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MEC anuncia repasse de R$ 32 milhões para ações educacionais na Terra Indígena Yanomami
O Ministério da Educação (MEC) destinou R$ 32 milhões para a construção de escolas na Terra Indígena Yanomami (TIY), localizada nos estados de Roraima e do Amazonas. Os recursos são destinados também à manutenção dos espaços e à formação de educadores no território etnoeducacional Yanomami e Ye’kwana, de forma emergencial. A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) ficará responsável por executar as obras. Além disso, o Instituto Federal de Roraima (IFRR) conduzirá a formação de professores para atuarem junto aos estudantes Yanomami.
O ministro da Educação, Camilo Santana, anunciou o repasse na terça-feira (20), em reunião com lideranças indígenas para tratar de ações voltadas à educação. A diretora de Administração e Gestão, Mislene Methacuna, e o coordenador de Processos Educativos, André Ramos, representaram a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) no encontro, no qual também foi anunciado o investimento de mais de R$ 195 milhões para construção de outras escolas indígenas no país.
“O Estado brasileiro tem uma dívida histórica com os povos originários e sabemos das dificuldades que as secretarias estaduais e municipais têm de realizar ações nessas regiões”, disse Santana. “Pensando nisso, o MEC adotou uma nova estratégia e vai repassar diretamente os recursos para instituições federais de ensino, com a finalidade de agilizar a execução das obras e das iniciativas nos territórios, sempre prezando pelo diálogo e acompanhamento dos povos indígenas”, afirmou.
Acompanhada de servidores das áreas técnicas da Funai, a presidenta Joenia Wapichana cumpre agenda em Roraima desde terça-feira (20) para dialogar com as lideranças indígenas Yanomami e Ye’Kwana e com os órgãos parceiros sobre as ações de enfrentamento à crise humanitária no território, causada pelas atividade criminosas do garimpo na região. Entre as demandas apresentadas pelos indígenas, estão pedidos voltados para a pauta da educação.
Investimento
O território etnoeducacional Yanomami e Ye’kwana será o primeiro a receber o apoio do MEC por meio das universidades e institutos federais, neste ano. O investimento será destinado para a construção de quatro casas-escola Yanomami e Ye’kwana; dez espaços de saberes de autogestão; e um centro de formação. Também será criado um curso técnico em magistério indígena pelo IFRR, além de outras atividades de formação de professores e da compra de material didático.
Do investimento total de R$ 32 milhões, aproximadamente R$ 18 milhões serão destinados à formação de professores, maior demanda trazida pelas lideranças. Os Yanomami são a etnia brasileira com o menor número de profissionais formados pela educação superior — menos de 1% tem formação neste nível. Os novos aportes visam fortalecer o Programa Saberes Indígenas no Território, responsável pela formação continuada e pela produção de material didático voltado a esse público.
Participação indígena
A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, defendeu os avanços na educação indígena, mas apontou que ainda é preciso fazer mais. “Mesmo com o que já conquistamos, sabemos que existem dificuldades enfrentadas por esses povos e que ações mais articuladas são fundamentais para a superação da crise humanitária e educacional. Políticas e iniciativas de educação indígena trabalham mais do que o quesito educacional dos povos, elas permeiam aspectos sociais e culturais dos territórios”, declarou.
O ativista e escritor indígena Ailton Krenak pediu mais participação dos povos na educação. “É muito importante que conselhos consultivos, formados por membros da comunidade indígena, façam parte da tomada de decisões na educação indígena. Assim, podemos ajudar a garantir a efetividade das políticas e sua integração com a realidade dos povos originários”, ressaltou.
Presidente da Hutukara Associação Yanomami (HAY) e escritor, Davi Kopenawa destacou a união de esforços para a manutenção da educação escolar indígena. “É importante pensarmos juntos nessas políticas e ações para atingir o nosso desejo coletivo: a garantia da educação indígena com qualidade para os brasileiros”, afirmou Kopenawa. “Nosso povo precisa aprender a ler e a escrever porque só por meio da educação teremos a capacidade de garantir os nossos direitos e a nossa terra”, finalizou.
Assessoria de Comunicação/Funai
Com informações do Ministério da Educação