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Habilidades adquiridas em curso aprimoram ações de proteção territorial, avaliam servidores da Funai
O intercâmbio de conhecimentos, a aproximação entre instituições e o aprimoramento de técnicas para otimizar as operações de manejo e resposta a incêndios florestais. Esses foram alguns dos resultados obtidos após a conclusão do curso e workshop de utilização e manejo de motosserra e motobomba, realizados entre os dias 2 e 10 de julho. É o que afirma André Rodrigues, um dos sete servidores da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) certificados na qualificação. Para ele, as habilidades adquiridas vão refletir diretamente na melhoria das ações de fiscalização e proteção territorial das terras indígenas.
“Uma das características importantes dessa formação foi a gente aprender a metodologia que o Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS) usa para a conservação das áreas de florestas na América. Portanto, nós já temos uma habilidade, uma expertise para a conservação das terras indígenas e, assimilando essa doutrina do modo como o Serviço Florestal Americano trabalha, a gente consegue melhorar e aprimorar nosso trabalho também”, destaca o servidor, lotado na Coordenação Regional (CR) da Funai em Cuiabá (MT).
A formação é uma iniciativa do USFS/Programa Brasil com apoio da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID Brasil), em parceria com o Ibama e a Funai, por meio da Coordenação-Geral de Monitoramento Territorial da Diretoria de Proteção Territorial. Os conhecimentos para utilização estratégica de motosserra e motobomba são instrumentos importantes nas ações de monitoramento, proteção e gestão dos territórios indígenas. Rafael Illenseer, servidor da Funai que atua na CR de Guarapuava, no Paraná, conta como as habilidades adquiridas podem ser úteis em diferentes contextos.
“Nas ações fluviais, por exemplo, se há uma árvore caída no meio do rio, a utilização da motosserra pode ajudar. Também em situações de desocupação em terras indígenas e para inutilizar estruturas ilegais. Na questão dos incêndios florestais, ajuda a abrir linhas para impedir que o fogo passe de um ponto para o outro. É um aprendizado que se soma nas nossas ações com o Prevfogo e também nas nossas atuações gerais de monitoramento territorial, nos acessos às terras indígenas”, avalia.
No contexto de atuação da Funai, cuja missão é promover e proteger os direitos dos povos indígenas, fomentar o aperfeiçoamento de técnicas de prevenção e resposta a incêndios florestais é cada vez mais importante no atual cenário de mudanças climáticas. Os incêndios florestais afetam diretamente as populações indígenas que vivem e protegem os biomas brasileiros. O impacto de incêndios nas terras tradicionalmente ocupadas prejudica a saúde e o modo de vida das populações indígenas, baseado na caça, pesca e agricultura.
As atividades teóricas e práticas do curso foram realizadas no Jardim Botânico de Brasília (JBB). Na parte prática, os servidores aprenderam a executar a retirada de espécies de árvores consideradas invasoras, como pinus e eucalipto, que agravam a propagação do fogo. As atividades de remoção foram realizadas em árvores com risco de queda já incluídas no Plano de Manejo do JBB para retirada.
Além de André Rodrigues e Rafael Illenseer, receberam o certificado de formação os servidores da Funai que atuam na CR Nordeste II, Cícero Sousa; na CR Ponta Porã, Eduardo Menezes; e na Coordenação Geral de Monitoramento Territorial (CGMT) da Diretoria de Proteção Territorial (DPT), Eduardo Sorice, Fabian Kurten e Lucas Rodrigues. Também foram formados no curso brigadistas do Prevfogo e equipes do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal e do JBB.
Participação indígena
A combinação dos conhecimentos tradicionais dos povos indígenas sobre o uso cultural e manejo do fogo e de técnicas de prevenção e resposta aos incêndios florestais, como essas ofertadas no curso, é fundamental para o enfrentamento aos incêndios florestais, agravados pelas mudanças climáticas. Nesse sentido, a Funai e o Ibama renovaram o Acordo de Cooperação Técnica (ACT) para a continuidade do Programa de Brigadas Federais do Ibama/Prevfogo em Terras Indígenas — mais de 50% dos brigadistas são indígenas.
Atualmente atuando como especialista em manejo integrado do fogo no USFS, Pedro Paulo Xerente, indígena do povo Xerente do Tocantins, trabalhou por 12 anos como brigadista do Prevfogo e defende a importância da atuação dos povos indígenas na prevenção e combate ao fogo nas terras em que vivem. “A terra indígena é a casa do indígena, então ele conhece cada rio que passa, cada estrada, cada área sensível, cada risco que tem dentro do território, seja de animais peçonhentos, seja de árvores caírem. É muito importante ter alguém com um conhecimento macro do território”, pontua.
Cooperação internacional
A qualificação para o manejo de motosserra e motobomba faz parte da cooperação internacional entre Brasil e Estados Unidos para prevenção e resposta a incêndios florestais. Com iniciativas como essa, as nações podem trocar conhecimentos sobre o manejo integrado do fogo, além de ser um importante passo para a padronização dos currículos nas ações de enfrentamento aos incêndios florestais. Assim, é possível alcançar uma atuação mais uniforme dos brigadistas, o que facilita a contribuição de profissionais estrangeiros nos casos de incêndios florestais, em especial aqueles de grande proporção.
Assessoria de Comunicação/Funai