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Cantora Soraya Ravenle e violoncelista Maria Clara Valle fazem show de reabertura do Teatro Glauce Rocha
Maria Clara Valle e Soraya Ravenle. Foto: Roosevelt Mota - Arte de Toda Gente - UFRJ.
No dia 20 de dezembro, terça-feira, a Fundação Nacional de Artes – Funarte apresentou o primeiro show musical da pauta de reabertura do Teatro Glauce Rocha, patrimônio da instituição, no Centro do Rio de Janeiro (RJ). O Verbo é Ir , apresentado às 19h, traz a cantora Soraya Ravenle, cantando uma versão musical de uma carta, em prosa, do jornalista Geneton Moraes Neto para sua namorada e futura esposa, Beth Passi. O texto foi musicado pela violoncelista Maria Clara Valle e pela intérprete, que atuam juntas, no palco.
A carta foi feita em 1981, no momento da despedida de Geneton e Beth, dois jovens estudantes, em Paris, quando a jovem decidiu voltar para o Brasil. “Percebo a carta como uma profunda ode ao movimento e a transformação permanente que é viver”, resume Soraya Ravenle. “Muito além de uma carta de amor, as palavras de Geneton me atravessaram como flechas no coração. Uma dessas flechas me provocou a compor: ‘Tudo o que é grande e forte é nômade. É preciso emigrar diariamente. Não é uma questão de geografia, é uma questão de alegria.’ [...] Maria e eu deixamos então o nosso encontro falar. Um encontro/ conversa de duas mulheres da música, das artes da cena, que traz à tona nossos rastros, silêncios, cumplicidade e memórias [...] para com essa mandala ir, ir, ir…” Mas, para onde? Maria Clara Valle complementa: “Para dentro fora dentro... Para o limite, limiar, beira; e assim atravessar o ponto e ver o que tem lá... Para os mundos internos e descobrir que também tem céu por lá e ele pode ter todas as cores, até as inventadas”.
Estiveram na plateia, pela Fundação Nacional de Artes, seu diretor executivo Marcelo Nery, representando o presidente Tamoio Marcondes; os diretores da casa, de projetos, José Alex Botelho de Oliva Jr., de artes cênicas, José Maurício Moreira, e de música, Bernardo Guerra; e as coordenadoras de teatro, Kathryn Valdrighi, e de música popular, Eulicia Esteves; entre outros servidores e colaboradores da Funarte. A entidade reinaugurou oficialmente o Teatro Glauce Rocha no dia 20 de dezembro de 2022. Com entrada gratuita, programação inclui teatro e música. Acesse mais informações abaixo.
Foto Julia Sarraf - Produção
“Me faltam palavras para dizer da emoção de estar num espaço histórico e lindo como este. Fizemos o duo de violoncelo e voz sem amplificação, apenas contando com a acústica excelente da sala. É um teatro ‘de verdade’, não um auditório ou cinema adaptado. Me emociona saber que, na reforma, não tiraram as madeiras, preservando as características – inclusive das poltronas”, elogiou a cantora. “Acho que a frase que sintetiza a obra que apresentamos é: ‘Tudo que é grande e forte é nômade’, ou seja: está sempre se movimentando. Acho que isso tem relação com o momento de renovação que vivemos agora; e que a reforma do Teatro Glauce Rocha também representa isso”, refletiu Soraya.
O diretor executivo da Funarte fechou o evento, em nome da Presidência da Casa: “A reabertura do Teatro Glauce Rocha é muito significativa. É um espaço importante para o Rio de Janeiro e para o país – tendo recebido espetáculos de muitos outros estados. Por aqui passou parte da história teatral brasileira, em espetáculos memoráveis”, disse Marcelo Nery. “Também estamos finalizando a recuperação de outros equipamentos no Rio, como a Sala Funarte Sidney Miller, no Edifício Gustavo Capanema, já reaberta, e a Casa Funarte Paschoal Carlos Magno, com o Teatro Duse. Os teatros Cacilda Becker e Dulcina estão funcionando plenamente. Os espaços das regionais têm estado cheios. Viabilizou-se ainda uma sala para a Funarte em Brasília, no CCBB. Estamos transferindo o acervo do Centro de Documentação e Pesquisa (Cedoc – Funarte) para o Museu Casa da Moeda, um lugar à altura desse patrimônio”, relatou.
A violoncelista Maria Clara Valle comentou sobre a relevância de se realizar uma ação como essa, num local como o Glauce Rocha: “Reduziram-se muito as opções de espaços para apresentações musicais – também devido à acústica. Vejo este teatro com muita potência para acolher música instrumental. Tem acústica, tamanho e localização (próximo ao Metrô) excelentes. Isso permite fazer formação de plateia, trazendo escolas, por exemplo, e com oficinas”. A artista acrescenta que o trabalho de O Verbo é Ir permanece em processo de criação musical.
Acesse aqui a carta de Geneton Moraes Neto a Beth Passi
A programação do teatro
A agenda gratuita de reabertura do Glauce Rocha continua até quinta-feira, 22 de dezembro. Todos os dias, às 12h30, a Companhia Folclórica do Rio – UFRJ apresenta seu espetáculo comemorativo de 35 anos de atividades, na rua, em frente ao teatro. No dia 21, às 19h, é a vez do recital “A Era do Rádio”, com o tenor Saulo Laucas e o pianista Giuseppe Laucas. No dia seguinte, quinta, 22, às 18h, o teatro recebe as montagens Eu vi tudo acontecer , de Reinaldo Machado; e Manual de sobrevivência do preto , de Alberta Juliana e Mayara Liriano. Essa pauta de reabertura integra a Mostra Arte de Toda Gente Bossa Criativa Rio de Janeiro + Um Novo Olhar , iniciativa da Funarte, em parceria com a UFRJ. A curadoria é da Escola de Música da Universidade. Acesse a notícia com mais informações sobre a programação do Teatro Glauce Rocha, no link abaixo.
Ficha técnica
Idealização, voz e performance: Soraya Ravenle
Música original: Soraya Ravenle, colaboração de Azullllllll
Arranjo, direção musical, violoncelo, voz, performance: Maria Clara Valle
Texto-base: Geneton Moraes Neto
Direção: Laura Samy
Colaboração dramatúrgica: Liliane Rovaris
Luz: Laura Samy e Jon Tomáz
Fotos, filmagem: Thaís Grechi
Interlocução musical: Diego Zangado e Jonas Hocherman
Identidade gráfica: Lucas Botelho
Figurino: Virgínia Barros e Laura Samy
Cabelos: Beto Carramanhos
Costura: Francisca Saboia
Operação de luz: Sandro Demarco
Produção: Aninha Barros e Crysolitha produções artísticas Ltda.
Acesse aqui a notícia com a agenda de reinauguração do Teatro Glauce Rocha.