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Artes Integradas, Funarte
MinC lança Prêmio Carolina Maria de Jesus de Literatura Produzida por Mulheres
Seleção presta homenagem a uma das mais importantes escritoras brasileiras, Carolina Maria de Jesus (Arte: Ministério da Cultura - Edição: CCOM Funarte)
O Ministério da Cultura (MinC) lançou, no dia 5 de abril, o Prêmio Carolina Maria de Jesus de Literatura Produzida por Mulheres 2023, voltado ao reconhecimento de trabalhos inéditos produzidos por mulheres. Das 40 obras selecionadas, ao menos 20% serão de mulheres negras, 10% de mulheres indígenas, 10% de mulheres com deficiência, 5% de mulheres ciganas e 5% de mulheres quilombolas. A comissão julgadora também será totalmente feminina. O edital tem um valor total de R$ 2 milhões, sendo R$ 50 mil para cada escritora premiada.
O Edital do Prêmio Carolina Maria de Jesus está aberto para inscrições, gratuitas, até 10 de junho de 2023, pelo sistema Mapas Culturais. São elegíveis obras nas categorias conto, crônica, poesia, quadrinhos, romance e roteiro de teatro, redigidos em português do Brasil e inéditos. A candidata deverá inscrever apenas uma obra inédita em apenas uma categoria. Não poderá haver, em nenhuma parte do texto, a indicação da autora, o que será motivo de desclassificação.
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De acordo com o MinC, o edital é a maior premiação literária do país e também um marco nas políticas públicas de acessibilidade, como o primeiro a utilizar técnicas de linguagem simples, direito visual e design editorial, por meio de parceria da pasta com o Laboratório de Inovação e Dados do Governo do Ceará (IRIS). “O Prêmio Carolina Maria de Jesus já nasce muito lindo e muito diferente, mais leve, mais fácil, mais inclusivo. Pela primeira vez, fazemos a publicação de um edital da Cultura não apenas no modelo tradicional, mas também em um formato totalmente acessível”, destacou a ministra da Cultura, Margareth Menezes.
O prêmio é uma ação da Secretaria de Formação, Livro e Leitura do MinC, por meio da Diretoria do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas. Ele atende aos princípios e às diretrizes do Plano Nacional do Livro e Leitura e da Política Nacional de Leitura e Escrita. Segundo pesquisa realizada pelo Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea, coletivo de pesquisadores vinculado à Universidade de Brasília (UnB), mais de 70% dos livros publicados por grandes editoras brasileiras entre 1965 e 2014 foram escritos por homens. Os dados também mostram que 90% das obras literárias foram escritas por brancos e pelo menos a metade dos autores é originária do eixo Rio de Janeiro/São Paulo.
Cerimônia de lançamento
O lançamento do edital foi realizado em cerimônia no Palácio do Planalto com a presença de autoridades, cidadãos e da filha de Carolina Maria de Jesus, a educadora Vera Eunice de Jesus, que relembrou a trajetória da mãe. “Ela sempre tinha um lápis, a roupa sempre tinha um bolso. Fomos criados, assim, com a minha mãe sempre escrevendo. Era uma mulher à frente do seu tempo”.
O secretário de Formação, Livro e Literatura do MinC, Fabiano Piuba, ressaltou que o concurso é mais do que uma ação literária, sendo também uma política de equidade. “Estamos executando políticas públicas de cultura, de artes, de educação, mas também de cidadania, diversidade e acessibilidade cultural, com ênfase nas políticas afirmativas.”
A ministra da Igualdade Social, Anielle Franco, comentou sobre a importância do ato de ler e escrever em sua vida. “Eu lia Carolina e eu me reconhecia em muitas situações, nas resistências das favelas. O racismo que assola a gente fez com que Carolina não fosse reconhecida. Trago aqui a importância de termos um Governo que faz um edital como esse.”
O ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, também ressaltou a importância simbólica da premiação. “Convivemos em uma sociedade constituída pelo racismo e machismo, é preciso pensar a literatura como ferramenta para equidade”, afirmou.
Carolina Maria de Jesus
O prêmio lançado pelo MinC homenageia uma escritora brasileira de renome internacional, Carolina Maria de Jesus (1914-1977), mulher negra, periférica, mãe solteira, catadora de material reciclável e autora de obras reconhecidas dentro e fora do país. Em seu primeiro livro, Quarto de despejo: o diário de uma favelada, publicado em 1960, Carolina demarca questões sociais, resistência e a paixão por escrever. A obra foi traduzida em 13 línguas e vendida em mais de 40 países. Carolina também foi cantora e compositora de sambas e marchinhas.