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Funai inaugura primeiro Centro Audiovisual para os povos indígenas
A primeira estrutura física do país projetada para oferecer formação em audiovisual aos povos indígenas e promover a preservação e divulgação de produtos e registros audiovisuais da cultura indígena foi inaugurada nesta quinta-feira (11) em Goiânia (GO). É o Centro Audiovisual (CAud), equipamento público do Museu do Índio (MI), órgão científico-cultural da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).
O novo espaço tem uma área de aproximadamente 1,8 mil metros² e 956 metros² de área construída. Durante a inauguração, indígenas de diferentes povos fizeram questão de celebrar a conquista de uma moderna estrutura que dispõe de instalações preparadas para realização de cursos especializados com sala de aula, estúdio, ilha de edição, auditórios e espaço para exposições.
Ao melhor estilo indígena, a cerimônia de abertura foi precedida de demonstração cultural com danças e cantos tradicionais que envolveram a comitiva de autoridades presentes. Todos entraram no CAud sob os cantos celebrativos dos povos indígenas do Xingu.
Compuseram a mesa de cerimônia a presidenta da Funai, Joenia Wapichana; a diretora do Museu do Índio, Fernanda Kaingang, o diretor do Instituto Moreira Salles, Marcelo Araújo; o cineasta indígena Takumã Kuikuro; e as lideranças indígenas Jurandir Siridiwé, Wahuka Karajá, Watatakalu Yawalapiti, Wellington Tapuia e Raul Karajá.
Pela Funai, também prestigiaram o evento a diretora de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável, Lucia Alberta, o coordenador geral de Recursos Logísticos, Gustavo Maciel, e os procuradores Paulo César Wanke e Igor Barros Santos da Procuradoria Federal Especializada junto à Funai (PFE).
Entre as autoridades presentes também estiveram o procurador da República Wilson Rocha, representando o Ministério Público Federal (MPF), o procurador-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU) no estado de Goiás, Francisco Antônio Nunes, e o reitor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Antônio Cruvinel.
O evento contou ainda com a participação dos estudantes indígenas do Núcleo Takinahaky da Universidade Federal de Goiás.
Promoção da cultura indígena
A cerimônia de abertura aconteceu no auditório do Centro Audiovisual, onde foi exibido um vídeo institucional dos 70 anos do Museu do Índio, instituição que guarda o passado, protege o presente e projeta o futuro com um acervo de mais de 300 mil itens, na sua sede no Rio de Janeiro.
Para a presidenta da Funai, Joenia Wapichana, o CAud também servirá como instrumento para sensibilizar a sociedade brasileira para a importância da proteção, tanto dos povos como dos territórios e da cultura indígena.
“É importante a sociedade conhecer os povos indígenas. E quero dizer aos parentes de todo o Brasil que o CAud está aberto, foi inaugurado e que podem contar com esse espaço para fazer as suas exibições, suas artes e utilizar esses espaços que vão ser de grande importância para a promoção dos direitos dos povos indígenas”, incentivou Joenia.
No evento, a presidenta da Funai também anunciou a chegada ao Brasil de um acervo indígena com mais de 500 peças retidas na França, há mais de 20 anos. "Retornar essa arte indígena é retornar um pedaço da nossa história", enalteceu.
A diretora do Museu do Índio, Fernanda Kaingang, lembra que a Lei 11.645/2008 determina que a sociedade brasileira estude e entenda, na sua educação básica, sobre a história dos povos indígenas. “Hoje, a gente abre o Centro de Audiovisual, entrega um equipamento cultural para 305 povos, mas também para a sociedade civil que precisa conhecer a nossa história”, destacou.
Exposição
A abertura do Centro Audiovisual também foi marcada pela mostra Xingu: Contatos, do Instituto Moreira Salles (IMS). A exposição foi preparada com a participação de indígenas xinguanos que puderam contar sua própria história de luta e resistência.
“Cada vez mais estamos aldeando espaços nas grandes cidades como Goiânia e São Paulo [onde a mostra foi exibida]. Essa exposição representa a luta dos povos indígenas através da imagem que nós produzimos. O que antes muitos não indígenas produziam sem ter consulta com os indígenas, hoje nós queremos contar nossas histórias através da tecnologia que chegou nas comunidade”, reafirmou Takumã Kuikuro, cineasta indígena e um dos curadores da mostra.
Para o diretor do Instituto Moreira Salles, Marcelo Araújo, a mostra Xingu: Contatos tem um sentido simbólico especial por Goiânia ser uma cidade próxima ao território do Xingu e ter uma população indígena expressiva. “A nossa expectativa é que a exposição possa contribuir para essa conscientização e para a luta dos xinguanos”, frisou.
Assessoria de Comunicação/Funai