Notícias
Funai e órgãos parceiros avançam nos projetos de soberania alimentar e nutricional com lideranças da TI Yanomami
A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) realizou mais uma importante reunião com órgãos parceiros e lideranças da terra indígena Yanomami, nesta quinta-feira (22), em Boa Vista, Roraima. O encontro destacou os avanços dos projetos de segurança alimentar e nutricional em execução na Terra Indígena Yanomami (TIY), reforçando o compromisso do governo federal em garantir melhores condições de vida para os povos indígenas. Desde terça-feira (20), a presidenta da Funai, Joenia Wapichana, e servidores de áreas técnicas da autarquia estão no estado para avaliação, junto aos indígenas, das ações implementadas pelo Governo Federal para recuperar a autonomia dos povos da região, afetados pelo garimpo ilegal.
No encontro desta quinta, Joenia Wapichana ressaltou a importância de uma atuação integrada para promover e proteger os direitos indígenas. “Quero reforçar que estamos atuando de forma coletiva: a Funai em conjunto com ministérios, Embrapa, institutos, Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) e diversas instituições. E em parceria também com os Yanomami, para acompanhar vocês e para que possam nos aconselhar. Queremos a participação de vocês”, disse a presidenta às lideranças presentes, reafirmando o compromisso do presidente Lula e do Governo Federal com o povo Yanomami.
Executados por meio de crédito extraordinário liberados à Funai e aos demais órgãos do Governo Federal para ações de emergência voltadas aos povos da TIY, os projetos apresentados por diversas instituições públicas visam a assegurar soberania e segurança alimentar, bem como recuperar o modo de vida das comunidades prejudicadas pela atividade criminosa. Como orientadora da política indigenista, cabe à Funai acompanhar as propostas para que sejam implementadas com a participação dos indígenas, respeitando suas particularidades.
Ênio Mayanawa, liderança Yanomami, defendeu a importância da consulta aos indígenas para o desenvolvimento dos projetos. “Estamos falando sobre segurança alimentar. Os projetos foram feitos com os indígenas e várias instituições. Quando as associações trabalham com as instituições, integrando esse trabalho, o projeto dá certo. Quando não somos consultados, surgem problemas, mas é importante ter harmonia, trabalhar juntos e fazer esses projetos acontecerem para que as políticas públicas ajudem as comunidades. E é isso que o povo da Terra Yanomami precisa”, ressaltou a lideranças.
Aquicultura e pesca
O projeto de aquicultura e pesca de pequena escala, desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), é uma das propostas apresentadas já em fase de implementação. O objetivo é desenvolver, adaptar e transferir tecnologias relacionadas à atividade aquícola e da pesca para povos originários na TI Yanomami, com vistas à melhoria da qualidade de vida, segurança e soberania alimentar. De acordo com a Embrapa, a proposta tem o potencial de promover o desenvolvimento sustentável e a autonomia dos povos indígenas da região em curto e médio prazos. Os indígenas recebem formação e orientação para a execução dos projetos.
Na comunidade indígena Olomai, a implementação da proposta já traz resultados, segundo o indígena Mateus Sanumá, que apresentou por vídeo a criação de peixe, a plantação de manivas e outros vegetais cultivados na comunidade, além de mostrar o sucesso do projeto de piscicultura em parceria com a Embrapa, que tem garantido a segurança alimentar dos povos indígenas. “Nossa comunidade não precisa mais de entregas de cestas básicas, não queremos mais. Porque agora já temos nossa própria alimentação. Estamos conseguindo sobreviver, pois já estamos colhendo frutos na comunidade”, pontuou.
Já o projeto do Instituto Federal de Roraima (IFRR), também em execução, tem como foco a aquicultura e a pesca artesanal, com ações educativas. A proposta visa à implementação de projetos de extensão de apoio à piscicultura nas comunidades indígenas da TIY. O intuito é oferecer cursos de capacitação, assessoria técnica e implantar unidades demonstrativas de módulos de produção aquícola. Além disso, o projeto prevê a realização de oficinas de conscientização e pesca artesanal.
As responsabilidades pelas iniciativas estão sendo divididas entre a Embrapa, o IFRR e a Universidade Federal de Roraima (UFRR), a fim de atender o maior número possível de comunidades com os projetos, já que não é possível que apenas um órgão realize, de forma isolada, a ação de piscicultura na Terra Indígena Yanomami devido à vasta extensão do território. Cada agência está responsável por uma área específica, garantindo que não haja sobreposição de ações.
Agricultura
A Embrapa apresentou o projeto de resgate e preservação de variedades tradicionais, que visa ao restabelecimento da segurança e soberania alimentar dos povos indígenas em vulnerabilidade na TIY. Por meio da proposta, ocorre a Instalação de Bancos de Sementes Tradicionais (BST) e implantação de culturas em sistemas agroflorestais.
Com foco na capacitação, o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) e o IFRR atuam na implementação de cursos de formação inicial e continuada. A ideia é realizar atividades de ensino e extensão e implementar módulos produtivos, com assessoria técnica, para apoio às atividades produtivas e manejo ambiental. O objetivo é ofertar cursos nas comunidades da TI e fazer intercâmbio com outros povos para a troca de conhecimentos a fim de promover o fortalecimento de atividades produtivas.
O projeto “gestão territorial na TIY articulada com processos educacionais”, da UFRR, conveniado com a Funai e o MDA, também prevê ações para fortalecer a autonomia na produção de alimentos, como, por exemplo, assessoria a escolas indígenas nas temáticas de Agroecologia e Segurança Alimentar e Nutricional.
Educação
Na área da educação, a Funai e o IFRR trabalham juntos no projeto focado no letramento e alfabetização, que será realizado em duas comunidades: Missão Catrimani e Ajarani. O objetivo é capacitar e realizar uma formação continuada para professores das séries iniciais de ensino para que eles possam desenvolver materiais didáticos bilíngues, em Yanomami e português, voltados às crianças. Os temas serão discutidos em conjunto com os professores Yanomami para garantir que o conteúdo esteja alinhado às realidades e necessidades da comunidade.
Participantes
Pela Funai, participaram da apresentação, além da presidenta Joenia Wapichana, a diretora de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável, Lucia Alberta; o coordenador-geral de Promoção ao Etnodesenvolvimento, José Augusto; as coordenadoras regionais do Rio Negro, Dadá Baniwa, e de Roraima, Marizete Macuxi; e a coordenadora da Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami e Y’ekuana, Elayne Maciel.
Também representaram o Governo Federal a Casa Civil; o Ministério dos Povos Indígenas (MPI); o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS); o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA); o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA); a Casa de Governo; a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab); a Embrapa; a Universidade Federal de Roraima (UFRR); o Instituto Federal de Roraima (IFRR); e o Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami - Secretaria Especial de Saúde (Dsei-Sesai).
A reunião contou ainda com a presença das associações indígenas Texoli, Hutukara, Seduume, Ypassali, Amyk e Ayrca.
Assessoria de Comunicação/Funai