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Durante seminário da USP, presidenta da Funai defende a presença dos povos indígenas em cargos estratégicos e na busca por soluções ambientais
Foto: Reprodução
Os saberes tradicionais dos povos indígenas devem ser somados aos conhecimentos científicos no enfrentamento às mudanças climáticas. Foi o que defendeu a presidenta da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, em participação no seminário “Existe um Desenvolvimento Verde?” na Universidade de São Paulo (USP). No evento, realizado na sexta-feira (16), a presidenta reforçou a necessidade de incluir os povos indígenas nas discussões globais sobre preservação ambiental.
“Os povos indígenas querem participar como protagonistas e fazer parte de soluções. Sentar na mesa, debater, olhar de igual para igual, garantir que a questão ambiental seja pautada nos planejamentos dos municípios e estados. A Funai está presente para apoiar e fazer com que isso aconteça”, pontuou Joenia.
De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), os indígenas representam 5% da população mundial e são responsáveis por proteger 80% da biodiversidade do planeta. Nesse sentido, a Funai reforçou a importância dos direitos originários dos povos indígenas previstos na Constituição Federal de 1988 sobre os territórios tradicionalmente ocupados. Joenia Wapichana destacou a importância da demarcação das terras indígenas para a preservação da cultura e identidade dos 305 povos indígenas que habitam o Brasil, assim como para a preservação ambiental e o desenvolvimento sustentável.
“Nossa luta é para devolver a dignidade aos povos indígenas, e garantir a demarcação das terras é trazer essa dignidade. Devemos olhar para trás e celebrar os avanços e refletir sobre tudo que ainda precisa ser feito. As terras indígenas são estratégicas para a conservação da biodiversidade, por isso precisamos protege-las e regularizá-las”, afirmou a presidenta.
No Brasil, as terras indígenas representam 14% do território. Os conhecimentos tradicionais sobre os ecossistemas locais acumulados ao longo de gerações por esses povos contribuem para a preservação da biodiversidade nas florestas. Suas particularidades culturais permitem a aplicação de técnicas diversas de preservação ambiental, como é o caso do conhecimento ancestral de manejo do fogo.
Além disso, os povos indígenas desenvolvem a restauração ecológica a partir de estratégias de uso dos recursos naturais. O conhecimento tradicional inclui técnicas de manejo da terra, seleção de espécies vegetais e práticas de conservação que podem ser altamente eficazes na restauração de ecossistemas degradados.
O seminário
O seminário “Existe um desenvolvimento verde?” foi realizado no escopo da terceira edição do evento “USP Pensa Brasil 2024”, que teve como tema “COP 30: Desafios para o Brasil”. O seminário encerrou a edição do evento com discussões sobre desenvolvimento sustentável e o enfrentamento às emergências climáticas e ambientais do século XXI.
Também participaram do debate a assessora do Instituto Socioambiental, Adriana Ramos; a professora da Escola Paulista de Política, Economia e Negócios da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e presidente da Sociedade Brasileira da Economia Ecológica (Ecoeco), Beatriz Saes; e o professor da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, Ricardo Abramovay.
COP30
A Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), prevista para ocorrer entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025 em Belém, no Pará, deve contar com a participação de cerca de 7 mil indígenas do Brasil e do mundo, segundo estimativa do Ministério dos Povos Indígenas (MPI). Os indígenas vão contribuir com seus conhecimentos tradicionais e modos de vida, para enriquecer o debate sobre os meios de mitigar as mudanças climáticas.
Assessoria de Comunicação/Funai