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Em agenda com Lula e Macron, presidenta da Funai destaca importância de investir em projetos sustentáveis dos povos indígenas
A presidenta da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, destacou na terça-feira (26), em Belém (PA), os avanços e desafios do órgão indigenista na proteção e demarcação de terras indígenas. O pronunciamento foi feito em agenda bilateral do presidente da República Federativa do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, com o presidente da República da França, Emmanuel Macron. Joenia também ratificou as palavras do cacique Raoni Metuktire, condecorado por Macron, que pediu aos dois presidentes que apoiem a Funai com a dotação de recursos financeiros para trabalhar em favor das comunidades indígenas.
“Quando o cacique Raoni vem aqui e pede esse apoio, não é apenas apoiar um órgão, mas uma missão constitucional, uma obrigação. Ratificamos as palavras do nosso líder na expectativa de mostrar que nós somos uma sociedade e que fazemos parte desse país”, ressaltou Joenia Wapichana, ao acompanhar uma das agendas de três dias do presidente francês no Brasil. Na ocasião, o presidente Lula destacou o ineditismo da Funai de, pela primeira vez, ter uma presidenta mulher indígena.
Para ela, não se pode ter um planejamento de uma administração pública ou de decisões internacionais em que os povos indígenas sejam meramente espectadores, mas deve haver um compartilhamento de responsabilidades e de decisões. “Nós queremos que esses encaminhamentos que vierem relacionados a toda essa estratégia de enfrentamento às mudanças climáticas não seja somente de participação, mas com a participação. Isso se chama co-administração, que já vem sendo implementada no atual governo”, evidenciou Joenia em referência aos espaços de poder no Estado brasileiro que vêm sendo ocupados por indígenas, a exemplo da Funai e do Ministério dos Povos Indígenas (MPI).
Guardiões da floresta
A presidenta da Funai lembrou de como encontrou o órgão indigenista ao assumir a gestão em 2023 e falou o que tem feito para avançar e resgatar a política indigenista de Norte a Sul do Brasil. “Ano passado, a gente encontrou uma Funai totalmente sucateada. Este ano, a gente está buscando implementar projetos de extrema importância. É preciso investir nos povos indígenas para que eles possam fazer a gestão de suas terras e ter seus projetos sustentáveis, pois é melhor mostrar a riqueza da Amazônia do que a cobiça”, destacou Joenia referindo-se ao garimpo ilegal e mencionando o grande potencial das terras indígenas para a bioeconomia, a sustentabilidade e o extrativismo.
Foi justamente para mostrar e valorizar a produção indígena que a Funai criou em 2023 o Selo Indígena. Tudo isso com apoio de planejamento, de gestão territorial ambiental, com a volta do Fundo Amazônia e de projetos para financiar diretamente os povos indígenas. “A Amazônia e as florestas não vivem só. Elas convivem com seus guardiões, que são os povos indígenas que dão sua vida para protegê-las. Eles estão ali monitorando a qualidade da água, denunciando os crimes ambientais e mostrando que a melhor política de economia é a floresta em pé”, reafirmou Joenia Wapichana.
Agenda bilateral
A agenda de três dias no Brasil da autoridade francesa começou pela capital paraense; depois, Itaguaí (RJ) e São Paulo, na quarta-feira (27); e Brasília (DF), na quinta-feira (28). Com exceção de São Paulo, o presidente Lula acompanhará a visita em todas as cidades. A agenda bilateral é centrada na preservação ambiental e na agenda climática, no desenvolvimento econômico local, na promoção do comércio e da integração das áreas fronteiriças e nas comunidades indígenas.
Macron foi recebido pelo presidente brasileiro na primeira parada, em Belém, de onde seguiram para a Ilha do Combu. Lá, eles visitaram comunidades locais e se reuniram com líderes indígenas. Os presidentes discutiram sobre o bioma amazônico, tema de interesse entre os dois países - a Guiana Francesa, departamento ultramarino da França, possui cerca de 1,4% da floresta em seu território.
A capital do Pará sediará a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-30), em 2025.
Condecoração
Foi na Ilha do Combu que o presidente Emmanuel Macron condecorou o cacique Raoni Metuktire, liderança indígena do povo Kayapó, com a Ordem da Legião de Honra ao Cacique Raoni. A honraria foi instituída em 20 de maio de 1802 por Napoleão Bonaparte para recompensar os méritos eminentes militares ou civis à nação francesa. O cacique Raoni recebeu a condecoração por sua histórica luta em defesa dos direitos dos povos indígenas.
Assessoria de Comunicação/Funai com informações do Palácio do Planalto