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Funai participa de abertura do programa que promove o protagonismo indígena em fóruns internacionais
A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) reforçou nesta quarta-feira (11) a importância da participação indígena nos fóruns globais de discussão da emergência climática e demais temas relacionados com a pauta indígena na abertura do seminário que compõe o programa "Kuntari Katu: Líderes Indígenas na Política Global", iniciativa do Ministério dos Povos Indígenas (MPI) em parceria com a Funai, o Ministério das Relações Exteriores (MRE), por meio do Instituto Rio Branco (IRBr), e com o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA).
Intitulado “Seminário Avançado sobre a 16ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP16)”, o evento ocorre de 11 a 13 de setembro, no Instituto Rio Branco. A Funai foi representada na cerimônia de abertura pela diretora de Administração e Gestão, Mislene Metchacuna. Para ela, os três dias de seminário servirão para discutir estratégias para mobilizar os países para efetivar políticas que visem proteger os territórios indígenas que muito contribuem para continuidade da vida no planeta, a partir do olhar indígena.
“Este evento deve qualificar ainda mais aquilo que os povos indígenas sabem fazer, que é falar para os governos a importância da preservação dos seus territórios para o equilíbrio climático do mundo. Uma pauta que ainda não tem ganhado a devida importância a nível internacional. A Funai, juntamente com o Ministério dos Povos Indígenas, têm buscado garantir espaços que visem a autonomia e o protagonismo indígena nos debates globais sobre estratégias que busquem inibir as mudanças climáticas”, destacou Mislene Metchacuna.
Além da representante da Funai, participaram da mesa de abertura o secretário-executivo do MPI, Eloy Terena, a diretora-geral do IRBr, embaixadora Mitzi Gurgel Valente, e o chefe da Divisão de Biodiversidade do MRE, conselheiro Gustavo Pacheco.
Visibilidade
Uma das indígenas participantes é Jaqueline Kambiwá, da Terra Indígena Kambiwá, de Ibimirim (PE). Ela avalia que o evento se propõe como um espaço para dar visibilidade às demandas dos povos indígenas do Nordeste. “Existem diversos eventos, mobilizações e programas em que não somos enxergados [em Pernambuco]. Por isso, vemos essa oportunidade como abrir de portas para nós estarmos trazendo a nossa voz e apresentar a nossa cultura enquanto povos indígenas de resistência que tiveram um processo tão grande de reconstrução e que estão com a cultura mais viva do que nunca”, reafirmou.
Os participantes do seminário foram selecionados por meio de edital do MPI, sendo 21 mulheres e 9 homens. Foram 250 inscritos, dos quais 65 foram chamados para entrevista, resultando em 30 selecionados: 9 do bioma amazônico, 6 da Caatinga, 5 do Cerrado, 4 da Mata Atlântica, 3 do Pampa e 3 do Pantanal.
Protagonismo indígena
O secretário-executivo do MPI, Eloy Terena, ressaltou que o programa "Kuntari Katu: Líderes Indígenas na Política Global" surgiu da percepção do ministério de garantir maior participação indígena nos espaços de poder. “Entendemos que não adianta só ir para os eventos, com os nossos cocares, com a nossa presença, e não entender ou não incidir, ou não conseguir fazer devidamente a representação das nossas comunidades. É necessário a gente ir e fazer presença, mas também garantir a incidência. E o programa vem justamente para responder a essa demanda”, explicou.
A embaixadora Mitzi Gurgel Valente elencou uma série de iniciativas do MRE no âmbito do Instituto Rio Branco que contemplam temas relacionados à inclusão da população indígena, como o curso de inglês para indígenas. Segundo ela, o programa Kuntari Katu se soma ao compromisso do IRBr de promover a representatividade e a diversidade na reflexão e formulação de política externa brasileira.
“Estou segura de que este programa servirá de plataforma para a criação de vozes indígenas nas discussões internacionais a respeito da preservação da biodiversidade e do meio ambiente”, afirmou Mitzi Gurgel Valente.
Gustavo Pacheco, do MRE, comentou que em várias negociações internacionais percebia maior participação de indígenas de outros países falando em inglês, com menor participação do Brasil. Daí surgiu a ideia, há 15 anos, de instituir o curso de inglês no IRBr para indígenas, e uma das primeiras alunas, conforme citou, foi Fernanda Kaingang, diretora do Museu do Índio, órgão científico-cultural da Funai. Ele festejou a iniciativa do programa e comentou que era o começo de uma longa caminhada.
Programa Kuntari Katu
O programa Kuntari Katu tem como objetivo capacitar lideranças indígenas para que participem de negociações internacionais relacionadas ao meio ambiente, mudança do clima, direitos humanos e demais temas de interesse dos povos indígenas.
A ênfase inicial é nos preparativos para COP16, que ocorrerá na Colômbia, de 21 de outubro a 1º de novembro deste ano, e para a 30ª Conferência das Partes (COP30) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), que será realizada no Brasil, em 2025.
No âmbito do programa, o MPI e o Instituto Rio Branco apoiarão a organização conjunta de seminários e palestras ministradas por diplomatas de carreira, por especialistas em política ambiental, bem como por líderes atuantes no movimento indígena e em negociações sobre meio ambiente e mudança do clima.
“Kuntari Katu” é uma expressão em nhengatú que significa "aquele que fala (para o povo e em nome do povo)", usada em algumas culturas Aruak para referência aos líderes que dialogam nos clãs, entre os clãs e para fora dos clãs indígenas.
Os líderes indígenas que participarão do programa como público-alvo estão sendo selecionados pelo MPI, por meio de edital.
Assessoria de Comunicação/Funai
Com informações do MPI