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Operação de combate a incêndio na Terra Indígena Karajá preserva 70% do território
Entre os dias 10 e 22 de setembro, uma operação emergencial de combate a incêndios foi realizada na Terra Indígena Karajá de Aruanã II, situada no município de Cocalinho, Mato Grosso. A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), por meio da Coordenação Técnica Local de Goiânia (CTL-GYN), prestou suporte logístico e operacional para combater o fogo que ameaçava o território. A ação garantiu a preservação de cerca de 70% da área total de mais de 893 hectares, essencial para a subsistência da comunidade Karajá.
A Terra Indígena Karajá de Aruanã II fornece recursos vitais para atividades de pesca, caça, coleta e extração de materiais usados no artesanato e construções tradicionais. No entanto, o território tem se tornado cada vez mais vulnerável ao fogo. O incêndio, iniciado em focos provenientes de Mato Grosso e Goiás, representava uma ameaça significativa para a terra indígena.
Com o monitoramento ativo da unidade descentralizada da Funai em Goiânia, a ameaça foi identificada no dia 10 de setembro, permitindo uma resposta rápida. Em menos de 12 horas, a Funai acionou o Prevfogo do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Uma equipe de cinco brigadistas que atuava na Chapada dos Veadeiros foi deslocada de Alto Paraíso de Goiás para a cidade de Aruanã (GO), iniciando os trabalhos de campo em 13 de setembro. A operação contou também com o apoio da comunidade indígena Karajá, que ajudou a guiar a equipe aos pontos críticos.
Durante a ação, foram realizadas atividades como abertura de picadas (criação de trilhas ou caminhos estreitos em áreas de mata ou floresta densa, geralmente para facilitar o deslocamento de pessoas, animais ou até veículos em regiões onde o terreno é de difícil acesso), limpeza de áreas, criação de aceiros e combate direto às chamas. Com a colaboração do SESI, que ofereceu alojamento, e da Prefeitura de Aruanã, que forneceu alimentação, a operação foi um exemplo de articulação intersetorial bem-sucedida. Ao final, aproximadamente 20 km de linhas de defesa foram abertas, permitindo a contenção do incêndio e preservação de uma grande parte do território, mesmo com as áreas rurais ao redor gravemente afetadas.
Continuidade do Monitoramento
Apesar do sucesso, a ameaça de novos focos de incêndio persiste, devido às condições climáticas do Cerrado, como alta temperatura, baixa umidade e ausência de chuvas. A Funai, junto com a comunidade indígena e parceiros locais, segue monitorando a região, especialmente a Terra Indígena Karajá de Aruanã III, localizada em Goiás, para evitar novos incidentes.
Francisco Oliveira, coordenador da Funai em Goiânia, destacou a importância da continuidade no monitoramento e na construção de picadas de segurança para prevenir futuros incêndios. "A ação de combate aos incêndios na Terra Indígena Karajá de Aruanã II foi crucial para a preservação de grande parte do território. No entanto, permanecemos em alerta, realizando monitoramento contínuo e prontos para agir novamente, se necessário. O apoio local foi fundamental para o sucesso da operação," afirmou.
Além do apoio logístico, suporte técnico e articulações intersetoriais, os técnicos da Funai em Goiânia também atuaram diretamente no combate ao incêndio, é o que explica do Assistente Técnico Haroldo Resende: "O Cerrado é um bioma muito propício aos incêndios florestais e, ao mesmo tempo, muito hostil a quem está na linha de frente. Toda ajuda qualificada é bem vinda para auxiliar nos trabalhos de combate, prevenção e superação dos obstáculos naturais como as matas de cipó, espinhos, bem como na disponibilização de mais recursos materiais como ferramentas, alimentos e água para os brigadistas".