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MG, teatro, interativo, jogo
Funarte MG traz espetáculo que funciona como ‘jogo teatral’ interativo
"Uiraçu", com a Cia. Candongas. Foto: Aline Teixeira
A Fundação Nacional de Artes – Funarte apresenta, em seu complexo cultural Minas Gerais, em Belo Horizonte, a temporada de estreia do espetáculo Uiraçu, da Cia. Candongas, de 30 de setembro a 8 de outubro. Os ingressos têm preços populares. De 27 a 29 de setembro haverá sessões apenas para convidados.
A peça foi elaborada para ser “um jogo interativo e cheio de mistérios”. A ideia é “trazer o público para dentro do espetáculo”, do qual a plateia é convidada a participar, como um grupo de jogadores, interferindo diretamente no final da história. Cada pessoa pode escolher fazer parte ativamente da ação cênica, ou apenas assisti-la.
A trama se desenvolve num mundo imaginário, onde a população está subjugada a um poder opressor, chamado “Uniformidade”, associado a outra entidade que lucra com essa tirania: o “Mercado Financeiro”. A partir daí, além de reprimir as ações do povo, essas forças limitam até a distribuição de oxigênio, como forma de manter as pessoas sob controle e acumular mais riqueza.
Mas, indignados com a situação, alguns cidadãos resolvem criar um “coletivo revolucionário”, que organiza uma rebelião contra o poder opressor da Uniformidade. As estratégias desse movimento derivam de um conjunto de diretrizes, criado em conjunto e intitulado “Estatuto Vital”. Esse código estabelece um modelo para as relações entre os indivíduos, tendo como base a empatia, o amor e outros valores, rejeitados pelos mecanismos que os oprimem.
E é a partir desse contexto que todo o enredo se desenvolve, enquanto história teatral, mas também como jogo. Para participar deste, cada espectador(a), ao adquirir ingresso, é convidado(a) a entrar no site da peça – (uiracu.ciacandongas.com.br) - criar sua representação digital fictícia (avatar) e acessar o jogo e suas dinâmicas. Já em pleno espetáculo, a pessoa é sorteada para fazer parte do batalhão de um dos cinco personagens principais da trama. Assim, os jogadores interagem com a peça, desempenhando funções no jogo; e isso é o que determina seu desfecho.
A história é inspirada na ideia básica do jogo/brincadeira infantojuvenil popular Detetive e Assassino, também denominado Vítima e Assassino, ou Polícia. Nele, o(a) "assassino(a)", inicialmente desconhecido(a) pelo grupo, deve piscar para os(as) demais ("vítimas") , disfarçadamente, o que as "mata". Mas esse(a) bandido(a) precisa evitar ser pego pela "polícia" - que é um(a) dos participantes, cujo papel também é ignorado pelos outros jogadores. “Mas aqui, no universo Uiraçu, as vítimas são chamadas de 'galinhas'; a polícia são os 'lobos'; e os assassinos são as 'águias'”, explica o gestor da Cia. Candongas, Gustavo Bartolozzi.
O espetáculo é dirigido por Paulo Flores, criador do teatro de vivência da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, premiado grupo do Rio Grande do Sul.
A Classificação indicativa etária é 16 anos. Instruções do jogo estão disponíveis em link, abaixo.
Performance em todo o espaço, sem um “foco” de cena
O público participa da encenação, por meio do jogo virtual, mas também se integrando ao espaço cênico. “As cenas acontecem por todo o espaço, não existindo um foco central. O espectador perde sua passividade de testemunha em seu assento fixo”, diz a produção, explicando que a ação pode se desenvolver sobre a cabeça do espectador, ao lado dele, muito próximo, ou além da sua vista. A ideia é que isso ofereça ao público mudanças de posição no espaço e “várias possibilidades de vivência da experiência”. A plateia pode, assim, “organizar, ainda que ao acaso, a composição do seu espetáculo, mais ou menos livremente”, acrescenta.
Para Gustavo Bartolozzi, que também integra o elenco, avalia que o “grande diferencial” do trabalho é a inovação. Paulo Flores fundamenta essa visão: trata-se de “um novo tipo de encenação, no sentido de que o espetáculo nunca será o mesmo, nem para os diversos espectadores de uma mesma sessão, nem para o mesmo espectador, de uma sessão para outra. No teatro de vivência o espectador não apenas assiste às cenas, mas vivencia os acontecimentos, capaz de produzir novas formas de percepção da realidade”, afirma. A participação leva o público a andar pelo espaço, ou ficando em pé. Mas está previsto que haverá cadeiras para quem queira ou precise apenas acompanhar o espetáculo.
Unindo o teatro aos jogos
“Cláudia Henrique, cofundadora da Cia. Candongas, e eu estávamos ambos estudando temas que se casavam com a dinâmica do que viria a ser a peça. Cláudia participava de uma formação em teatro e tecnologia na UFMG. Ela propôs uma atividade de gamificação da cena teatral, enquanto eu estudava Gestão de Negócios e meu trabalho final foi sobre teatro e jogos. Quando finalizamos nossos estudos, pensamos como seria legal fazer algo juntando esses dois mundos: o do teatro e o dos jogos”, conta Gustavo. Assim, surgiu a ideia de montar uma trilogia, que começou com o espetáculo Sísifos (2017) e continua agora com Uiraçu, a segunda parte.
De acordo com Bartolozzi, a maior referência para a construção do espetáculo, é o livro A Águia e a Galinha, de Leonardo Boff. Na obra, o escritor relata uma fábula de James Aggrey, educador da República de Gana – África. Este líder político dizia que fomos criados à imagem e semelhança de Deus, mas houve pessoas que nos fizeram pensar como galinhas. “Muitos de nós ainda acham que somos efetivamente galinhas. Mas nós somos águias. Por isso, companheiros e companheiras, abramos as asas e voemos. Voemos como as águias. Jamais nos contentemos com os grãos que nos jogarem aos pés para ciscar...”.
Bartolozzi observa, ainda, que a forma como Paulo Flores desenvolve seu trabalho de direção está totalmente alinhada com os temas que refletem a história da Companhia Candongas, e destaca a relevância do desempenho desse encenador no cenário cultural.
O ingresso está à venda pela Internet. Após adquirir o seu, o espectador deve entrar no site da Candongas e criar seu avatar do jogo.
Ficha Técnica
Texto: Núcleo de Dramaturgia da Cia. Candongas: Gustavo Bartolozzi e Guilherme Théo | Consultoria em dramaturgia: Anderson Feliciano
Desenvolvedores do jogo: Rodrigo Cesar Lopes Martins (Zed), Ian Rafael de Souza Oliveira, John Everton Goncalves Aguiar Santos, Luiz Gustavo de Matos Paiva
Direção: Paulo Flores | Assistência de Direção: Cláudia Henrique
Elenco: Adriana Chaves, Gustavo Bartolozzi, Helena Rodrigues, Rodolfo Goulart e Wesley Simões
Cenógrafo e figurinista: Marcelo Xavier – contribuição: Wesley Simões | Confecção de adereço e figurino: Adriano Borges
Voz do Boneco da Uniformidade: Antônio Rodrigues | Voz do “sistema”: Antônia Claret
Confecção de cenário: Gastão Arreguy Filho e Sumaya Costa
Trilha sonora: Geovanne Sassá – participação: Fernando Muzzi
Preparação corporal e coreógrafo: Marcos Miranda | Preparação Musical: Geovanne Sassá | Preparação vocal: Babaya e Kátia Couto
Coordenação Técnica: Cleverson Eduardo | Concepção da Iluminação: Cleverson Eduardo | Operação de Som e Projeção: Cleverson Eduardo | Operação de Luz: Arthur Bartolozzi | Audiovisual e fotografia: Aline Teixeira
Coordenação de Produção e Comunicação: Gustavo Bartolozzi | Produção: Ju Ribas (Sapiens Brasil Ltda.) | Produção Executiva: Marília Canguçu
Assessoria de Imprensa: Pessoa Comunicação – Parceria: Bicalho Comunicação
Contabilidade: MCosta e Vaz Serviços Contábeis | Prestação de contas: Contas & Pontos Culturais
Consultorias: economia – Harley Silva; jogos: Pablo Gobira; teatro negro: Soraya Martins
Realização: Cia. Candongas – gestores: Cláudia Henrique e Gustavo Bartolozzi
Coordenação de projeto: Luciana Avelar – Rapsódia | Administrativo: Cláudia Henrique e Ju Ribas (Sapiens Brasil Ltda.)
Patrocínio: Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais, por meio da Cemig; e emenda parlamentar, por meio da Fundação Nacional de Artes – Funarte/Ministério da Cultura (MinC)
Copatrocínio: Lei Federal de Incentivo à Cultura, por meio da Copasa.
Parcerias: Agência Pessoa Comunicação e clínica Voice Company (por intermédio da Dra. Fernanda Dourado).
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Espetáculo/jogo teatral
Uiraçu
Temporada de estreia
De 27 de setembro à 1º de outubro
1ª semana
De 27 a 29/9 – sessões fechadas para convidados
De 30/09 a 1/10 – sessões abertas ao público em geral
De quarta-feira a sábado, às 20h; domingo, às 19h
2ª semana
De 5 a 8 de outubro – sessões abertas
De quinta-feira a sábado, às 20h; domingo, às 19h
Classificação indicativa: a partir de 16 anos
Ingressos: R$20. Meia-entrada: R$10. Vendas no site: sympla.com.br
Após adquirir o ingresso, o espectador deve entrar no site da Candongas (neste link), e criar seu avatar do jogo.
Duração: 1h20
Tutorial do jogo disponível neste link.
Local: Funarte MG – Galpão 4
Rua Januária, 68 - Centro, Belo Horizonte (MG)
Lotação: 120 pessoas
Mais informações: uiracu.ciacandongas.com.br
Contatos da Funarte MG: funartemg@funarte.gov.br | (31) 99625-3293