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Funai e Embrapa promovem oficina voltada à produção de alimentos sustentáveis em comunidades indígenas
A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) realiza no período de 3 a 5 de setembro a Oficina Sisteminha Comunidades no estado do Maranhão. Destinado a indígenas de vários estados, o evento busca ensinar os participantes a construírem os módulos do Sisteminha Comunidades, como tanques de piscicultura, composteiras, minhocários, galinheiros e áreas de plantio. Trata-se de uma solução tecnológica desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Segundo o coordenador de Produção Sustentável da Coordenação-Geral de Promoção ao Etnodesenvolvimento (CGEtno) da Funai, Leiva Martins Pereira, a referida tecnologia foi escolhida pela autarquia indigenista como ferramenta prática para a produção de alimentos de qualidade, com rapidez e sustentabilidade, no enfrentamento à escassez da produção de alimentos nas comunidades indígenas. “Esperamos que esta oficina seja uma semente a ser adaptada e replicada nos mais diversos contextos, promovendo o direito humano à alimentação adequada, previsto em nossa Constituição Federal”, afirmou.
Ainda de acordo com Leiva Martins, no atual contexto de mudanças climáticas, modelos de produção resilientes e inteligentes são oportunidades de se repensar o uso dos recursos naturais para além dos limites das terras indígenas. “A adaptabilidade do Sisteminha aos contextos urbanos e periurbanos é ampla, o que pode beneficiar a sociedade em geral”, avalia.
Solução tecnológica
O Sisteminha Comunidades é uma solução tecnológica desenvolvida pelo pesquisador da Embrapa Luiz Carlos Guilherme, em 2000. Desde então, ela tem sido implementada nas mais diversas realidades da agricultura familiar, dentro e fora do país, com destaque para o continente africano.
As primeiras experiências em terras indígenas começaram por volta de 2014, no Maranhão, a partir de diálogos entre a Embrapa e a Coordenação Regional da Funai naquele estado. As experiências se intensificaram a partir de 2021, tendo sido fundamental como estratégia de fixação do povo Krenyê em território recém-constituído.
Em março de 2024, por ocasião do 1º Seminário Nacional do Sisteminha Comunidades, a Funai passou a compor a Rede Sisteminha Comunidades, junto a diversas instituições governamentais, ONGs e sociedade civil. A medida integra um conjunto de ações do Governo Federal voltadas para o atendimento e expansão da tecnologia em comunidades indígenas e demais populações tradicionais.
A tecnologia é apropriada para pequenos espaços, em áreas urbanas e rurais, para garantir alimentação básica às famílias e possibilitar a geração de renda, por meio da comercialização do excedente da produção. Possui baixo custo e alta adaptabilidade às diversas condições de clima, solo, água, populações, urbanização (ou não) e mercados locais.
A solução tecnológica também possibilita a otimização do uso dos recursos naturais envolvidos na produção, com menos desperdício; diversificação produtiva; empoderamento das mulheres e jovens; e contribui para fixação dos povos indígenas nos territórios, a partir da produção de alimentos saudáveis, entre outros benefícios.
Oficina
A parte prática da oficina ocorre na Terra Indígena Morro Branco, e a teórica na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), em Grajaú (MA). Participam do evento nove indígenas do Maranhão dos povos Guajajara, Gavião, Kanela, Timbira e Krenyê, das Terras Indígenas Governador, Araribóia, Geralda Toco Preto, Krenyê e Porquinhos. E 10 indígenas dos estados de Roraima, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e Tocantins dos povos Ye'kuana, Macuxi, Terena, Kaingang, Guarani, Xokleng, Krahô e Xerente, das Terras Indígenas Ibirama Lã Klanõ (SC), Palmas (SC/PR), Guarita (RS), Cachoeirinha (MS), Buriti (MS), Raposa Serra do Sol (RR), Xerente (TO), Krahô (TO) e Morro da Palha (SC).
Novas oficinas em nível nacional estão previstas para 2025 e 2026 com a participação das Coordenações Regionais da Funai. E, também, futuras capacitações em nível local voltadas para as Coordenações Técnicas Locais (CTLs), indígenas e instituições estaduais, para a disseminação do Sisteminha Comunidades.
A oficina do Maranhão foi idealizada pela CGEtno e Coordenação Regional da Funai no Maranhão e estruturada pelo Serviço de Desenvolvimento e Treinamento (Sedest) da Coordenação de Desenvolvimento de Pessoal (Codep). O evento conta com a parceria da Embrapa Cocais, de São Luís (MA), e apoio da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) - campus Grajaú e da prefeitura Grajaú.
Assessoria de Comunicação/Funai