Espetáculo ‘Camille em fuga’ dá início a temporada no Sesc Copacabana

O espetáculo teatral Camille em fuga estreia temporada no Sesc Copacabana, de 7 de novembro a 1º de dezembro, no Rio de Janeiro. A comédia dramática é inspirada no quadro ‘Mulher com Sombrinha’, do pintor impressionista Monet. A peça mostra uma relação de sensibilidade entre três mulheres, duas humanas e uma retratada na tela. O projeto contemplado pelo Programa Funarte Aberta, tem ingressos a preços populares.

Por meio de um jogo cênico de enquadramentos e pontos de vista, as três personagens se entrelaçam, construindo uma intimidade incomum no mundo individualista contemporâneo, descreve a produção. A montagem, destinada especialmente a mulheres a partir de 20 anos, tem texto e direção de Gabriela Estevão. As atrizes são Denise Stutz e Eli Carmo – que também atua na coordenação. O espetáculo é encenado na Sala Multiuso da unidade do Sesc.

A pintura e as questões que inspiraram a peça

“Mulher com Sombrinha, também conhecida como O passeio, é uma das obras mais emblemáticas do movimento impressionista. No quadro, Monet eternizou sua primeira esposa, Camille, e seu filho, Jean, em um campo de papoulas, com delicadeza e sensibilidade”, explica a produção. O quadro sempre foi um dos preferidos da autora e diretora Gabriela Estevão, e sua inspiração para escrever a obra. Nela, porém, o momento familiar registrado pelo artista francês provoca debates sobre sororidade (relação de união e/ou afeição entre mulheres para um mesmo objetivo*) e de outras questões tais como maternidade, liberdade do corpo; além de aprisionamentos sociais, medos e inseguranças femininos.

“A mulher é observada (e cobrada) o tempo todo pela sociedade. Mesmo sem querer, costuma ser aprisionada pelos moldes que são impostos por um universo patriarcal. Será que as pessoas próximas conseguem enxergar como essa mulher é de verdade? Conseguem entender o que realmente deseja? A trama parte desses questionamentos, em um convite ao público para que este reflita, com leveza e comicidade, sobre temas fundamentais para a sociedade atual”, comenta a dramaturga e diretora Gabriela Estevão.

O enredo e a integração com artes visuais

Em Camille em Fuga, a personagem Aura visita, toda segunda-feira, a mesma galeria, onde Camille trabalha, para admirar uma instalação, inspirada no quadro de Monet. É ali o seu refúgio, onde consegue ser ela mesma, sem precisar desempenhar qualquer “papel” para ninguém. “O cenário remete a um grande quadro, em que as atrizes são modelos vivos e sujeitos e, com isso, o espetáculo brinca com as planificações e com os pontos de fuga construídos nessa moldura cênica. É uma tela em branco que, aos poucos, vai ganhando movimento e cor através da iluminação; e com tecidos e acessórios coloridos, que vão se revelando, no figurino”, descrevem as realizadoras.

“É importante para a gente construir essa transdisciplinaridade entre teatro e artes visuais para falar da invisibilidade feminina, já que na pintura a mulher sempre ocupou mais o papel de objeto do que de sujeito”, lembra a atriz Eli Carmo – que interpreta Camille. “No MASP, inclusive, há uma obra da Guerrilla Girls que deixa isso em evidência, com o título As mulheres precisam estar nuas para entrar no Museu de Arte de São Paulo?. Apenas 6% das obras do MASP são de artistas mulheres, enquanto 60% dos nus são femininos”, acrescenta. 

A partir da sua personagem, Aura, Denise Stutz lembra que a peça também provoca uma discussão sobre a solidão da mulher que envelhece e que deixou sua própria vida em segundo plano. “Falamos da limitação que o passar do tempo vai impondo na nossa vida, principalmente das mulheres. Para onde foram seus desejos, e quais são os desejos que sobraram para o futuro?”, indaga a atriz.

SERVIÇO:

Espetáculo ‘Camille em fuga’

Data: 7 de novembro a 1º de dezembro de 2024

Horário: quinta-feira a domingo, às 19h

Local: Sesc Copacabana / Sala Multiuso: Rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana, Rio de Janeiro (RJ)

Ingressos: R$ 30 (inteira); R$ 15 (meia-entrada); Associado(a) do Sesc: R$ 7,50

Classificação indicativa: 12 anos

Público-alvo: Mulheres a partir de 20 anos

Duração: 1h