Notícias
Funai conclui primeiro módulo presencial da Formação de Multiplicadores Indígenas em Restauração Ecológica
Para fortalecer o protagonismo e a incidência indígena na agenda da restauração ecológica, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) realizou entre os dias 4 e 8 de novembro de 2024, em Rondônia, o primeiro módulo presencial da formação de Multiplicadores Indígenas em Restauração Ecológica (MIRE). A iniciativa contou com a parceria da Ecoporé e da Aliança pela Restauração da Amazônia.
Intitulado “Os caminhos das sementes”, o primeiro módulo teve como foco discutir as cosmovisões da degradação, os serviços ecossistêmicos, a coleta e a produção de sementes e mudas para a restauração. Além dos 15 indígenas selecionados, a formação contou com a participação de seis servidores da Funai das Coordenações Regionais (CRs) de Alto Purus, Alto Solimões, Cacoal, Kayapó Sul do Pará, São Gabriel da Cachoeira e Tapajós.
De acordo com a Coordenadora de Conservação e Recuperação Ambiental da Funai, Nathali Germano, a intenção é que esse processo inspire e subsidie a construção de uma estratégia continuada de formação para a restauração, que deverá fazer parte de um Programa de Restauração Etnoecológica com povos indígenas. Para a servidora, um dos grandes aprendizados desse módulo foi que uma restauração efetiva extrapola a dimensão ecológica e o mero plantio de sementes e mudas, abrangendo questões como a proteção e a sabedoria ancestrais, os conhecimentos e práticas tradicionais, e a interdependência entre a saúde do corpo, do território e da cultura.
A formação teve início em outubro de 2024 e segue até março de 2025, com três módulos presenciais que serão realizados nos biomas Amazônia, Mata Atlântica e Cerrado - e atividades intermódulos, que incluem encontros virtuais e atividades nos territórios indígenas.
Para Neiriel Terena, o mais jovem do grupo, a formação MIRE chega em um momento muito importante porque as comunidades indígenas estão passando a integrar os ninhos de restauração ecológica. Segundo ele, muitas dessas comunidades são as protagonistas desses processos porque são as principais responsáveis em fornecer sementes. “Com esse encontro é possível entender como nós, enquanto povos indígenas, entendemos a restauração associada a vários contextos no que tange ao conhecimento tradicional. Sendo assim, importante ressaltar que a restauração permeia vários mundos, não apenas o ecológico, mas o espiritual, cultural e ambiental. Esses três pilares são uma essência quando se trata da temática com os povos indígenas”, afirmou.
Socorro Jucá Kapinawá, indígena mais experiente do grupo da formação, ficou agradecida com a oportunidade de aprendizado, possível por meio das parcerias com povo Suruí da Terra Indígena Sete de Setembro, que conduziu a apresentação do território e partilhou ensinamentos à Ecoporé e ao Espaço Gaia pela acolhida. “Agradeço fielmente a Força Maior que move todo o universo e o que nele há, o Deus da vida. Aos Encantos e Encantados por nos dar permissão para estarmos neste curso, neste caminho e neste lugar”, ressaltou.
Já a gerente de Educação da Ecoporé, para Ana Paula de Melo, destacou a importância de partilhar saberes e aprender com os indígenas, parceiros e, principalmente, com a natureza. “Gratidão é o que me define. Receber os integrantes do primeiro módulo nas instalações da Ecoporé foi sem dúvida uma oportunidade ímpar de desenvolver a partilha de saberes de caráter técnico atrelado ao conhecimento tradicional. Ter contato com 15 indígenas de localidades diferentes do Brasil, considerando a diversidade dos biomas em que eles estão localizados, só enriquece nossa experiência”, celebrou.