando a programação de reabertura da Sala.
O projeto de samba carioca Desengaiola, formado por Alfredo Del-Penho, João Cavalcanti, Pedro Miranda e Moyseis Marques, foi lançado no início deste ano e indicado ao Grammy Latino. "Áudio-visuálbum" com 18 canções, o disco apresenta a intimidade e afinidade artística do quarteto, com direção de Eduardo Hunter Moura e produção musical de João Cavalcanti e Pedro Luís.
Já a cantora e compositora Patrícia Bastos, de Macapá, Amapá, e o compositor, violonista, arranjador e produtor musical paulista Dante Ozzetti levam juntos os ritmos amazônicos para a Sala Funarte Sidney Miller. Abordando o contemporâneo e o regional, Patrícia venceu, em 2014, o 25º Prêmio da Música Brasileira nas categorias Melhor Cantora Regional e Melhor Álbum Regional com o disco Zulusa, que teve direção musical de Ozzetti. Dante Ozzetti foi considerado Melhor Produtor Musical PPM 2019.
Os ingressos, gratuitos, podem ser retirados pela plataforma Sympla, ou diretamente na bilheteria do espaço, no momento do show. A entrada é sujeita à lotação.
Além de Marina Iris, já subiram ao palco o duo Vanessa Moreno e Salomão Soares; Caio Prado; e Martins.
Diversidade na programação
Histórico espaço cultural carioca, a A Sala Funarte Sidney Miller estava fechada há seis anos. Foi reinaugurado pela Fundação Nacional de Artes no dia 1º de dezembro deste ano, modernizado, com acessibilidade, mais conforto e novo projeto acústico.
A diversidade foi o guia principal para a montagem da programação de reabertura. “Nosso esforço foi apresentar uma mostra diversa de artistas homens e mulheres, de diferentes partes do Brasil e com diversas orientações e sonoridades”, explica o Centro da Música da Funarte.
A Sala
O espaço da Funarte foi inaugurado em 26 de maio de 1978 e, em 1980, recebeu o atual nome, em homenagem ao compositor, produtor musical, poeta e cantor Sidney Álvaro Miller Filho. Carioca, Sidney Miller trabalhava no antigo Departamento de Projetos Especiais da Funarte na época em que faleceu, em 1980.
O equipamento cultural já abrigou espetáculos de música popular, erudita, dança, teatro, cinema e seminários ligados à cultura. Sua programação sempre se destacou no meio cultural do país pelo teor de experimentação para novas linguagens musicais, além de ter sido um palco aberto tanto aos nomes consagrados quanto aos que estavam fora da mídia. Ao longo de sua história, o local recebeu espetáculos que revelaram artistas como Elba Ramalho, Angela Ro Ro, Leila Pinheiro e Zizi Possi; e outros tantos nomes importantes da música brasileira, como Monarco e Nelson Sargento. Projetos como Seis e Meia, Vitrine, Série Carnavalesca e Ciclos de Música Brasileira Erudita, entre outros, foram lá realizados.
Confira vídeo da Funarte sobre Sidney Miller e a Sala).
Programação de Reabertura da Sala Funarte Sidney Miller
Até 16 de dezembro, sempre às 19h
15/12 (quinta-feira) – Desengaiola - INGRESSOS AQUI (ESGOTADOS, mas com possibilidade de fila de espera para ocupar, no momento do show, vagas de eventuais desistentes).
16/12 (sexta-feira) – Patrícia Bastos e Dante Ozzetti - INGRESSOS AQUI
Entrada gratuita. Convites podem ser retirados pela plataforma Sympla, ou diretamente na bilheteria, no momento do show. Entrada sujeita à lotação (160 pessoas).
Classificação: livre
Endereço: Rua da Imprensa, 16 - Centro, Rio de Janeiro (RJ)
Mais informações
Funarte – Centro da Música - Coordenação de Música Popular
cmusp@funarte.gov.br