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Funai avalia como positivo projeto de restauração ambiental na Terra Indígena Enawene Nawe
Indígenas da Terra Indígena Enawene Nawe, no estado do Mato Grosso, têm atuado em projeto de restauração ambiental com plantio de mudas de buritis e açaí no território em que vivem. A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) acompanha e presta apoio técnico à iniciativa por meio da Coordenação de Conservação e Recuperação Ambiental (Coram) e a Coordenação Regional Noroeste de Mato Grosso (CR-NOMT) e CTL Vilhena II organizam a realização das atividades.
O projeto começou em 2019. Entretanto, ficou suspenso devido a pandemia da Covid-19. No ano passado, a iniciativa foi retomada pela comunidade indígena e contou com a coordenação, organização e execução dos Agentes de Proteção Etnoambiental Enawene, que desempenham o importante papel de proteção territorial e de multiplicadores de ações de gestão ambiental em seus territórios, além do apoio oferecido pelas coordenações da Funai. Professor da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), o doutor Juliano de Paulo dos Santos se dedicou a instruir os indígenas sobre a formação de viveiros e acerca da plantação do buriti em atividades pedagógicas teóricas e práticas.
Povo de recente contato, os Enawene Nawe utilizam os buritis e açaís, principalmente as palhas, na construção de casas e em rituais, de modo que as ações de restauração ambiental têm contribuído para o fortalecimento das suas relações socioculturais, expressas, por exemplo, nos rituais do Yaõkwa, Lerohi, Kateoko e Salumã. Com a falta de disponibilidade das espécies, os indígenas passaram a se deslocar para fora do território e, posteriormente, se interessaram em desenvolver o projeto de restauração ambiental. Entre os benefícios da iniciativa está o fortalecimento de estratégias de conservação da flora e da fauna e a proteção da biodiversidade.
De acordo com a especialista em indigenismo da Coordenação Técnica Local de Vilhena Iana Moura, deve-se destacar o engajamento comunitário ocasionado na iniciativa. “Houve o envolvimento dos adultos, jovens e até as crianças, que acabaram auxiliando, e as mulheres também ficaram interessadas. Isso tem possibilitado uma potencialização da restauração ambiental aliada ao aspecto sociocultural do povo”, pontuou. Desde o início do projeto, foram beneficiados 1.050 indígenas Enawene Nawe e 20 estão em processo de formação sobre o tema.
Etapas
Divididas em seis etapas, novas ações do projeto estão planejadas para o corrente ano, iniciando em fevereiro nova etapa do plantio de mudas. No período de abril a maio, haverá a formação continuada, enquanto de junho a julho, eles se concentrarão na ampliação do viveiro. A quarta etapa englobará uma segunda fase de plantio de mudas prevista para este ano, entre outubro e novembro. Nos últimos três meses de 2024, os indígenas atuarão na coleta e semeadura das espécies.
Além dessas etapas, estão previstas atividades de manutenção e de cuidado com o viveiro e as mudas. Conforme avaliou a Funai, os efeitos da iniciativa são bastante positivos, razão pela qual a comunidade indígena pretende ampliar a capacidade de produção de mudas e diversificar as espécies plantadas e que tenham importância sociocultural para esse povo. Durante a execução da ação em prol da restauração ambiental no ano passado, foram preparadas mais de 3 mil mudas, com significativo potencial de germinação.
Assessoria de Comunicação/Funai