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Funarte e UFRJ homenageiam Tim Rescala na Bienal de Música
O Cron Ensemble, para a interpretação da obra de Bruno Cunha, ''Contrapponto Dialettico Abaporu para flauta e piccolo, clarinete baixo, trompete, violino, violoncelo , contrabaixo e percussão''. Foto: Walda Marques
Obras de oito compositores foram apresentadas no domingo, 14 de novembro, segundo dia da XXIV Bienal de Música Brasileira Contemporânea, realizada pela Fundação Nacional de Artes – Funarte e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na Sala Cecília Meireles, no Rio de Janeiro. Os convidados Guilherme Bauer e Tim Rescala, reuniram-se a outros autores, de vários estados do Brasil, para o concerto de câmara, que incluiu cinco estreias.
A agenda, presencial e on-line, prossegue até domingo, dia 21, com concerto extra no dia 24, quarta-feira, com ingressos a R$ 10. Esta edição do evento – produzido há 46 anos, sem interrupção, pela Funarte – tem apoio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa (Secec – RJ), por meio da Fundação Anita Mantuano de Artes do Estado do Rio de Janeiro (FUNARJ) e da Sala Cecília Meireles.
Como nas edições passadas do programa, a XXIV Bienal presta tributo a autores e intérpretes que marcaram o cenário musical brasileiro das últimas décadas. O compositor e maestro carioca Tim Rescala, homenageado da noite - por completar 60 anos de idade em 2021, e por sua contribuição à música - presenciou sua peça Parescências ser apresentada ao público pela primeira vez. Entre as estreias, houve a da obra do também carioca Guilherme Bauer, T rês peças saxofônicas , executada por Pedro Bittencourt. Partituras dos autores selecionados Bruno Cunha, Maria Di Cavalcanti, James Correa, Paulo Rios Filho e Vinícius Baldaia foram, ainda interpretadas, com variadas formações instrumentais.
Rescala destacou a dinâmica variante das Bienais. “É interessante ver como o gráfico vai mudando. Algumas edições tendem mais para experimentações, outras tendem mais para a tradição. Essa está começando e só no final poderemos observar como está o cenário para a música contemporânea. Outra coisa que se observa dentro desse cenário de pandemia é, ao mesmo tempo em que se tem dificuldade para ter público, se consegue chegar pela transmissão ao vivo a lugares que não se chegava antes”. Ao final da apresentação de sua peça, os intérpretes Dhyan Toffolo (viola) e Erika Ribeiro (piano) trouxeram um momento de humor à noite, bem “ao modo Tim Rescala”.
A bienal sempre promove encontros de gerações: reúne obras selecionadas por uma comissão – por meio de edital ou chamamento público – a trabalhos de compositores experientes e renomados, a convite. Uma das contempladas deste concerto foi a pianista e professora da Escola de Música da UFRJ Maria Di Cavalcanti, por sua composição Fragmente op.13 para flauta, sax alto e violoncelo, de 2012. O grupo Interbrasilis (flauta, sax alto e violoncelo) interpretou a partitura. Para a autora, a Bienal representa um amplo destaque no Brasil para a criação musical da atualidade. “Esse momento é um enorme estímulo para todos os compositores – principalmente os jovens. É um grande encontro e eu estou muito feliz por minha obra ter sido selecionada”, comemorou.
Tim Rescala. Foto: Walda Marques - 14/11/21
Demais músicas selecionadas
As outras obras selecionadas da noite foram: Miragens em Penumbra para flauta, clarinete, contrabaixo e piano (2021 – estreia), de Vinícius Baldaia (Barueri – SP); Contrapponto Dialettico Abaporu para flauta e piccolo, clarinete baixo, trompete, violino, violoncelo, contrabaixo e percussão (2019 – estreia no Brasil), de Bruno Cunha (Brasília – residente na República Theca); Earth Canticles para violoncelo e piano (2018 – estreia no Brasil), de James Correa (Porto Alegre - RS); Logging para quarteto de trompas (2021), de Helder Oliveira (Rio de Janeiro – RJ); e Contração e expansão para quinteto de metais (2019), de Paulo Rios Filho (Santa Maria – RS).
Sobre "Parescências" , de Tim Rescala
A obra de Tim Rescala, Parescências para viola e piano (2021 ), em estreia, contém sete movimentos, de nomes curiosos (característica do compositor) e que seguem uma lógica: I- Parece um tango; II- Parece uma valsa; III- Parece um estudo; IV- Parece uma rabeca (solo); V- Parece um violino; VI- Parece uma seresta; VII- Parece que acabou. Nas palavras do autor, o trabalho “ é uma série de pequenas peças para viola e piano, onde cada uma delas se parece com algo que de fato não é. A similaridade pode se referir a um estilo ou gênero musical, um aspecto técnico ou interpretativo. Considerando que a música é um jogo, uma brincadeira, a peça é um exercício de linguagem, procurando gerar algo novo a partir do choque entre elementos já conhecidos, como o próprio título demonstra. É dedicada a Dhyan Toffolo e Erika Ribeiro [os intérpretes] .”
O compositor
Luiz Augusto Rescala é o nome de batismo do compositor, nascido em 21 de dezembro de 1961, na Capital Fluminense. O artista estudou na Escola de Música da UFRJ e na Escola de Música Villa-Lobos. Com Han-Joachim Koellreutter, realizou estudos de composição, contraponto e arranjo. Licenciou-se em música pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNI-RIO), em 1983. Autor de trilhas sonoras e diretor musical de várias peças teatrais, é um dos mais premiados compositores brasileiros, com diversos prêmios Mambembe, Shell, Coca-Cola, Associação dos Produtores de Teatro do Rio de Janeiro (APTR), Centro Brasileiro Teatro para a Infância e Juventude (CBTIJ) e outros. Faz música para cinema, TV e exposições e trabalhou numa grande rede de TV, por 29 anos. Atuou como compositor e regente em muitos festivais de música, no Brasil e no exterior. Criou óperas, musicais e peças de música de câmara e eletroacústica. Sua obra Pianíssimo foi o primeiro texto infantil apresentado na Comédie-Française, em Paris. Recebeu as bolsas Vitae e Rio-Arte. Foi diretor da Sala Baden Powell (Rio de Janeiro), em 2005 e 2006. Escreve e apresenta o programa Blim-blem-blom, na rádio MEC-FM (Empresa Brasil de Comunicação) desde 2011, premiado na Bienal do México. Seu Quarteto Circular foi indicado ao Grammy Latino 2011. Sua ópera O perigo da arte estreou em Buenos Aires, em 2013. Sua montagem brasileira, no ano seguinte, foi escolhida como um dos dez melhores espetáculos do ano, pelo jornal O Globo.
Na TV, os trabalhos mais recentes de Tim Rescala tiveram repercussão: as novelas Meu pedacinho de chão e Velho Chico e a minissérie Dois irmãos , todas com direção de Luiz Fernando Carvalho. Em 2019, lançou uma livraria digital de música de concerto, direcionada ao mercado audiovisual. No momento, trabalha em duas produções de vulto para um grande parque de diversões catarinense. Tem sido noticiadas estreias de óperas e espetáculos teatrais com músicas e textos de sua autoria.
Sobre Guilherme Bauer
Guilherme Carneiro da Cunha Bauer, compositor e professor carioca, iniciou seus estudos de violino com Iolanda Peixoto e depois com Oscar Borgerth, na UFRJ. Participou de grupos de câmara e da Orquestra Sinfônica Nacional (OSN) da Rádio MEC. Em 1971, organizou o grupo Ars Contemporânea que, durante sete anos, realizou inúmeros concertos, visando a divulgar, principalmente, o repertório brasileiro. Como compositor, teve aulas com Cláudio Santoro (contraponto e composição) e com Esther Scliar (análise musical). Aperfeiçoou-se com Guerra-Peixe, em Harmonia, Contraponto, Fuga, Composição e Orquestração, constituindo amizade com este mestre. Palestrou sobre música brasileira nas universidades norte-americanas, na Flórida, Miami e Houston. No conservatório Brucker, Linz (Áustria) participou de um ensaio público de sua obra Reflexos , encomendada e gravada pelo George Crumb Trio.Foi idealizador de d uas robustas iniciativas de divulgação da música nacional: a gravação de mais de 50 obras de compositores brasileiros pela Prefeitura do Rio de Janeiro e o Projeto Estreias Brasileiras , patrocinado pelo Centro Cultural do Banco do Brasil ( CCBB ) que encomendou e estreou 33 obras de autores nacionais. Contabiliza oito prêmios em concursos de composição, com destaque para o ESSO de Música, o Latino-Americano da UFBa e o da Cultura Artística de São Paulo. Recebeu, em 1998 e em 2007, o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte ( APCA ), b em como a Bolsa Vitae de Artes, em 2005. Sua Celebração Sinfônica foi comissionada para as comemorações dos 70 anos da Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB) , em 2010. Suas obras são também executadas por diversos músicos estrangeiros muito renomados. É membro da Academia Brasileira de Música (ABM) , desde 2006 .
O compositor Guilherme Bauer. Foto: Walda Marques - 14/11/21
A obra " T rês peças saxofônicas"
O saxofonista Pedro Bittencourt apresentou, no concerto, a estreia da obra de Bauer Três peças saxofônicas (2017 ). O compositor dedicou o trabalho ao instrumentista que incentivou essa criação. O autor se disse também estimulado “pela quase total ausência de repertório na música de concerto” para saxofone. “ Improviso é a linguagem do sax tenor como participante de grupos de jazz; porém nessa obra, como em inúmeras que encontramos na história da música, o improviso está escrito. O cromatismo está presente em inúmeras passagens. Canto está representado por uma sequência de ritmos tranquilos ou agitados criando momentos estáticos e dinâmicos. Planos, os planos grave, médio e agudo que caracterizam as seções estão em destaque pela permanência do instrumento nessas regiões. A unidade da peça deve-se ao uso constante das mesmas ideias, células e conjuntos. Unifica-se pela utilização de pouco material, que define com precisão as partes ou seções. O saxofone, em alguns momentos, recebe um tratamento ' percussivo ' melodizando ritmos, que se alternam com momentos de lirismo”.
O Saxofonista Pedro Bittencourt. Foto: Walda Marques - 14/11/21
Sobre as bienais de música da Funarte
Realizada sem interrupção pela Funarte desde 1975 – ano em que a Fundação foi instituída –, a Bienal é uma diversificada mostra da produção dos compositores brasileiros cont emporâneos. O projeto foi criado pelo compositor Edino Krieger, em 1968, com inspiração n os famosos festivais da canção, direcionados para a música popular. A pianista e empresária Myrian Dauelsberg, quando foi diretora da Sala Cecília Meireles, resgatou a proposta, em 1973, e produziu a I Bienal de Música Brasileira Contemporânea, dois anos depois – autorizada por seu criador.
Para mais informações sobre as obras desse concerto, e programação completa, acesse o “hotsite” da XXIV Bienal: https://bienalmbc2021.artedetodagente.com.br
Leia mais sobre a Bienal de Música aqui, no site da Funarte
Acesse os vídeos e transmissões ao vivo da Bienal, de outras ações do Sinos e dos demais projetos Arte de Toda Gente, no canal: https://youtube.com/artedetodagente
Acesse o site da Bienal, com a programação completa:
Acompanhe a cobertura do evento nas redes sociais da Funarte:
Acompanhe também conteúdo em tempo real, nas redes do Arte de Toda Gente – mais informações: https://artedetodagente.com.br
Fotos: Walda Marques
XXIV Bienal de Música Brasileira Contemporânea
De 13 a 21 e 24 de novembro de 2021
Sala Cecília Meireles
Rua da Lapa, nº 47 - Centro, Rio de Janeiro (RJ)
Ingressos:
R$ 10. Meia-entrada: R$ 5
Compra
:
na bilheteria,
ou por meio deste link
Para a entrada, a Sala Cecília Meireles exige exibir comprovante de vacinação contra a covid 19
Classificação indicativa : livre
Realização:
Fundação Nacional de Artes – Funarte | Secretaria Especial da Cultura | Ministério do Turismo
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Apoio: Sala Cecília Meireles | Fundação Anita Mantuano de Artes do Estado do Rio de Janeiro (FUNARJ) | Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro (Secec – RJ)
Produção:
Sistema Nacional de Orquestras Sociais (Sinos) – Funarte/Escola de Música da UFRJ
Assessoria de Comunicação:
Programa Arte de Toda Gente/Escola de Música da UFRJ/CCOM – Funarte
Texto inicial: Claudia Góes
Escola de Música/UFRJ - Setor de Comunicação
MTB 25.556 (jornalista) - DRT: 220/AL (radialista) - OMB: 3.499 (músico)
Redação final e edição: CCOM - Funarte