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Dia Internacional da Mulher: Funarte homenageia as participantes da Semana de Arte Moderna de 1922
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Na foto Malfatti, Graz, Novaes, Aita, Villa-lobos e d’Ambrósio (Crédito: Arquivo Nacional/Divulgação)
Neste Dia Internacional da Mulher, a Fundação Nacional de Artes - Funarte celebra as mulheres artistas que participaram da Semana de Arte Moderna de 1922. O evento transformador na cultura brasileira também trouxe mudanças em relação a como as mulheres eram vistas no mundo das artes. No ano do centenário da Semana, a instituição relembra as conquistas das mulheres brasileiras e a vida e a obra de Anita Malfatti, Regina Graz, Guiomar Novaes, Zina Aita, Lucília Guimarães Villa-Lobos e Paulina d’Ambrósio.
Vamos conhecê-las?
ANITA MALFATTI
Filha de pai italiano e mãe norte-americana, Anita Catarina Malfatti nasceu em 1889 com uma deficiência congênita no braço direito e, mesmo com cirurgia, não obteve sucesso em regular os movimentos. Graças à governanta da família, a alemã Miss Browne, a artista começou a praticar desenho e escrita com a mão esquerda. Aos 13 anos, tentou o suicídio ao se deitar nos trilhos do trem na Barra Funda (SP), onde morava, e foi naquele momento que ela decidiu que a pintura era o seu verdadeiro caminho. Aos 21 anos, mudou-se para a Alemanha para estudar artes e, em seguida, foi para os Estados Unidos, onde produziu uma série de nus artísticos que foram um escândalo para a época. Em 1917, de volta ao Brasil, organizou uma exposição individual em São Paulo, Exposição de Pintura Moderna, evento que serviu de semente para a Semana de Arte Moderna, que seria realizada cinco anos depois. Discreta e tímida, ela é considerada a primeira pintora modernista do Brasil.
REGINA GRAZ
Filha de diplomata, Regina Gomide Graz é irmã do também pintor Antonio Gomide. Nasceu em 1897 na cidade de Itapetininga (SP), mas se mudou para a Suíça por conta do trabalho do pai. Foi nesta época que conheceu o seu marido, o pintor suíço-americano John Graz. Ao retornar para o Brasil, em 1920, se aproximou dos modernistas e expôs sua obra em tapeçaria na Semana de Arte Moderna. Pintora, decoradora e tapeceira, Regina Graz foi considerada uma das responsáveis pela introdução das artes têxteis modernas no Brasil. Embora tenha um nome menos conhecido, ela foi uma das artistas mais produtivas do país durante a primeira e segunda gerações do modernismo brasileiro. Foi pioneira no interesse pela tradição indígena brasileira, tendo estudado a tecelagem indígena amazonense para aplicá-la em parte de sua obra.
GUIOMAR NOVAES
A pianista prodígio nasceu em 1894, na cidade de São João da Boa Vista (SP) e já aos quatro anos começou a tocar piano de ouvido. Guiomar foi a décima sétima de dezenove filhos, e quando completou 15 anos, mudou-se para a Europa a fim de continuar a estudar música. Teve uma bem sucedida carreira na área, chegando a se apresentar para a Rainha Elizabeth 2ª e o presidente americano Franklin Roosevelt. Sua especialidade eram composições de Chopin e de Schumann e foi uma importante divulgadora de Villa-Lobos no exterior. Quando se apresentou na terceira noite da Semana de Arte Moderna de 1922, ela já era uma das pianistas mais prestigiadas do Brasil e foi um sucesso entre o público que a assistiu.
ZINA AITA
Filha de empresários imigrantes italianos, Zina nasceu em 1900, em Belo Horizonte (MG). Morou na Itália dos 14 aos 18 anos e lá estudou desenho, pintura e cerâmica. Ao retornar para o Brasil, seus amigos Anita Malfatti e Mário de Andrade a apresentaram ao modernismo. Em 1920, fez uma exposição modernista em Minas Gerais e tornou-se precursora do movimento em seu estado. Participou da Semana de Arte Moderna de 1922 com oito telas, embora sua preferência fosse pela cerâmica, nos trabalhos ela apresentou a sua tendência decorativa, com preferência pela figura humana.
LUCÍLIA GUIMARÃES VILLA-LOBOS
Primeira filha de sete irmãos, Lucília nasceu em Paraíba do Sul (RJ), em 1886. Sua mãe tocava piano e começou a aprender a tocar o instrumento já na infância. Anos mais tarde, a família mudou-se para o Rio de Janeiro e Lucília começou a estudar no Instituto Nacional de Música (atual Escola de Música da UFRJ). Lucília formou-se em Teoria, Harmonia e Piano e por lá recebeu Menção Honrosa e ganhou medalha de Ouro no INM. Casou-se com Heitor Villa-Lobos, em 1913, e auxiliou o compositor no acabamento estético de suas primeiras composições, sendo uma das maiores divulgadoras do compositor. Na apresentação da Semana de Arte Moderna de 1922, acompanhou Heitor Villa-Lobos ao piano. Em 1936, recebeu o comunicado da sua separação por carta, em que o maestro queixava-se do destaque de sua esposa, sempre muito elogiada em suas apresentações de piano.
PAULINA D’AMBRÓSIO
Musicista e violinista, Paulina nasceu em 1890, em São Paulo (SP). Aos 15 anos entrou no Conservatório Real de Bruxelas, na Bélgica, e o seu aprendizado no instrumento, a levou a dar aula no Instituto Nacional de Música (atual Escola de Música da UFRJ), por 42 anos. Foi uma das violinistas que acompanhou Heitor Villa-Lobos durante a apresentação na Semana de Arte Moderna de 1922 e era considerada a violinista favorita do maestro. Dentre seus alunos destacam-se: Ernani Aguiar, Guerra Peixe, Henrique Morelenbaum, Michel Bessler, Natan Schwartzman, George Marinuzzi, Julia Dreisler, Luis Strambi e Santino Parpinelli.
Atividades que hoje são consideradas básicas, como ter uma conta bancária, divorciar-se ou até mesmo votar nas eleições, em 1922, não eram permitidas às mulheres. Há cem anos se esperava que mulheres soubessem pintar, tocar algum instrumento e escrever poesia, mas encarar a aptidão para as artes como uma profissão ainda era mal visto pela sociedade da época. Por isso, o papel que estas mulheres exerceram foi muito além da Semana de Arte Moderna, tornando-se inspiração para as próximas gerações de artistas.
Parabéns a todas as mulheres!