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Funarte MG recebe a 7ª edição da “Candeia: Mostra Internacional de Narração Artística”
Toumani Koyate - Crédito: France Goudreault
O Complexo Cultural Funarte MG recebe de 1 a 15 de setembro, a 7ª edição da Candeia: Mostra Internacional de Narração Artística, contemplada no Edital Funarte Aberta. Serão cinco dias de programação totalmente gratuita, dedicada à narração artística, com contadores de histórias de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, e de países como Peru e Burkina Faso. Durante a mostra, o público terá acesso a oficinas, apresentações artísticas, rodas de conversa e lançamentos de livro.
Na abertura, a partir das 19h30, está prevista “Sessão de contos” com Toumani Kouyaté (Burkina Faso), contador que venceu o prêmio Coruja de Ouro francófono (2003), o Prêmio Melhor contador de histórias em França (2004) e o Prêmio Anselme Chiasson (2008). Também estão previstas, nesta noite, apresentações dos narradores Cucha Del Aguila (Peru), Cristiano Gouveia (SP) e Camila Costa (RJ). Em seguida, será lançada ELENA – Escola Livre de Estudos da Narração Artística, a primeira do Brasil, no gênero, cuja sede será em Belo Horizonte (MG). Toda programação é realizada pelo Instituto Cultural AbraPalavra que, recentemente, passa a atuar como Pontão Nacional de Cultura na área de Livro, Leitura e Literatura, dentro da Política do Cultura Viva do Ministério da Cultura.
“O termo narração artística é uma tentativa de traduzir essa forma contemporânea de narração de histórias em que você parte do princípio de que ela é uma linguagem artística por si só”, explica a contadora de histórias Aline Cântia. Por se tratar de uma experiência estética, a narração envolve um sistema de códigos, signos, símbolos, princípios e fundamentos que podem ser estudados, praticados e desenvolvidos tecnicamente. “São essas características que nos fazem compreender a narração de histórias como uma linguagem singular, capaz de se distinguir de outras artes no seu modo de apresentação, pelo seu meio de expressão e pelos modos de criação”, completa.
Desde quando entraram para o universo da contação, há quase 20 anos, Aline Cântia e Chicó do Céu, se apresentaram em diversos festivais de narração de histórias. Foram, ao todo, 20 países visitados na América Latina, Europa e África. Sempre que estavam por lá, nutriam o desejo de trazer os contadores de histórias de várias partes do mundo para o quintal de casa. Era 2017. Enquanto aguardavam a chuva passar, na comunidade do Pompéu (Sabará), nasce a Mostra Candeia. “A gente estava dividindo experiências com outros contadores, sobre um evento do qual participamos na Tunísia, e de onde acabávamos de voltar, e aí veio mais forte o desejo de fazer um encontro em BH. Tinha um edital do Fundo Municipal de Cultura aberto e ali mesmo rascunhamos o texto e o orçamento”, conta.
Normalmente, a narração artística é uma prática desempenhada por pessoas inseridas no contexto urbano, que não vem necessariamente de uma tradição familiar ou comunitária e que se reconhecem como profissional da arte. “A narração não se limita à transmissão de saberes e valores das comunidades tradicionais, mas se estende como uma prática estética no campo da arte e que já vem há muitos anos ocupando espaços culturais socialmente convencionais, como teatros, museus e centros Culturais”, contextualiza Aline.
Porém, um dos grandes desafios hoje, segundo Aline, “é promover a valorização e o reconhecimento da narração de histórias como linguagem artística tanto para o setor cultural quanto para a sociedade em geral”. Ao contrário de outras partes do mundo, no Brasil, a contação de história ainda é muito associada ao universo da criança. “Nesta edição da Candeia, temos inclusive uma programação dedicada ao público infantil, a Candeinha, mas não só. A agenda está focada sobretudo no público adulto. Afinal, quem não gosta de uma boa história. Mineiros então, nem se fala. Não é à toa que a ELENA - Escola Livre de Estudos da Narração Artística, está sendo criada em Minas”, celebra o pioneirismo.
ELENA – 1ª ESCOLA LIVRE DE ESTUDOS DA NARRAÇÃO ARTÍSTICA
ELENA é Escola Livre de Estudos da Narração Artística, um projeto aprovado no Edital Olhos D'Agua do Ministério da Cultura, feito via SEFLI (Secretaria de Formação, Livro e Literatura), que selecionou 70 projetos em todo o Brasil.
A ELENA terá cursos presenciais (e um online) de média e curta duração, além de oficinas e rodas de conversas que serão gratuitos e realizados na nova sede do Instituto Cultural AbraPalavra, próximo à Praça da Liberdade. Entre eles: Narração Artística: práticas e fundamentos; Narração Artística a partir do repertório afrocentrado; Tradição Viva: histórias, memória e palavra em Hampatè Bá; Escrita Literária e Criativa; Olhar para cidade em poucas palavras: microficções para migrantes; entre outros. As inscrições serão abertas após a Mostra Candeia. Mais informações no Instagram @institutoabrapalavra e @elena.escolalivre
INSTITUTO ABRA PALABRA
O Instituto Cultural Abra Palavra foi selecionado no último edital de 2023 como o único Pontão Nacional de Minas Gerais e o único Pontão Nacional do Brasil dedicado ao tema de livro, leitura e literatura. Este edital selecionou 42 projetos em todo o país, repassando recursos para a execução de ações culturais ao longo de 12 meses. As iniciativas abrangem diversas áreas, como cultura popular, patrimônio cultural, e artes visuais, com o nosso projeto focado na literatura.
“Ser um Pontão de Cultura hoje no Brasil representa um compromisso com a construção da democracia, da cidadania e da participação social. A Política Nacional Cultura Viva, sendo uma política de base comunitária do Sistema Nacional de Cultura, está intrinsecamente ligada a esses valores. Conseguir esse edital reforça o compromisso do Instituto Abra Palavra com o livro, a leitura, a literatura e com as premissas fundamentais da democracia e da participação social”, contextualiza Aline Cântia.
SERVIÇO:
7ª MOSTRA INTERNACIONAL DE NARRAÇÃO ARTÍSTICA | FUNARTE MG
Data: 11 a 15 de setembro
Local: Funarte MG
Programação:
QUARTA-FEIRA– 11/09
19h30 - Abertura
- Abertura e Lançamento da ELENA - Escola Livre de Estudos da Narração Artística
- Sessão de Contos com Toumani Kouyaté (Burkina Faso), Cucha Del Aguila (Peru), Cristiano Gouveia (SP) e Camila Costa (RJ).
QUINTA- FEIRA 12/09
17h - Roda de Conversa: Narração de História para as infâncias
Mediação: Juliana Daher (MG)
Convidados: Cris Gouveia e Camila Costa
18h30 - Lançamentos de livro
Aline Cântia, Chicó do Céu, Madu Costa, Sandra Lane, Rodrigo Teixeira e Samuel Medina, Pierre André (MG), Leu e Nina Cruz (RJ), Cris Gouveia (SP) Camila Costa (RJ).
19h30 - Apresentação Artística “El recuerdo de Luna”
com Cucha del Aguila (Peru)
Com a intenção de construir e inspirar um caminho coletivo em defesa deste mundo único que temos, um dos caminhos é ouvindo histórias, reconhecendo e valorizando a biodiversidade da nossa terra e ativando a memória do que somos. A apresentação é uma homenagem à Amazônia, aos seus verdadeiros donos.
Cucha Del Aguila nasceu e morou em diferentes cidades da Amazônia Peruana. Cresceu acompanhada das histórias que sua família e as pessoas ao seu redor contavam. É uma das promotoras da narração oral no Peru. Participou em diversos espaços e eventos de narração de histórias dentro e fora do seu país. Idealizou e codirigiu o Festival Internacional de Narração Oral “Déjame que te cuente”, no Peru. Recebeu importante reconhecimento em seu país por suas contribuições à promoção da leitura (2017, por sua carreira e contribuição ao diálogo e ao desenvolvimento da leitura). povos indígenas (2012), por realizar ações significativas em benefício da Educação, da Cultura e da Comunidade (2002).
SEXTA – FEIRA 13/09
10h - Grande roda de conversa com todos os contadores de histórias convidados da Mostra
Na Biblioteca Pública Infanto e Juvenil de Belo Horizonte
17h - Roda de Conversa – A tradição e a oralidade
Convidado: Toumani Kouyaté (Burkina Faso)
Mediação: Carlos Barbosa (MG)
Carlos Barbosa tem trabalhado a partir das vivências dos contos orais tradicionais e contos literários com estrutura de contos orais. Acreditando sempre na certeza que o ser humano precisa dos contos tradicionais para viver... E partindo, sobretudo, da memória dos grandes tradicionalistas africanos da genuína arte de contar e ouvir histórias, integra o @coletivoatradiçãoviva-amadouhampateba. Contador de histórias, Pedagogo - Universidade UNICESUMAR, Pesquisador de Culturas Tradicionais, Educador.
18h30 - Palco Candeia
Palco para apresentação de narradores mineiros, comandado pelo mestre de cerimônia Pierre André, ator e contador de histórias presente em festivais, encontros, mostras e eventos no campo da arte e literatura, na cena brasileira e internacional. Convidados: Contadoras da BPIJBH (Biblioteca Pública Infantil e Juvenil) com Juliana Anselmo e Maria Tereza Andrade, convidam Tininho Silva, Rodrigo Teixeira e Samuel Medina, e Aguida Alves (MG)
20h - Apresentação Artística “Sessão de contos” com Camila Costa (RJ)
A narradora Camila Costa - atriz, contadora de histórias, professora de teatro e gestora cultural - compartilha contos de tradição oral de diferentes culturas ao redor do mundo e cantos de encantaria. O repertório selecionado busca restaurar o encantamento da vida, estabelecendo um encontro verdadeiro com o público para o cultivo coletivo da vida em suas dimensões comunitária e encantada. A artista criou e coordena a "Chama das Histórias", coletivo que reúne teia de vozes femininas com apresentação de espetáculos, publicação literária, pesquisa e ações formativas.
SÁBADO – 14/09
9h às 12h - Oficinas
“O Fio da Memória, com a narradora peruana Cucha Del Aguila” (PERU)
Utilizando exercícios que recorrem à memória e à voz, será proposta uma forma de abordar a antiga e emergente arte de contar histórias. Através de reflexões sobre o lugar e a relevância das histórias de memória pessoal (autobiografia) para alimentar o nosso próprio repertório composto por histórias da tradição oral e histórias literárias.
“Palavra e Corpo com o contador de histórias Toumani Kouyaté” (BURKINA FASO)
Os griots veem o corpo como principal ferramenta do ator e como sede da sua criação, o objetivo deste curso é trabalhar um questionamento e uma redescoberta do corpo como ferramenta sensível da fala e de toda comunicação. O participante sairá com técnicas simples e precisas que o ajudarão a desenvolver um corpo livre e mantido e como motor de linguagem e sensação.
16h30 - Mostra Candeinha (PARA CRIANÇAS)
Brincadeiras e mestre de cerimônias: Bárbara Flor
A contadora guiará as crianças pelo caminho das histórias e da arte, costurando os encontros no palco da Candeinha com fio das brincadeiras. Convidados: Cris Gouveia (SP), Sandra Lane (MG), Quintal da Guegué (MG)
DOMINGO – 15/09
17h - Roda de Conversa - Formação de público para narração de histórias
Convidados: Cucha del Aguila (PERU) e Madu Costa (MG)
Mediação: Fernando Chagas (MG)
19h - Apresentação “Paroles de futilités, utiles.” com o narrador Toumani Kouyaté (BURKINA FASO)
A apresentação partilha contos que revelam os segredos da vida e do mundo. São contos do nada, que falam de tudo a todos sem qualquer distinção. Esses contos são lições de vida que atravessaram os tempos para trazer uma mensagem universal escondida atrás de palavras e imagens. Ensinamentos ricos e profundos que mergulham o ouvinte na exploração de si mesmo e do mundo.
Toumani Kouyaté é Djély-Griot (Contador de Histórias com o Bastão de Mestre das Palavras na África Ocidental. Ganhou o prêmio Coruja de Ouro francófono em 2003, prémio de melhor contador de histórias em França em 2004, prémio Anselme Chiasson em 2008. Acredita que: “Ser contador de histórias é um dos trabalhos mais difíceis, embora em muitos outros trabalhos você possa reparar ou fazer desaparecer o seu absurdo. Mas você nunca poderá desfazer as consequências das palavras que saíram da sua boca.”