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Funai promove diálogo com lideranças da Terra Indígena Yanomami para avaliação da entrega das cestas de alimentos
A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) promoveu, nesta quarta-feira (21), um encontro com lideranças dos povos Yanomami e Ye'Kwana para avaliar a ação de entrega de cestas de alimentos. A consulta teve como objetivo ouvir os indígenas para aprimorar a política pública emergencial adotada como forma de garantir segurança alimentar na Terra Indígena Yanomami (TIY). Desde o início da Emergência em Saúde Pública, decretada em janeiro de 2023, o Governo Federal entregou cerca de 97 mil cestas de alimentos no território.
A reunião vai ao encontro da política de diálogo e transparência com os povos indígenas defendida pela atual gestão da Funai. Durante a conversa, os servidores da autarquia indigenista explicaram os processos burocráticos e logísticos necessários para a realização das entregas e reforçaram a importância da participação das comunidades indígenas para qualificar as cestas de alimentos, conforme as particularidades alimentares de cada povo.
De acordo com a Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), os Yanomami adquirem entre 70% e 74% dos recursos em proteínas indispensáveis ao seu equilíbrio alimentar por meio da caça, pesca, coleta e agricultura. No entanto, o garimpo prejudicou o modo de vida dos indígenas. Por isso, a Funai, o Ministério dos Povos Indígenas (MPI), o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e a Casa de Governo estão na TIY em busca de diálogo com os indígenas para inserir nas cestas alimentos capazes de garantir suficiência nutricional aos povos da região.
Pela Funai, participaram da reunião, além da presidenta Joenia Wapichana, a diretora de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável, Lucia Alberta; a coordenadora-geral de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável, Andrea Prado; as coordenadoras regionais do Rio Negro, Dadá Baniwa, e de Roraima, Marizete Macuxi; e a coordenadora da Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami e Y’ekuana, Elayne Maciel.
O evento contou ainda com a presença de representantes de diversas associações indígenas, incluindo a Associação Yanomami para a Saúde (Urihi), a Associação Wanasseduume Ye’kwana (Seduume), a Hutukara Associação Yanomami (HAY), a Associação Yanomami Ypahari (Ypassali) e a Associação Yanomami do Baixo Mucajaí (Kurikama).
Soberania alimentar
A entrega das cestas de alimentos é uma medida emergencial adotada com o objetivo de mitigar os impactos do garimpo na TIY. Responsável por proteger e promover os direitos dos povos indígenas, o objetivo da Funai é assegurar soberania e segurança alimentar no território. Para isso, a autarquia indigenista entregou também kits de ferramentas para que os povos Yanomami e Ye'Kwana possam preparar suas roças e produzir seus alimentos.
É o que destaca a presidenta da Funai, Joenia Wapichana. “A entrega das cestas é temporária. A ideia não é deixar os Yanomami dependentes de cestas. O objetivo do Governo Federal é retomar a segurança alimentar na Terra Indígena Yanomami, prejudicada pela atuação do garimpo”, pontuou a presidenta, reforçando a necessidade de promover a autonomia dos povos.
A atuação do garimpo ilegal no território afeta a saúde e a segurança alimentar dos indígenas, que vivem da caça, pesca, coleta e agricultura. Para o líder Yanomami, Davi Kopenawa, a situação vivida hoje no território “é resultado da irresponsabilidade de outras gestões”. Ele lembra que “antes, tínhamos peixes sem mercúrio, caça, e podíamos cultivar nossos alimentos em segurança. Queremos tudo isso de volta, e sabemos que o presidente Lula está comprometido com a Terra Yanomami.”
Projetos
Para devolver a autonomia aos povos da região, entre outras ações, a Funai articula e coordena projetos apresentados por diversas instituições públicas, que visam a assegurar soberania e segurança alimentar, bem como recuperar o modo de vida das comunidades afetadas pelo garimpo. Confira alguns dos projetos:
Aquicultura e pesca de pequena escala
O projeto da Embrapa Roraima tem como objetivo “desenvolver, adaptar e transferir tecnologias relacionadas à atividade aquícola e da pesca para povos originários na TI Yanomami, com vistas à melhoria da qualidade de vida, segurança e soberania alimentar.” De acordo com a instituição, a proposta tem o potencial de promover o desenvolvimento sustentável e a autonomia dos povos indígenas da região em curto e médio prazos.
Cursos de Formação Inicial e Continuada
A ideia do IFRR, em articulação com o MDA, é realizar atividades de ensino e extensão e implementar módulos produtivos, com assessoria técnica, para apoio às atividades produtivas e manejo ambiental. O objetivo é ofertar cursos nas comunidades da TI e fazer intercâmbio com outros povos para a troca de conhecimentos a fim de promover o fortalecimento de atividades produtivas.
Aquicultura e pesca artesanal
Apresentada pelo IFRR, a proposta visa à implementação de projetos de extensão de apoio à piscicultura nas comunidades indígenas da TIY. O intuito é oferecer cursos de capacitação, assessoria técnica e implantar unidades demonstrativas de módulos de produção aquícola. Além disso, o projeto prevê a realização de oficinas de conscientização e pesca artesanal.
Gestão territorial na TIY articulada com processos educacionais
O projeto da UFRR, conveniado com a Funai e o MDA, prevê ações para fortalecer a autonomia na produção de alimentos, como, por exemplo, assessoria a escolas indígenas nas temáticas de Agroecologia e Segurança Alimentar Nutricional.
Banco de Sementes Tradicionais
A proposta é fruto de parceria entre Funai, Embrapa e o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS). A intenção é instalar bancos de sementes e implantar culturas em sistemas agroflorestais para resgatar a preservação de variedades tradicionais e restabelecer a segurança e soberania alimentar na terra indígena.
Assessoria de Comunicação/Funai