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Funarte Acervos das Artes: Seminário discute o reconhecimento, preservação e a difusão
Foto: CCOM Funarte
O Seminário Funarte Acervos das Artes teve início nesta na segunda-feira, 2 de dezembro, e reuniu agentes do poder público, iniciativas privadas e sociedade civil em torno de reflexões sobre o reconhecimento, a preservação e a difusão dos acervos das artes brasileiras. O encontro está sendo realizado na Fundação Casa Rui Barbosa, parceira da iniciativa, e segue até 4 de dezembro. Toda a programação está sendo transmitida ao vivo no YouTube da Funarte.
A presidenta da Funarte, Maria Marighella, abriu o evento e destacou a realização do seminário como uma iniciativa pioneira que reconhece o papel da memória no processo de retomada institucional e, sobretudo, de formulação da Política Nacional das Artes, compromisso primeiro da Fundação e do Ministério da Cultura. “A Política Nacional das Artes nasce com este ativo: estar radicalmente comprometida com a democracia. E nesta retomada, que se inicia em 2023, a memória toma novo lugar, novo assento. Porque sabemos que a memória é fundamental para a construção do futuro”, afirmou a presidenta.
Maria Marighella ainda abordou o momento para uma nova formulação sobre a gestão da memória. “Se por um lado o estado brasileiro era mobilizado a ser o grande guardião da memória, hoje a guarda se torna, de maneira imperativa, compartilhada. Não apenas pela sociedade civil organizada, aqueles e aquelas verdadeiras guardiãs da política pública, que trazem a sabedoria, a voz ativa, a paixão e sensibilidade, mas a sociedade civil apoiada por uma rede imensa. Governo federal, estados e municípios que hoje se integram por meio do Sistema Nacional de Cultura. Dividimos essa responsabilidade nesse seminário, mas também a vocação e o papel de cada um nesse processo”, completou a presidenta.
A primeira mesa do seminário apresentou um panorama do que tem sido feito em relação aos acervos das artes no Brasil. A diretora de projetos da Funarte, Laís Almeida, apresentou as políticas e ações que estão sendo desenvolvidas no âmbito da Fundação. "É importante pensar como transformar o imaginário brasileiro quanto à relevância da preservação dos acervos das artes para construção da nossa memória", destacou.
Autoridades e especialistas compartilharam perspectivas sobre o que constitui, como preservar e como difundir acervos das artes no âmbito das políticas públicas. Foi apresentado um panorama do Sistema MinC, além do Arquivo Público Nacional. Em sua palestra, a historiadora e pesquisadora Lia Calabre, da Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB), apresentou reflexões sobre memória e políticas públicas. “Tomar o lugar de senhores da memória e do esquecimento tem sido uma estratégia das classes que dominaram e dominam a sociedade brasileira. Nós nos habituamos a não cuidar muito bem da nossa memória, e há uma ausência de preocupação com a diversidade de documentação e testemunhos que estejam guardados nesse conjunto. É urgente que tenhamos políticas de memórias efetivas para o conjunto de nossas memórias, no plural. A ideia é que a gente possa criar políticas que permitam que a própria sociedade, atores sociais, se tornem guardiões da sua história, que possam acessar suas memórias e não ver a história pelos olhos do outro”, pontuou a pesquisadora.
A coordenadora do Cedoc/Funarte, Joelma Neris, apresentou um panorama da Convocatória Funarte Mapeamento de Acervos de Arte no Brasil, realizada entre 2023 e 2024. A ação recebeu cerca de 300 inscrições de acervos pertencentes a artistas, familiares, grupos, companhias e instituições de diversas áreas, contemplando, entre elas, as linguagens de competência direta da Funarte como circo, dança, teatro, música e artes visuais. O levantamento traz à tona a diversidade e as demandas dos acervos mapeados.
Encerrando a programação do primeiro dia, artistas, curadores e pesquisadores como Bárbara Ribeiro (Unirio), Daiara Tukano (artista e curadora), Paulo Knauss (UFF) e Fabiano Cataldo (Museu Imperial) abordaram a temática a partir dos processos de criação e formação de acervos das artes.