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Funarte apresenta o espetáculo premiado ‘Eu Romeu’
‘Eu Romeu’ - foto: Ratão Diniz
Um ator preto e morador de periferia revisita Romeu, personagem clássico de Shakespeare, colocando em debate a temática dos preconceitos. Assim pode ser resumida a peça Eu Romeu, em cartaz no Teatro Glauce Rocha, no Rio de Janeiro (RJ), de 14 a 29 de junho. A temporada de estreia na cidade, no espaço cultural da Fundação Nacional de Artes, com ingressos a preços populares.
O espetáculo que conta com o ator e palhaço circense Marcos Camelo (que já integrou o grupo Doutores da Alegria, entre outros), já circulou por estados como Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Todas as sessões contam com tradução na Língua Brasileira de Sinais (Libras).
O solo narrativo mistura teatro, circo e música, em uma comunicação direta com o público, para fazer um teatro de extrema intimidade com cada pessoa. “O ‘Eu’ no título, pode ser, também, qualquer um dos indivíduos que compõem a plateia e que se sintam representados”, explica. “Eu Romeu é um Shakespeare de protagonismo periférico. No texto, o enredo dramático mais famoso do poeta e dramaturgo inglês, Romeu e Julieta, se mistura à tragédia rotineira dos subúrbios do Rio de Janeiro”, comenta o grupo – originário do Município de Guapimirim (RJ).
A montagem, contemplada no Programa Funarte Aberta e premiada em vários festivais do Brasil, tem patrocínio do Governo Federal – Ministério da Cultura e Governo do Estado do Rio de Janeiro – Secretaria de Cultura e Economia Criativa, por meio da Lei Paulo Gustavo e apoio da Fundação Nacional de Artes – Funarte.
“Heróis perdedores”
A obra, de dramaturgia autoral e contemporânea, celebra a insistência petulante, a paciência e a teimosia das pessoas que não se encaixam. No palco, Marcos Camelo interpreta a história, que tem relação com a própria vida do artista: pardo, nascido e criado em um dos chamados subúrbios do Rio de Janeiro, entre comunidades periféricas. “É um lugar sem biblioteca, cinema, teatro ou qualquer outro espaço para produção e consumo cultural” , destaca o artista – também dramaturgo. “A peça é ‘Shakespeare do hip hop ao samba’. Ela também mostra que um povo sem acesso à cultura tem roubados os seus direitos e sua capacidade de sonhar”, acrescente o artista.
“A cena dá visibilidade aos heróis perdedores, aqueles que fazem o que podem com o que são e que – com honra, dignidade e bom humor –, ousam sonhar, lutar e, quase sempre, perder”, aponta. Marcos Camelo relata ainda, que a inspiração para Eu Romeu partiu da visão de que “sistemas pré-determinados e estruturados na sociedade” imporiam limites ao cidadão, com base na linhagem familiar dele, na cor da sua pele, no local onde mora e na sua cultura. “Transpor essas barreiras é uma verdadeira odisseia, uma constante luta desigual para afirmar potência e alcançar objetivos e sonhos”, completa.
Influências do circo e da dança
A diretora, a bailarina e acrobata Cecília Viegas, destaca: “Esse projeto tem muita relação com a minha experiência em identificar as potências de cada indivíduo, através do trabalho com circo social. Isso foi fundamental para criação de uma montagem centrada no ator e nas competências dele. Minha formação origina-se no balé clássico; transborda no circo em todas as suas possibilidades; e hoje estou no teatro, aplicando todas estas maravilhas – as infinitas relações do corpo com seus movimentos, com os espaços, objetos e superfícies – para uma cena plural e extremamente popular”.
SERVIÇO:
“Eu Romeu”
Data: 14 a 29 de junho de 2024, de sexta a domingo
Horário: sextas-feiras e sábados às 19h | domingos às 18h
Ingressos: R$ 20. Meia-entrada: R$10 no Sympla; e na bilheteria do teatro
Local: Teatro Glauce Rocha - Av. Rio Branco, 179, Centro, Rio de Janeiro -RJ
Classificação indicativa: 14 anos
Duração: 60 minutos
Todas as sessões contam com tradução de Libras
Ficha técnica
Texto, elenco e figurino: Marcos Camelo. Coordenação do projeto, direção artística, dramaturgia e pesquisa de movimento: Cecília Viegas | Iluminação: Debrá, Júlio Coelho e Marcos Camelo | Produção executiva: Tay Queiroz | Assistente de produção: Gabriel Leal | Assistente de Produção II: Lucas leal | Apoio para Acessibilidade: Maria Leal | Operação de luz: Debrá e Thainá Teixeira | Tradutora de libras: Joyce Silva | Apoio técnico: Gab Ribeiro | Edição do release e assessoria de imprensa: Ney Motta | Designer gráfico: Diogo Monteiro | Fotos de divulgação: Sílvia Patrícia e Ratão Diniz | Realização: Adorável Companhia