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Programa de Aquisição de Alimentos beneficia comunidade indígena Yanomami com apoio da Funai
A comunidade indígena Yanomami em Maturacá, no município de São Gabriel da Cachoeira (AM), agora conta com o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Estão sendo beneficiados 67 produtores indígenas, sendo 51 mulheres. Inédita na região, a iniciativa foi criada para promover a segurança alimentar e fortalecer a produção local e conta com o apoio da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e Ministério dos Povos Indígenas (MPI).
"Hoje, sofremos com a desnutrição das comidas industrializadas. Para poder minimizar as doenças, precisamos fortalecer a comida tradicional”, explicou Carlinha Yanomami, presidenta da Associação de Mulheres Yanomami Kumiräyöma (AMYK).
O programa visa ampliar o abastecimento e o consumo de alimentos saudáveis entre as comunidades, visto que são alimentos tradicionais, adquiridos e doados no próprio território. Em Maturacá, uma unidade de saúde, duas escolas municipais e uma estadual são beneficiadas.
"A gente faz roça pela cultura. Antigamente, nossos avós faziam uma rocinha para plantar pelo menos o que comer. Agora que nós vamos crescer a roça. Antigamente não era assim", reforçou Armindo Moura, beneficiário do PAA na comunidade indígena Yanomami em Maturacá e que recebeu o cartão do PAA em setembro.
Segundo a presidenta da Funai, Joenia Wapichana, a instituição tem trabalhado com ações de etnodesenvolvimento encorajando as comunidades indígenas que se dedicam à agricultura familiar e/ou comunitária. “É um trabalho que contribui com outras comunidades que estejam passando por vulnerabilidades na segurança alimentar”, frisou.
PAA Indígena
A implementação do PAA Indígena na Terra Indígena Yanomami (TIY) é uma ação do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), realizada em parceria com a Funai e MPI e a Secretaria de Estado da Produção Rural (Sepror/AM).
Atualmente, o programa abrange 12 estados. De acordo com o Sistema de Informação e Gestão do Programa de Aquisição de Alimentos (SISPAA), foram incluídos 3.710 agricultores e agricultoras familiares e 453 unidades de recebimento.
A aquisição dos alimentos é feita preferencialmente por produtos dos próprios povos indígenas, e os alimentos são destinados por meio de doações a unidades que atendam pessoas em insegurança alimentar identificadas entre esse mesmo público. A ação busca unir esforços do Governo Federal e da sociedade civil para garantir o acesso regular e adequado aos alimentos.
A iniciativa permite não só a garantia da segurança alimentar e nutricional nas comunidades atendidas, como também o fortalecimento da atividade de cultivo de alimentos, que gera renda e ajuda a manter a cultura local desses povos. "Vai crescer mais a roça, para poder plantar mais e para a gente escoar para o município. É assim que a gente trabalha aqui, por cultura", explicou Armindo Moura.
A preferência na compra dos alimentos é dada aos próprios povos indígenas, alinhando-se às normas do PAA, com o objetivo de promover a recuperação da capacidade produtiva dessas comunidades e gerar um impacto positivo na segurança alimentar a longo prazo.
Investimento
Desde o início da implementação do PAA Indígena, já foram destinados R$ 44,5 milhões em recursos, sendo R$ 33,5 milhões em execução e o restante a serem aplicados. A Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sesan) do MDS divulgou a segunda portaria de pactuação de recursos, reforçando a estratégia de ampliar a atuação em áreas vulneráveis.
“O PAA Indígena tem o potencial de gerar autonomia para essas comunidades, valorizando sua cultura alimentar e promovendo a segurança alimentar e nutricional, garantindo a essas populações, localmente, o direito humano à alimentação adequada, que é um direito universal, assegurado pela Constituição Federal a toda pessoa no nosso país”, observou a secretária nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do MDS, Lilian Rahal.
Parceiros
Foi central para a mobilização e para a execução do programa na TIY o apoio da Associação Yanonami do Rio Cauaburis e Afluentes (AYRCA) e Associação das Mulheres Yanomami Kumirayoma; da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN); das unidades descentralizadas da Funai, como a Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami e Yek’wana (CFPEYY) e a Coordenação Regional do Rio Negro (CR-RNG); e do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (IDAM), de São Gabriel da Cachoeira (AM).
Assessoria de Comunicação/Funai
Com informações do MDS