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Ibermúsicas, música, Funarte
Conselho Intergovernamental do Ibermúsicas reúne-se pela primeira vez no Brasil
Foto L. Giordani - CCOM - Funarte - 25/4/2023
A Fundação Nacional de Artes – Funarte recebe a XX Reunião Presencial do Conselho Intergovernamental do Programa Ibermúsicas. O encontro se realizou pela primeira vez no Brasil, de 25 a 28 de abril, e contou com representantes de ministérios, secretarias e órgãos governamentais de cultura dos países-membros. O Brasil, por intermédio da Funarte, integra o Colegiado, desde 2012.
Aprovado na XXI Cúpula Ibero-americana de Chefes de Estado e de Governo, em 2011, o Ibermúsicas tem como objetivo a cooperação de países da região em torno de objetivos comuns: a ampliação do mercado de trabalho para os músicos, o estímulo à circulação, a difusão das músicas ibero-americanas e a troca de informações e conhecimento. Atualmente, o Programa é formado pelos seguintes países: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, Espanha, México, Panamá, Paraguai, Peru, Portugal, Uruguai e Venezuela. A Secretaria-Geral Ibero-americana (Segib) também tem voz nas reuniões, mas sem voto.
As reuniões do Conselho Intergovernamental ocorrem num dos países-membros, anualmente. Neste ano, o evento ocorreu em Copacabana, no Rio de Janeiro. Na abertura, dia 25, terça-feira, a Ministra da Cultura do Brasil, Margareth Menezes, foi representada pelo secretário-executivo do Ministério, Márcio Tavares. Abrindo os trabalhos, ele deu as boas-vindas aos participantes e destacou a importância da Reunião para as culturas ibero-americana e brasileira. Se pronunciaram, ainda: a presidenta da Funarte, Maria Marighella; o coordenador do Espaço Cultural Ibero-americano da Secretaria-Geral Ibero-americana (Segib), Enrique Vargas; a Presidenta do Programa Ibermúsicas, Camila Gallardo Valenzuela; e Eulícia Esteves, diretora de música da Funarte.Também estavam presentes o diretor-executivo da Fundação, Leonardo Lessa; integrantes da Diretoria – Laís Almeida e Aline Vila Real; a coordenadora de bandas de música, Rosana Lemos; o assessor Marcos Teixeira; e Rui Moreira, anunciado como futuro Diretor de Artes Cênicas.
No diálogo, entidades, realizadores e comunicadores
Maria Marighella comenta que a reunião acontece num período singular da história do Brasil. "O momento atual está marcado pela retomada da valorização dos artistas e das artes no Brasil, tão atacados. Isso faz com que esta conferência se torne mais importante, mais ouvida e mais sentida. Ela certamente produzirá conteúdos que poderão marcar os programas públicos de cultura, a partir de agora e nos anos seguintes, nesse próximo ciclo do País”, afirma a presidenta da Funarte.
No encontro, houve espaço para o diálogo entre os conselheiros e agentes do setor da música no Brasil. Participaram desta jornada especial Antonio Gutierrez (Gutie), integrante e fundador da Associação Para o Desenvolvimento da Indústria da Música Ibero-americana (Adimi); a presidenta da Associação Brasileira de Festivais Independentes (Abrafin), Ana Morena; o executivo d e rádios públicas da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Thiago Regotto; o diretor-geral da TVE Bahia e da Rádio Educadora FM (Bahia), Flávio Gonçalves; João Guilherme Ripper, membro da diretoria do Fórum Brasileiro de Ópera, Dança e Música de Concerto (FB-ODM); e a diretora-executiva do Festival Amazonas de Ópera (FAO), Flávia Furtado. )
Consolidação do apoio à música e a redes de linguagens musicais
Camila Gallardo, presidenta do Ibermúsicas, disse que essa reunião do Comitê é muito especial, por ser a vigésima. “Celebramos ter
ultrapassado dez anos do programa Ibermúsicas – criado em 2011, com as primeiras convocatórias em 2012. Já somamos mais de seis milhões de dólares em apoio à música e aos músicosibero-americanos”, comemorou Camila Gallardo. “O fato de essa reunião ocorrer no Brasil pela primeira vez nos alegra, motiva e inspira muito, até porque ele tem uma influência musical enorme em toda a região; e porque a contribuição do mercado da música brasileira é vista como exemplo por outros países”, analisou a presidenta. Ela elogiou, ainda, o apoio do Governo do Brasil, por meio do Ministério da Cultura e da Funarte, para a realização do evento. “Trabalhamos nesta reunião para consolidar redes importantes. Além disso, desenvolvemos uma plataforma que reúne dados. Queremos consolidar e reforçar os apoios atualmente concedidos; planejar as convocatórias deste ano e do próximo; debatemos, por exemplo, a ampliação dos ensaios, execuções e difusão das obras concursadas”, resumiu Camila Gallardo.
Com a música, construir um futuro para a democracia
O coordenador do Espaço Cultural Ibero-americano da Segib, Enrique Vargas, também frisa ser muito relevante que a reunião do Comitê do Ibermúsicas se realize no Brasil, pela primeira vez e em uma comemoração de uma década do Programa. “Isso tem grande valor para todos os países-membros. O Brasil exerce influência muito importante no mundo da música. Estamos muito contentes por estar aqui”. Vargas espera que, no encontro, consolidem-se processos e se revisem questões; se produzam entendimentos para grandes projetos comuns; e, sobretudo, se atue para a reativação plena da atividade musical, depois do impacto causado pela pandemia de covid 19. “A participação do Brasil no Ibermúsicas sempre foi muito relevante e assídua. Mas esperamos, principalmente, construir um futuro de compartilhamentos e com uma nova visão, para a construção permanente da democracia – considerando-se toda a relevância que tem a música para o ser humano, para a convivência e a inclusão social”, comentou, acrescentando que o Ibermúsicas pode aprender muito com o legado simbólico e a experiência da Funarte, às vésperas dos seus 50 anos de trabalho, para a edificação do futuro que se almeja.
A importância da circulação e dos festivais
Antonio Gutierrez, o “Gutie”, da Associação para o Desenvolvimento da Indústria da música Ibero-americana (Adimi), apontou a variedade das pautas
mais significativas do evento. “A região vive, há muito tempo, sem uma conexão verdadeira no campo musical”. Como exemplo, lembra que criou e coordena, há quase 30 anos, o festival Rec Beat, em Pernambuco; e que realiza aproximações e intercâmbios com artistas ibero-americanos, há cerca de 20 anos. “Somos um caso, mas existem pouco outros. É preciso debater o que pode ser feito para impulsionar as conexões entre os países-membros, a circulação e o mercado cultural. Não há um programa para isso. Mas agora vivemos um momento ideal para discutir o tema. O planejamento depende da ação multilateral e também das políticas de cada nação. É preciso ampliar fóruns de diálogo internacional, como este, para que se pense conjuntamente quais são os mecanismos possíveis de fortalecimento e incremento das relações culturais entre os países. Na Ibero-América, estão muito abertos para isso, inclusive o Brasil”. Gutie exaltou a importância da Fundação Nacional de Artes nesse movimento, principalmente para festivais independentes. “A Funarte sempre exerceu políticas potentes de circulação. É muito bom ver agora a retomada dessa função essencial”.A presidenta da Associação Brasileira dos Festivais Independentes, Ana Morena, mencionou que há pautas de destaque para essa atividade. “A área de festivais é uma das principais plataformas de fruição, divulgação e fortalecimento da música brasileira – principalmente nas localidades. Trouxemos aqui esse debate, que já existe, mas o ampliando para outros países. É incrível ver que estamos todos com as mesmas dificuldades centrais: a circulação de artistas – dentro e fora de cada nação –; a sustentabilidade dessa política; e o incentivo às localidades e sua difusão. Não há antagonismo entre o intercâmbio inter-regional/internacional e o incentivo à cultura local. Ao contrário: quanto mais diversos são os festivais, mais plurais se tornam os cenários artísticos de cada lugar”, reflete a dirigente da Abrafin.
Cooperação e intercâmbio
A diretora de música da Funarte, Eulícia Esteves, enfatizou a importância do Ibermúsicas. “O Programa já beneficiou diretamente mais de 160 artistas, grupos, pesquisadores, compositores e outros agentes do setor musical brasileiro. É uma importante plataforma de cooperação e intercâmbio". Eulícia frisou, ainda, *o significado da realização dessa conferência no Brasil* : "Reforça nosso compromisso com o Ibermúsicas e, ao mesmo tempo, afirma a diversidade linguística da região. É a primeira vez que o encontro acontece num país lusófono. Somos diversos e nos compreendemos muito bem, em torno de agendas comuns”.
Fotos: L. Giordani - CCOM - Funarte