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Nota: Funai recebe com preocupação fala do secretário de Segurança de MS sobre conflito que resultou na morte de um indígena
A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) recebe com preocupação a declaração noticiada na imprensa, que teria sido feita pelo atual secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul, Antonio Carlos Videira, em relação aos indígenas envolvidos no trágico episódio ocorrido na Terra Indígena Nhanderu Marangatu, na última quarta-feira (18).
De acordo com o jornal “Correio do Estado”, o secretário afirmou que os conflitos foram acirrados “com a presença de índios paraguaios” que teriam relação com “interesses de facções criminosas que exploram o tráfico de drogas”. O secretário também teria afirmado que "a grande produção [de drogas] de toda essa região tem como destino grandes centros, por meio de aldeias. De aldeia em aldeia até chegar próximo de Campo Grande; Dourados; e aí ter acesso aos maiores centros consumidores". As informações foram publicadas na edição eletrônica do jornal na quarta-feira (18).
Tal afirmação não apenas reforça estereótipos preconceituosos, como também desconsidera a complexidade e a gravidade da situação vivida pelos povos indígenas na região. A declaração desrespeita a memória do indígena Neri Guarani Kaiowá, assassinado com um tiro na cabeça, e, por conseguinte, os direitos fundamentais das comunidades indígenas ao tratá-las como meros pontos logísticos para o tráfico de drogas.
No atual contexto em que os povos originários enfrentam uma longa e dolorosa história de violações, a acusação generalizada de associação de indígenas ao tráfico de drogas desvia o foco dos verdadeiros problemas: a violência sistemática, as dificuldades para avançar nos processos de demarcação de terras indígenas e a obtenção de proteção efetiva de seus territórios, bem como a carência de políticas públicas que respeitem a cultura e o modo de vida dos povos originários.
É fundamental que as autoridades instituídas conduzam uma investigação séria, imparcial e transparente sobre o ocorrido, sem pré-julgamentos e sem criminalizar injustamente aqueles que, historicamente, têm lutado por seus direitos e por sua sobrevivência. Ao proferir tais acusações, o secretário não apenas ofende a comunidade indígena do território Nhanderu Marangatu, mas também todos os povos indígenas e suas lutas legítimas por respeito, reconhecimento e justiça.
A Funai reitera sua solidariedade à comunidade Nhanderu Marangatu, a todas as comunidades indígenas e à família de Neri Guarani Kaiowá. A autarquia indigenista pede que as autoridades tratem este caso com a seriedade e o respeito que ele merece, garantindo o direito à verdade e à justiça.
Fundação Nacional dos Povos Indígenas