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IBGE busca parceria com a Funai para contagem de indígenas que vivem fora do Brasil
Em uma iniciativa inédita, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) está se estruturando para fazer a contagem de brasileiros que vivem fora do país. Da mesma forma que a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) contribuiu com o órgão para a coleta de dados com aspectos específicos da população indígena no Censo Demográfico 2022, o IBGE procurou a Funai para ampliar essa contribuição no levantamento de indígenas brasileiros que vivem no exterior. O assunto foi tratado, nesta quarta-feira (21), com o presidente do IBGE, Marcio Pochmann, e o assessor especial da presidência do órgão, Denis Maracci.
“Os dados que o IBGE produz são importantes para a implementação das nossas políticas públicas nas terras indígenas, nos estados e nos municípios. O estabelecimento desta parceria pensando na identificação dos indígenas que vivem nos outros países é super importante para os nossos dados”, destacou a presidenta-substituta da Funai, Lucia Alberta.
De acordo com o presidente do IBGE, Marcio Pochmann, sabe-se que há um trânsito de indígenas nas fronteiras brasileiras que se deslocam de um país para o outro. “Não sabemos muito bem a quantidade e por isso viemos conversar com a direção da Funai, para que possamos, através de um entendimento, produzir elementos que nos permitam considerar na contagem”.
Para a diretora de Administração e Gestão (Dages), da Funai, Mislene Metchacuna, a contagem de indígenas nativos do Brasil em solo estrangeiro pode contribuir com vários desafios que a Fundação enfrenta na assistência aos povos indígenas que vivem nas fronteiras. “A gente acredita que essa iniciativa irá fortalecer a atuação da Funai de uma forma mais abrangente. E, também, nos permitirá viabilizar o diálogo do Brasil com os outros países no que diz respeito aos povos que têm outra concepção de territorialidade”. Mas, o principal, segundo ela, será garantir o acesso às políticas públicas, por meio do registro civil, além de evitar que o indígena que possua dupla ou até tripla nacionalidade viva no limbo social por falta de documento.
Análise de dados
Outra parceria sinalizada na reunião foi a disseminação das informações colhidas no Censo Demográfico 2022, especialmente no que diz respeito à interpretação dos dados, por meio de parceria com a comunidade acadêmica. Segundo Pochmann, o IBGE ofertará bolsas para recrutar especialistas para essa finalidade, iniciativa que se estenderá a outros órgãos para subsidiar o Poder Executivo na formulação de políticas públicas.
“[Essa parceria com a comunidade acadêmica] permitiria subsidiar com novas políticas públicas para segmentos que, até então, talvez não estavam contemplados com políticas que nós temos até agora, sejam aqueles indígenas que residem em centros urbanos, por exemplo, do Brasil, ou mesmo imigrantes de outros países que aqui se encontram”, sinalizou o presidente do IBGE, lembrando que o papel do órgão não é interpretar os dados e, sim, produzi-los. “Nós temos interesse que as informações que o IBGE produz sejam de melhor utilidade para quem promove a política pública, como no caso da Funai”.
Para o coordenador-geral de Gestão Estratégica (CGGE), Artur Nobre, essa iniciativa do IBGE é muito bem-vinda porque essas análises ajudarão a Funai a planejar suas ações e atuar de forma mais adequada. “Dados sobre migração; composição etária; registro civil; condições de moradia; níveis de educação, como a alfabetização por faixa etária e gênero. Tudo isso são elementos importantíssimos, desde que analisados corretamente, para a construção das políticas públicas”.
Assessoria de Comunicação/Funai