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Funarte recebe ensaios da peça ‘Aquário’, do Comboio Coletivo Artístico
Espetáculo "Aquário" - foto: Bel Junqueira
A Fundação Nacional de Artes – Funarte recebe, no Teatro Dulcina, no Rio de Janeiro (RJ), os ensaios para o espetáculo Aquário, com o Comboio Coletivo Artístico, neste mês de maio. A peça será encenada em junho e julho, em teatros do Sesc, em Madureira, na Zona Norte do Rio de Janeiro, e em mais duas cidades do estado, Campos e Nova Iguaçu – com ingressos a preços populares. O projeto foi contemplado no Programa Funarte Aberta e no Edital de Cultura Sesc RJ 2023/2024. O trabalho de preparação ocorre na Sala de Ensaios do espaço da Funarte, no Centro do Rio.
O personagem principal do enredo é chamado de “Seu Filho”, um rapaz negro e gay, que mora com seus pais e com a empregada doméstica da família. Ele se vê embranquecido e masculinizado pelos padrões sociais impostos e naturalizados por seus pais, brancos, que não o permitem explorar sua identidade e seus desejos. No seu aniversário de 33 anos, ele ganha um peixe de estimação, se identifica com o animal e cria com este uma relação de amizade, cuidado e empatia. O rapaz rememora situações passadas, que aconteceram naquela mesma data do calendário. Essas lembranças o levam a comemorar o presente de modo incomum: provoca, com a ajuda do peixe, uma inundação na casa – em busca de liberdade. A peça traz o universo fantástico de um homem mergulhado em memórias, como em um aquário. Na imagem do peixe de estimação, o protagonista enxerga a necessidade de se libertar do ‘aquário existencial’ em que vive.
Um teatro “textual corporal”, com linguagens mescladas
A peça é autoral. Fruto de experimentos com linguagens mescladas, utilizando teatro, dança, artes visuais e música, deriva de uma pesquisa continuada, com início em 2011, com um trabalho “em progresso”. Ele conduz a busca do coletivo por uma linguagem original – principalmente uma linha de criação teatral ligada ao corpo e às ações físicas, destacando-os como elementos geradores das obras, mas sem abrir mão da palavra e da estrutura narrativa clássica”, resume Julia Shimura, que dirige o espetáculo, ao lado de Leonardo Samarino. A companhia chama essa linha criativa de “dramaturgia textual corporal”. Nívea Santana, atriz e preparadora corporal, comenta que esse é um processo “de contínua descoberta”. O Comboio acrescenta que também destaca problemáticas como o patriarcado, o racismo e a homofobia.
O processo de criação
“O trabalho recebeu influências de Laban, Robert McKee, Pina Bausch, Samuel Beckett, Luiz Antônio Simas e Jodorowsky – em um cruzamento entre teatro, dança e performance/rito”, observa Julia Shimura. Aquário é sobre o desejo de transformação. A peça tem camadas sobrepostas (como escamas do peixe), esculpidas a muitas mãos. Aos poucos, desenhou-se a história dessa família, que se prepara para uma festa de aniversário – com cenas ocorridas ao longo de anos e que se espaçam. O enredo foi criado a partir dos conflitos pessoais e coletivos de cada ator.
Sobre o Comboio
O Comboio Coletivo Artístico nasceu em 2011, com o espetáculo A viagem do Capitão Fracassa, com direção de Marcos Henrique Rego. A peça, que fez temporada no Rio de Janeiro e participou de mostras e festivais, resultou do curso de formação de atores da Escola Técnica Estadual de Teatro Martins Pena - ETETMP/Faetec – RJ. Ao final desse ciclo, iniciou-se a criação de Aquário, que originou três caminhos de pesquisa do grupo: O Corpo como Criador de Dramaturgia, A Memória como Disparador de Narrativas e A Arte como Cura. A partir desses estudos, a companhia desenvolve trabalhos artísticos, com audiovisual, teatro e performance, e também acadêmicos. Em 2022, ela realizou a Mostra Comboio – 10 anos de pesquisa artística, projeto contemplado pelo FOCA – Programa de Fomento Carioca 2021, da Secretaria Municipal de Cultura – Prefeitura do Rio de Janeiro, com programação gratuita.
“Somos artistas que atuam além do Comboio, em esferas diferentes e complementares. O coletivo tem como base um trabalho que exige rigor técnico de cada um de nós. É diverso, e isso o enriquece e alimenta. Desde que nos juntamos, a busca é por uma linguagem que expresse artisticamente como o mundo se reflete e repercute em nós”, define Nívea Santana.
Ensaios/espetáculo
“Aquário”
Apresentações:
08/06 - Teatro Sesc Madureira - 16h
21/06 - Teatro Sesc Ramos - 19h
28/06 - Teatro Sesc Campos - 19h
20/07 - Teatro Sesc Nova Iguaçu - 19h
Ingressos: R$10. Meia-entrada: R$5
Ensaios – não abertos ao público – no Teatro Dulcina
Espaço Cultural da Fundação Nacional de Artes – Funarte
Ficha técnica
Dramaturgia original: Comboio Coletivo Artístico | Direção: Júlia Shimura e Leonardo Samarino | Texto: Anderson Barreto e Leonardo Samarino
Elenco: Anderson Barreto, Hebert Said, Júlia Shimura, Leonardo Samarino e Nívea Santana
Cenografia: Comboio Coletivo Artístico | Figurino: Carla Ferraz | Confecção e modelagem: Ateliê das Meninas | Produção de objetos: Camila Morais | Iluminação: Hebert Said e Felipe Drehmer | Trilha sonora original: Pedrinhu Junqueira | Preparação corporal: Nívea Santana
Projeto contemplado no Programa Funarte Aberta
Ensaios no Teatro Dulcina - Centro - Rio de Janeiro
Espaço cultural da Fundação Nacional de Artes - Funarte (Rio de Janeiro - RJ)
Mais informações
Sobre o projeto: https://comboiodecorda.wixsite.com/comboio | Instagram: @ocomboio
Sobre o Programa Funarte Aberta: neste link
Sobre os espaços culturais da fundação no Estado do Rio de Janeiro:
Coordenação de Espaços Culturais | Diretoria de Projetos | Funarte - coec@funarte.gov.br