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Ibercena lança página especial para divulgar artes cênicas da Ibero-América

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O Programa Ibercena, representado no Brasil pela Funarte, vinculada ao Ministério da Cultura, lançou uma página especial em seu website para divulgar ações artísticas (do circo, da dança, do teatro e das artes vivas) dos 22 países do Espaço Cultural Ibero-americano. A iniciativa integra as celebrações do Ano Ibero-americano das Artes Cênicas - 2025.
A página especial mapeia espetáculos, seminários, palestras, colóquios, exposições e outras atividades de diferentes países ibero-americanos ao longo de 2025. Também disponibiliza vídeos relacionados à celebração, kit gráfico e a mensagem oficial (leia abaixo), escrita pela dramaturga, atriz, diretora de teatro e cineasta guatemalteca Evelyn Price.
Agentes das artes cênicas podem cadastrar suas atividades no portal do Ibercena por meio de um cadastro, aqui neste link. As propostas de divulgação no espaço são revisadas pela Unidade Técnica do Ibercena e, uma vez aprovadas, são publicadas em até 72 horas na seção Atividades do Ano (Actividades del Año).
Dúvidas podem ser solucionadas pelo e-mail contacto@iberescena.org
O Ano Ibero-americano das Artes Cênicas conta com o apoio da Secretaria-Geral Ibero-Americana (Segib) e do Programa Ibercena. Sob o tema "Cenas da Diversidade", este ano de 2025 será dedicado a comemorar, celebrar e destacar o impacto positivo do circo, da dança, do teatro e das artes vivas na sociedade, promovendo o diálogo, a reflexão e uma cultura de paz nos 22 países do Espaço Cultural Ibero-Americano.
Leia a Mensagem Oficial do Ano Ibero-americano das Artes Cênicas 2025:
GEOGRAFIA DO ENCONTRO
Uma das primeiras coisas que aprendemos nas artes cénicas é ocupar o espaço. Aprendemos a saber com exatidão onde estamos, como começar, como nos mover e até onde chegar. Neste processo, entendemos que os nossos limites, essas linhas reais ou imaginárias, não somente demarcam a fronteira do que fazemos em cena, mas também do que somos capazes de imaginar. Porém, ocupar o espaço não é um ato solitário: é propiciar um encontro. Cada obra, cada gesto, cada palavra estende o palco para o público e reforça o sentido de comunidade. Na Ibero-América, as nossas cenas são espelhos de uma diversidade cultural geográfica que transcende fronteiras e reflete as vozes, as paisagens e as histórias de quem nos rodeia. Assim como na natureza, onde cada elemento dialoga com os demais para formar algo maior, em cena procuramos celebrar essa conexão, essa riqueza que surge do plural. Embora as interpretações sobre a evolução da vida sejam tão diversas quanto os caminhos da imaginação, podemos concordar que a diversidade foi sempre um sinal de crescimento e possibilidade.
O filósofo argentino Rodolfo Kusch falava sobre a diferença entre “ser” e “estar”. O “ser” procura o fixo e o universal, enquanto o “estar” reflete uma existência situada, mutável e em relação com o mundo. Nas nossas artes, essa distinção converte-se em oportunidade: ser em cena é estar em transformação; ser em cena é que eu seja em ti e que tu sejas em mim; ser em cena é habitar o múltiplo. Para quem faz teatro, dança, circo, artes vivas e participa na interdisciplinaridade, a cena é o espaço sem pressupostos, o mármore onde cabe qualquer forma: um lugar para pensar, para rir, para nos expor e para nos encontrar. É também um espaço onde o público não é um mero espetador, mas um participante que, com a sua presença, completa o mapa de significados que traçamos em conjunto.
Diversificar a cena é uma questão de representação, mas também um princípio fundamental para honrar a riqueza étnica, linguística, biológica, cultural, funcional, sexual e de género que atravessa as nossas sociedades. Eduardo Galeano dizia que “somos um mar de fogueirinhas”, e não há dois fogos iguais. Assim é a cena: um mosaico vivo em que cada corpo, cada voz e cada história enriquecem o todo. Perguntemo-nos, então, como podemos unir-nos, como as nossas chamas podem encontrar-se e nutrir-se mutuamente. Sigamos criando, imaginando e celebrando o encontro, porque nessa diversidade não encontramos apenas abundância, mas também a fagulha que nos conecta e nos permite imaginar um amanhã mais digno.
Evelyn Price
Dramaturga, atriz, diretora de teatro e cineasta guatemalteca