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Presidenta da Funai defende representação indígena para assegurar direitos civis e territoriais
A presidenta da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, reforçou a importância da representatividade dos povos indígenas nos espaços onde as necessidades de cada povo são consideradas na formulação de políticas públicas, tanto no âmbito do Poder Executivo quanto nos Poderes Legislativos municipal, estadual e federal. A manifestação ocorreu nesta sexta-feira (26), durante a mesa “Aldear a Política: Reparações e Ações Afirmativas”, na 20ª do Acampamento Terra Livre (ATL).
“Nós temos uma especificidade, uma necessidade de falar, de atender as demandas e as propostas, mas acima de tudo, de assegurar que os povos indígenas tenham direitos civis e direitos políticos: de votar e ser votados para lutarem contra projetos anti-indígenas e avançar em pautas que estão em tramitação há muito tempo”, argumentou Joenia fazendo referência ao canto que os indígenas fizeram para recepcionar as componentes da mesa de discussão, no palco principal do ATL. “Eu quero agradecer esse canto porque nos faz lembrar a nossa origem”, acrescentou Joenia, que também é indígena do povo Wapichana.
Além de Joenia, a mesa “Aldear a Política: Reparações e Ações Afirmativas” foi composta pela ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara; a deputada federal Célia Xakriabá (MG); e a assessora-chefe de Inclusão e Diversidade do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Samara Pataxó.
As terras indígenas não podem ser separadas de um planejamento de Estado quando se discute desenvolvimento econômico. É nesse contexto que se insere a política na vida dos povos indígenas: para lutarem pela garantia de seus direitos.
A presidenta da Funai também recordou do tempo em que as mulheres não eram chamadas para discutir assuntos levados para fora das comunidades indígenas em nível regional e nacional. E que elas tinham apenas o papel que cumpriam dentro de casa. De igual modo, referiu-se Joenia, se colocava dúvida em termos de capacidade de fazer gestão em relação aos órgãos públicos.
“E hoje nós vemos muitas mulheres professoras, agentes de saúde e profissionais que ajudam a organizar as próprias comunidades. E com o tempo fomos vendo a necessidade de ampliar essa participação em ocupar os espaços. Hoje, nós temos parlamentares indígenas, profissionais na área do direito, na área médica, na área de engenharia, entre outras”, evidenciou Wapichana, reforçando a importância desses avanços e o papel de usar esses exemplos como motivação para outros indígenas jovens e mulheres, para essa representatividade.
Isto porque, segundo a presidenta da Funai, são nesses espaços onde se discutem políticas públicas de educação, saúde, meio ambiente, demarcação, proteção territorial e outros temas relacionados aos povos indígenas.
“É justamente isso que faz a participação política, poder fazer análise de propostas e elaborar projetos de bem-viver nos territórios e que incorporem as especificidades, a diversidade e os direitos dos povos. E mostrar que as terras indígenas têm seu potencial, a sua importância e que elas não podem ser separadas de um planejamento de Estado quando se discute desenvolvimento econômico. É nesse contexto que se insere a política na vida dos povos indígenas: para lutarem pela garantia de seus direitos”, ressaltou.
Assessoria de Comunicação/Funai