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Funai apoia lançamento do livro "As Memórias dos Familiares dos Troncos", que resgata a história do povo Tupinambá da Bahia
A preservação da cultura e das memórias indígenas é fundamental para garantir a continuidade das tradições e dos saberes ancestrais. Nesse contexto, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) apoiou projeto do livro “As Memórias dos Familiares dos Troncos”, lançado em uma cerimônia realizada na Aldeia Serra do Padeiro, no último dia 13 de novembro. A obra traz a história dos três principais grupos parentais que originaram a Terra Indígena Tupinambá de Olivença: Nô, Fulgêncio e Barbosa.
A obra, escrita por 11 indígenas e organizada pelos professores Magnólia Jesus da Silva e Jucimar Pereira dos Santos, é um resgate de memórias, cânticos, receitas culinárias e a religiosidade do povo Tupinambá. Com 176 páginas, o livro resulta de dois anos de pesquisas realizadas com o apoio da Lei Aldir Blanc.
A Funai, por meio da Coordenação de Processos Educativos (COPE/CGPDS/DPDS), foi essencial para viabilizar a impressão do livro e a realização de oficinas de apresentação do material paradidático, que será utilizado no Colégio Estadual Indígena Tupinambá Serra do Padeiro, contribuindo diretamente para a educação e o fortalecimento da identidade cultural da comunidade.
A participação da Funai neste projeto reflete o compromisso da instituição em apoiar a valorização da cultura indígena e o direito à educação das comunidades tradicionais. “A Funai tem apoiado ativamente a preservação das memórias e da cultura dos povos indígenas, como neste projeto, que promove o resgate da história do povo Tupinambá e fortalece a educação nas comunidades”, destaca André Ramos, coordenador da COPE.
O livro tem um papel crucial para as novas gerações de Tupinambá, ajudando a fortalecer o vínculo com suas raízes e com a ancestralidade, além de servir como um instrumento de diálogo entre os povos indígenas e não indígenas. Para Glicéria Jesus da Silva, uma das autoras, a iniciativa é um passo importante para garantir que as histórias da comunidade sejam preservadas e transmitidas para o futuro: “Essas histórias eram passadas na roda do fogo, e guardávamos esses fragmentos na memória. Mas chegou o tempo em que nossa memória não dá mais conta de guardar tudo, e com a diminuição dos momentos de escuta dos mais velhos, encontramos na escrita e leitura um outro caminho para eternizar nossas memórias”, destacou.
O Cacique Babau também ressaltou a importância da preservação da memória coletiva, afirmando que a força do povo Tupinambá reside no fato de que cada indivíduo é parte de um clã familiar que inclui os que vieram antes e os que virão depois dele. “Os indígenas são povos formados por clãs familiares, e daí vem a força. Não é um indígena, cada pessoa é todos os outros que vieram antes dela e os que vão vir depois”, afirmou.
A Aldeia Serra do Padeiro, onde o lançamento do livro ocorreu, está localizada nos municípios de Buerarema, São José da Vitória e Una, na Bahia, e faz parte da Terra Indígena Tupinambá de Olivença. A comunidade, que atualmente abriga 220 famílias, desenvolve atividades de agricultura e pecuária, sempre com práticas sustentáveis que respeitam a natureza.
A TI Tupinambá de Olivença está sob a área de atuação da Coordenação Regional Sul da Bahia da Funai e recebe apoio direto da Coordenação Técnica Local de Itabuna.
Este livro não apenas resgata as memórias de um povo, mas também fortalece a identidade e o vínculo com as futuras gerações, garantindo que as tradições Tupinambá sejam preservadas e valorizadas, tanto dentro das comunidades quanto fora delas.