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Livro ‘Panorama da ópera no Brasil’ é lançado pela Funarte
![Esq.Nubia Melhem Santos e Claudio Figueiredo. Foto CCOM - Funarte - Simone Melo. Dir. a pianista Priscila Bomfim; a soprano Sophia Dornellas e o tenor Guilherme Moreira. Foto ATG - Walda Marques](https://www.gov.br/funarte/pt-br/assuntos/noticias/todas-noticias/livro-2018panorama-da-opera-no-brasil2019-e-lancado-pela-funarte/esq-nubia-melhem-santos-e-claudio-figueiredo-foto-ccom-funarte-simone-melo-dir-a-pianista-priscila-bomfim-a-soprano-sophia-dornellas-e-o-tenor-guilherme-moreira-foto-atg-walda-marques.jpg/@@images/d4ba1bd5-8b83-44cb-bfe6-1a7242a30aff.jpeg)
Esq.: os autores, Nubia Melhem Santos e Claudio Figueiredo (Foto CCOM - Funarte - Simone Melo) Dir.: a pianista Priscila Bomfim, a soprano Sophia Dornellas, e o tenor Guilherme Moreira (Foto ATG - Walda Marques)
No dia 25 de maio, a Fundação Nacional de Artes – Funarte lançou o livro Panorama da ópera no Brasil, no Teatro Dulcina, Centro do Rio de Janeiro. A obra conta a história desse gênero musical, desde seus primórdios na era colonial do País, até o século XXI. Com linguagem acessível, especialmente direcionada ao público não especializado, a publicação conta com texto e pesquisa do jornalista Cláudio Figueiredo e organização, pesquisa e seleção de imagens da pesquisadora Nubia Melhem Santos.
O lançamento incluiu a apresentação de uma “cortina lírica” (ou “concerto lírico”), formato no qual os cantores se alternam e em alguns momentos, atuam juntos. A soprano Sophia Dornellas, o tenor Guilherme Moreira e pianista Priscila Bomfim apresentaram trechos de óperas consagradas. O espetáculo integrou a Mostra Bossa Criativa – ação da Funarte em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), incluída no Programa Arte de Toda Gente.
Cerca de setenta pessoas prestigiaram a noite de autógrafos – de público em geral a gestores, servidores e colaboradores da Funarte.
“Agradeço à Fundação por ter aberto sua estrutura e ter-se empenhado na edição desse livro – sobre um assunto tão importante e subestimado na história cultural brasileira”, comentou Cláudio Figueiredo. “Talvez não encontrássemos o mesmo acolhimento numa editora comercial. Isso é mais uma prova de um dos papéis significativos da Funarte: abordar aspectos da nossa cultura que não são tão lembrados – mas que, nem por isso, são menos relevantes”, acrescentou.
Nubia Melhem Santos, também agradecendo à Funarte, declarou: “Foi um sucesso, porque fizemos esse trabalho num período muito difícil: o de confinamento [devido à pandemia de covid19]. Tanto, que só nos conhecíamos de modo virtual e só hoje viemos a nos conhecer presencialmente. Espero que o livro alcance muitos leitores. Porque ele possui a característica de poder atingir pessoas que não têm nem interesse específico em ópera, mas que podem gostar de conhecer as histórias, os costumes, os teatros do gênero no Brasil e outros elementos. Enfim, estou colocando fé nisso. Obrigada, Funarte!”.
Uma das obras do repertório do concerto foi composta pelo Presidente da Academia Brasileira de Música (ABM) e diretor da Sala Cecília Meireles – da Funarj/Secec - RJ* – João Guilheme Ripper, também regente de orquestra e professor. Presente ao lançamento, ele declarou: “Quero parabenizar e agradecer à Funarte pelas atividades que tem realizado no Teatro Dulcina; por trazer de volta esse espaço importantísimo para o circuito cultural da do Rio de Janeiro. Com certeza, ele está sendo ocupado com grandes apresentações musicais”.
A programação musical incluiu ainda composições operísticas de nomes como Mozart, Gaetano Donizetti; Tim Rescala e outros. A curadoria do Programa Arte de Toda Gente é da Escola de Música da UFRJ.
Sobre Panorama da ópera no Brasil
Por meio da nova edição, a partir de agora, quem não conhece ópera ou conhece pouco poderá se aprofundar nesse gênero cênico-musical. Com 288 páginas fartamente ilustradas e prefácio é do historiador Paulo Knauss, o volume relata como ocorreu a difusão da modalidade artística no País, desde seus primórdios na era colonial até o século XXI.
Ao traçar o panorama, mostrando como a Nação absorveu e transformou uma forma de arte eminentemente europeia, o livro descreve que tipo de público assistia às óperas; quem as interpretava; como eram os teatros onde havia as apresentações; e quais a função e o papel simbólico dessas casas de espetáculo nas cidades brasileiras. O leitor vai descobrir o que significava ir ao teatro para assistir a uma ópera no Brasil do século XVIII e do século XIX e o que mudou nos hábitos e nas expectativas das plateias ao longo dos séculos.
A obra também traz diversas curiosidades, não se atendo somente aos personagens do mundo do teatro e da música – como Antônio José da Silva (o Judeu), o padre José Maurício, a cantora negra Joaquina Lapinha e os compositores Carlos Gomes e Villa-Lobos. Também apresenta nomes como os do inconfidente Cláudio Manuel da Costa, do pintor Debret, do poeta Gonçalves Dias, além de Pedro II e Machado de Assis.
Com cerca de cem ilustrações – entre fotografias, pinturas e gravuras –, a publicação aborda desde as primeiras encenações públicas nas ruas das cidades até os anos 2000. Há desde imagens de personalidades relacionadas à opera e monumentos históricos até projetos de cenários e cortinas (panos de boca) – a exemplo do Real Theatro de São João (atual Teatro João Caetano, no Centro do Rio de Janeiro), pintado pelo artista francês Jean-Baptiste Debret.
Os autores escolheram, mais do que o aspecto musicológico, abordar a interação da ópera com outros aspectos da vida brasileira, como arquitetura, urbanismo, costumes, crítica, teatro, jornalismo e política. Desse modo, a edição aponta para aspectos menos conhecidos da história, tais como a presença marcante dos afrodescendentes brasileiros no mundo musical do Brasil Colônia; a atração de personagens como D. João VI, Pedro I e a princesa Leopoldina pelo universo da ópera; e as disputas apaixonadas entre torcidas em torno de cantoras líricas rivais nos teatros do Brasil do século XIX — um conflito em que divergências musicais se confundiam com rixas políticas.
Panorama da ópera no Brasil descortina, ainda, os corais de canto lírico em vilarejos da Amazônia no século XVIII; o ambiente da ópera e da música de Rossini, como palco e pano de fundo da efervescência política às vésperas da Independência; a irreverência do humor brasileiro, que parodiou e “subverteu” as operetas do compositor e violoncelista Jacques Offenbach (considerado precursor do teatro musical moderno) no Rio de Janeiro do século XIX; a estridência das críticas publicadas por romancistas e dramaturgos, como José de Alencar e Martins Pena; as primeiras tentativas de criação de uma ópera nacional e o sucesso de Carlos Gomes na Europa; além do luxo e da pompa dos teatros erguidos na Amazônia da “belle époque”.
Sobre os autores
Cláudio Figueiredo é jornalista e tradutor. Trabalhou no Jornal do Brasil e na TV Globo. Escreveu Entre sem bater: a vida de Aparício Torelly, o Barão de Itararé, finalista do Prêmio Jabuti 2012, categoria Biografia. É coautor dos livros O porto e a cidade: O Rio de Janeiro entre 1565 e 1910 (Prêmio Jabuti 2006, na categoria Arquitetura e Urbanismo, Fotografia, Comunicação e Artes) e Theatro Municipal do Rio de Janeiro: um século em cartaz (2011).
Nubia Melhem Santos é pesquisadora e editora, com formação em Letras. Publicou, como organizadora e pesquisadora, Era uma vez o Morro do Castelo (2000); Burle Marx: jardins e ecologia (2002); O porto e a cidade: o Rio de Janeiro entre 1565 e 1910 (Prêmio Jabuti 2006, na categoria Arquitetura e Urbanismo, Fotografia, Comunicação e Artes); Theatro Municipal do Rio de Janeiro: um século em cartaz (2011); e Amazônia das palavras (2020). Redigiu o argumento do filme Marcia Haydée: uma vida pela dança (2019).
25 de maio de 2022 - Teatro Dulcina - Rio de Janeiro (RJ)
Lançamento do livro
Panorama da ópera no Brasil
De Claudio Figueiredo e Nubia Melhem Santos
Edições Funarte
Nº de páginas: 288
Tamanho: 18x26cm
Preço: R$ 50
À venda para todo o Brasil
Informações: Livraria Mário de Andrade – Funarte
livraria@funarte.gov.br
O Teatro Dulcina é um espaço da Fundação Nacional de Artes – Funarte
Cortina Lírica
Sophia Dornellas (soprano)
Guilherme Moreira (tenor)
Priscila Bomfim (piano)
Espetáculo integrante da Mostra Bossa Criativa – Projeto Bossa Criativa – Programa Arte de Toda Gente
Realização: Funarte e UFRJ.
Curadoria: Escola de Música da UFRJ.
Repertório:
Le nozze di Figaro – “Deh Vieni non tardar” - W. A. Mozart
Cosi fan tutte – Tradito schernito - W. A. Mozart
Don Pasquale – Quel guardo il cavalieri - Gaetano Donizetti
L'elisir d'amore – Una furtiva lagrima - Gaetano Donizetti
Piedade – É preciso morrer - João Guilherme Ripper
O Engenheiro – O nosso mundo está ruindo - Tim Rescala
Fausto – Salut! demeure chaste et pure - Charles Gounod
Romeo e Julieta – Je veux vivre - Charles Gounod
La Bohème – Si, mi chiamano Mimi - Giacomo Puccini
La Bohème – O Soave Fanciulla - Giacomo Puccini
*Fundação Anita Mantuano de Artes do Estado do Rio de Janeiro/Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro
Texto: CCOM - Funarte - Com a colaboração de Simone Melo