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G20: Governo lança e-book traduzido na língua indígena Guarani para fortalecer debate internacional sobre ações de proteção
Foto: José Rui Gavião/Funai
A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) participou, na última quinta-feira (18), do lançamento do e-book “Brasil na Presidência do G20”, traduzido para o idioma Guarani. A língua tem mais de 26 mil falantes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A iniciativa tem como objetivo valorizar as línguas indígenas e levar o debate a nível internacional para fortalecer as ações de preservação da identidade desses povos. O Brasil preside o G20, grupo que reúne as principais economias desenvolvidas e em desenvolvimento do mundo, até o dia 30 de novembro de 2024.
O livro digital foi lançado pelo Governo Federal na sede do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), em Brasília, durante a cerimônia de encerramento da 1ª Reunião Ordinária do Conselho Nacional de Política Indigenista (CNPI), dissolvido na gestão anterior e reinstituído pelo presidente Lula. Traduzido pelo diretor do Departamento de Línguas e Memórias Indígenas do Brasil do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), Eliel Benites, do povo Guarani-Kaiowá, o e-book traz a história, países-membros e funcionamento das trilhas de Finanças e de Sherpas que integram o grupo, assim como as responsabilidades e detalhes da presidência brasileira.
“A perspectiva é trazer a importância das línguas indígenas no âmbito do G20 e trazer o pensamento, a cosmologia dos povos, para discutir a perspectiva do desenvolvimento sustentável na qual estava trabalhando. Esse é um e-book traduzido na língua Guarani-Kaiowá do Estado de Mato Grosso do Sul”, afirmou Benites.
Existem mais de 274 línguas indígenas distintas faladas no Brasil. O número ilustra a diversidade dos mais de 305 povos que vivem no país. Além de ser a base para a transmissão dos valores, cultura e tradições, a preservação desses idiomas é símbolo de resistência, diante das sucessivas tentativas de silenciar os povos indígenas por meio da violência desde a colonização do Brasil.
O lançamento fez parte de uma série de anúncios do Governo Federal na véspera do Dia dos Povos Indígenas. Na ocasião, também foram homologadas as Terras Indígenas Aldeia Velha (BA), onde vivem aproximadamente 320 famílias Pataxó, e Cacique Fontoura (MT), que tem cerca de 489 pessoas do povo Karajá. Também foi apresentado o Selo Indígena do Brasil para a identificação de produtos de origem étnica indígena.
A presidenta da Funai, Joenia Wapichana, representou a autarquia no evento. A Funai tem como missão institucional proteger e promover os direitos dos povos indígenas no Brasil, bem como promover políticas voltadas ao desenvolvimento sustentável dessa população, sendo uma peça-chave na proteção às culturas e tradições indígenas.
A cerimônia de encerramento da reunião do Conselho contou ainda com a participação dos ministros dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara; da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski; do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva; da Casa Civil, Rui Costa; das Mulheres, Cida Gonçalves; do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira; além do Advogado Geral da União (AGU), Jorge Messias, entre outras autoridades.
Constituição em língua indígena
A Constituição Federal de 1988 (CF/88) reconhece a organização social, costumes, línguas, crenças e tradições dos povos indígenas, além do direito originário sobre as terras que tradicionalmente ocupam. No entanto, a CF, que marca a redemocratização do país, nunca havia sido traduzida em língua indígena. Até que, em 2023, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) lançaram a primeira Constituição Federal Brasileira traduzida em língua indígena, no idioma Nheengatu. Um ato histórico para a preservação e proteção à identidade desses povos.
Assessoria de Comunicação/Funai