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Funarte recebe ‘A Descoberta das Américas’, no Rio de Janeiro
Julio Adrião. Foto: Renato Mangolin
De 13 a 28 de setembro, o espetáculo A Descoberta das Américas se apresenta no Teatro Glauce Rocha, espaço da Fundação Nacional de Artes – Funarte, no Centro do Rio de Janeiro. Após mais de 800 apresentações, em 8 países de 4 continentes e 26 estados brasileiros, o solo narrativo, com texto original do italiano Dario Fo, completa 18 anos em cartaz e recebeu o Prêmio Shell 2005, pelo trabalho do ator Julio Adrião.
Com “rude ironia”, a peça leva o público a uma inesperada reflexão sobre o período inicial da colonização das Américas, em uma versão não convencional da história, informa a produção. A dramaturgia de Dario Fo (1926 – 2006) é inspirada em acontecimentos reais, narrados pelo navegador e cronista espanhol Alvar Nuñes Cabeza de Vaca. A obra revisita, de modo zombeteiro e crítico, eventos ocorridos no século XVI, no território que, posteriormente, veio a ser batizado de Flórida, nos Estados Unidos. Mas o enredo poderia “ter se passado aqui mesmo, em terras brasileiras”, consideram os realizadores, acrescentando que a atuação de Julio Adrião é “intensa e despojada”, dizem os realizadores.
A peça foi eleita uma das dez melhores do ano de 2005, pela crítica de um dos maiores jornais do Rio de Janeiro.
As cenas mostram um homem simples, considerado “sem importância”, sem prestígio social – um “zé-ninguém”. De nome Johan Padan, rústico, mas esperto e carismático, o personagem escapa da fogueira da inquisição, embarcando numa das caravelas de Cristóvão Colombo, em Sevilha – Espanha. No Novo Mundo, o herói da narrativa sobrevive a naufrágios e testemunha massacres; além de ser preso, escravizado e quase devorado pelos canibais. Com o tempo, aprende a língua do povo local, ganha a simpatia geral e se livra da situação difícil, fazendo “milagres” – com alguma técnica e uma boa dose de sorte. Venerado como “Filho do Sol e da Lua”, catequiza os nativos (ao modo dele) e os guia em uma batalha de libertação, contra os “espanhóis invasores”.
“O espetáculo vem traçando um caminho amplo e diverso, se levarmos em conta os variados públicos e espaços cênicos que já percorreu. Pequenas cidades do interior, grandes centros cosmopolitas, circuitos universitários e temporadas em salas de teatro, além de diversos festivais no Brasil e no Exterior, possibilitaram encontros com uma grande diversidade de público”, comenta a produção.
Julio Adrião - Carioca, o ator, produtor e diretor teatral formou-se pela Casa de Artes das Laranjeiras (CAL), no Rio de Janeiro. Em 1987, trabalhou por seis anos na Itália, com foco no treinamento físico de atores, nas Companhias Teatro Potlach, em Fara in Sabina; Abraxa Teatro; e Qabaloquá – estas últimas em Roma. De volta ao Brasil, em 1994, criou o trio cômico Cia. do Público, que integrou, até 2002. Produziu e dirigiu espetáculos de teatro. Como ator, fez cinema, em curtas e em longas-metragens e, na TV, séries. Em 2021, dividiu com o colega Vertin Moura, o troféu Conceição Moura, do VI Cine Jardim (Pernambuco), pela atuação no longa Sertânia, de Geraldo Sarno. No teatro, trabalhou com os diretores Moacyr Góes, Fábio Junqueira, Lucia Coelho, Mauricio Abud, Isabella Irlandini, Dudú Sandroni, Márcia do Valle, Sidnei Cruz, Alessandra Vannucci, Tim Rescala, Moacir Chaves, Bia Lessa, Ivan Sugahara e Miwa Yanagisawa, Renata Mizrahi e Isabel Cavalcanti; ganhou o Prêmio Shell (RJ) de melhor ator, em 2005, com A descoberta das Américas; e dirigiu Roda saia, gira vida, realizado pelo Teatro de Anônimo; e também o solo musical Fico, com a companhia chilena Tryo Teatro Banda, o solo Roliude, do ator João Ricardo Oliveira, e o espetáculo “clown bufão” Blefes excêntricos, do Circo Dux; além de ter produzido e codirigido, com Florência Santangelo, Antes da aula. Dirigiu, ainda, a ópera O Elixir do Amor, na UFRJ. Desde 2016, produz, em parceria com a Casa 136 Laranjeiras, de seu sócio, o produtor Fernando Alax.
Alessandra Vannucci – A diretora e dramaturga italiana, que assina a adaptação da peça, é doutora em Letras, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), e professora, na Escola de Direção Teatral da UFRJ e na Pós-Graduação em Artes da Cena da Escola de Comunicação dessa universidade. Suas peças foram premiadas no Brasil e na Itália: Pocilga, de Pasolini (Rio de Janeiro, 2006); A descoberta das Américas, (2005); Arlecchino all’inferno (Veneza, 2007, Prêmio Arlecchino d’oro 2008), turnê internacional); Il cattivo selvaggio, a partir de Macunaíma, de Mário deAndrade (Torino, 2008); Náufragos (Rio, 2009); Café, de Carlo Goldoni (Rio, 2009); Felinda (Rio,2010); Brazilha (Brasília, 2011); O cozido (Brasília, 2012); Invisíveis, a partir da obra de Ítalo Calvino (Rio, 2014); Desaparecida (Rio, 2014); a ópera João e Maria (Rio, 2016); e a instalação Katormoi (Sambuca, Sicília, 2019). Dirigiu, com Dalton Valerio, cinco curtas-metragens com roteiros originais (Evasione! 2005; Nuvole 2006; Il fratello promesso, 2016; In girum 2017 e Nos, refugiados 2018). Escreveu dez textos teatrais encenadas pelo Teatro Cargo (Gênova) entre 2004 e 2020, sendo que as mais recentes, Donne in guerra (2014) e Andy Warhol Superstar (2017) ainda circulam na Itália; e a mais recente, Antigone – tradução e adaptação do texto de Sófocles – estreou em 2020, em Gênova.
Espetáculo teatral
A Descoberta das Américas
De 13 a 28 de setembro de 2023, quartas e quintas-feiras, às 19 horas
Duração: 80 minutos
Classificação: 14 anos
Ingressos: R$ 60. Meia-entrada: R$ 30. Vendas pelo site www.sympla.com.br ou na bilheteria – que abre de quarta-feira a domingo, às 13h
Teatro Glauce Rocha
Avenida Rio Branco, 179, Centro, Rio de Janeiro (RJ)
Espaço cultural da Fundação Nacional de Artes - Funarte, vinculada ao Ministério da Cultura
Ficha técnica
Texto original: Dario Fo | Tradução e adaptação: Alessandra Vannucci e Julio Adrião | Direção: Alessandra Vannucci | Atuação: Julio Adrião | Figurino: Gabriella Marra | Iluminação: Luiz André Alvim | Montagem e operação de luz: Guiga Ensá | Assessoria de Imprensa: Lyvia Rodrigues - Aquela que divulga | Mídias Digitais: Fernanda Botelho | Foto: Renato Mangolin | Produção e Design: Fernando Alax – Casa136 Produções Artísticas | Realização: Julio Adrião Produções Artísticas
Mais informações: coteatro@funarte.gov.br