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Dia Internacional dos Monumentos e Sítios: 18 de abril
Aldeia de Arcozelo - Foto acervo CCOM - Funarte (2012)
Hoje, segunda-feira, 18 de abril, comemora-se o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios. A data celebra a solidariedade internacional em torno da proteção e da valorização do patrimônio cultural no mundo. Foi aprovada pela Unesco e instituída em 1982, pelo Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos), associado à organização, e por ela aprovada no ano seguinte.
A Fundação Nacional de Artes – Funarte comemora a data lembrando um dos seus patrimônios culturais e históricos, a Aldeia de Arcozelo, em Paty do Alferes – Rio de Janeiro (RJ). O equipamento foi inaugurado pelo ator, dramaturgo, diretor e produtor teatral Paschoal Carlos Magno (1906-1980), no ano de 1965 – “para ser um lugar onde jovens e artistas de todo o país pudessem desfrutar de todas as formas de criação e expressão artística”, diz o Projeto Brasil Memória das Artes – Funarte. “Mas, o que pouca gente sabe, é que sua história começou pelos idos de 1700”, complementa a fonte.
Com uma área total de 51 mil metros quadrados, a antiga Fazenda Freguesia, fundada em 1730, é considerada o maior complexo cultural da América do Sul. O espaço abriga dois grandes salas de espetáculos: o Teatro Itália Fausta, com capacidade para 1.200 pessoas, e o Teatro Renato Vianna, que comporta 240 espectadores. Dispõe, ainda, de uma sala para recitais musicais para 150 pessoas; uma sala de vídeo, duas galerias de arte e uma grande biblioteca. O edifício colonial tem 54 quartos, salões e varanda.
Em março de 2022, a Funarte, em parceria com a Prefeitura Municipal de Paty do Alferes realizou uma cerimônia de assinatura de Termo de Cooperação Técnica, com o objetivo de captar e aplicar recursos públicos, além de buscar parcerias com instituições privadas para a recuperação da Aldeia de Arcozelo Na ocasião, o coreto e a capela da Aldeia de Arcozelo foram reinaugurados, como parte das primeiras ações realizadas no local, após o recebimento do Registro Geral de Imóveis do complexo, ocorrido no ano passado.
Mais sobre a Aldeia de Arcozelo e sua história
Por volta de 1700, na região de Paty do Alferes, “começava a ser aberto o Caminho Novo para Minas Gerais. Anos depois, foi constituído ali um posto de patrulha e apoio aos viajantes que transitavam e trabalhavam no lendário caminho do ouro. Esse posto, que ficou conhecido inicialmente como 'Rossa do Alferes' e, mais tarde, 'Sítio do Alferes”, ficava no exato local onde hoje é a Aldeia”, relata o BMA.
“Entre 1739 e 1780, foi construída a primeira parte do casarão, que no século XIX passaria a ser a casa grande da Fazenda da Freguezia, cujo proprietário foi Emanuel Francisco Xavier, cultivador e exportador de café”. A propriedade foi passada para o Barão de Arcozelo. Em 1930, o local teria-se tornado uma fazenda de gado leiteiro.
“Em 1838, Manoel Congo (falecido em 1839) liderou uma revolta de escravos na fazenda. A ação ficou conhecida como a Revolta de Paty do Alferes, mantendo viva a memória da luta pela liberdade”, registra o Brasil Memória das Artes.
Como surgiu o projeto de Paschoal Carlos Magno
“Paschoal Carlos Magno (1906-1980) era animador, ator, produtor, crítico, autor e diretor. Personalidade fundamental na dinamização e renovação da cena brasileira, o artista fundou o Teatro do Estudante do Brasil, o Teatro Duse e a Aldeia de Arcozelo”, aponta o BMA. “Em 1958, após uma visita à antiga Fazenda da Freguesia (desativada e em ruínas), a convite dos proprietários, Paschoal teve a ideia de fazer daquele lugar um centro cultural que fosse modelo para o Brasil e o mundo.” Foi realizada a doação da fazenda, com a condição de que ela fosse utilizada unicamente como espaço para atividades culturais. Sem perder tempo, Paschoal reuniu-se com artistas, escritores e jornalistas” para a criação da Aldeia de Arcozelo, em 1965. “Após grande reforma”, nesse ano, “o centro cultural foi inaugurado, comparecendo cerca de cinco mil pessoas, de todas as partes do país”, relata o site.
Com a morte de Paschoal, que viveu os últimos anos de vida no local, o complexo foi entregue à antiga Secretaria de Cultura do Ministério da Educação e Cultura (MEC) – informa a fonte. O acervo de Arcozelo, com mais de 30 mil documentos, foi doado para o Centro de Documentação e Pesquisa (Cedoc) – Funarte, no final dos anos 1990 – acrescenta.
“A esperança de Paschoal Carlos Magno era de fazer da Aldeia de Arcozelo uma universidade de arte, ponto de convergência de estudantes de todo o país, ‘um lugar de beleza’ como gostava de dizer”, comentou o crítico teatral Macksen Luiz, citado pela fonte.
Leia mais sobre Paschoal Carlos Magno, no Portal da Funarte, aqui.