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Saiba mais sobre a pintura corporal e arte gráfica dos povos indígenas Wajãpi do Amapá
Fotos: Mário Vilela/Funai
A Arte Kusiwa é um sistema de representação gráfico próprio dos povos indígenas Wajãpi, do estado do Amapá, que sintetiza seu modo particular de conhecer, conceber e agir sobre o universo. Para decorar corpos e objetos, o povo Wajãpi faz uso da tinta vermelha do urucum, do suco do jenipapo verde e de resinas perfumadas.
Onças, sucuris, jiboias, peixes e borboletas são parte de um repertório codificado de padrões gráficos. É por meio de suas formas ou de sua ornamentação que os Wajãpi expressam a diversidade de seres humanos e não humanos que, com eles, compartilham o universo.
Como patrimônio imaterial, a Arte Kusiwa – Pintura Corporal e Arte Gráfica Wajãpi foi inscrita em 2002 no Livro de Registro das Formas de Expressão, utilizado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) para registrar manifestações artísticas brasileiras protegidas como Patrimônio Cultural do Brasil. No ano seguinte, a Arte Kusiwa recebeu da Unesco o título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.
Demarcada e homologada em 1996, a Terra Indígena Wajãpi é uma área preservada onde vivem cerca de 1,1 mil indígenas em 48 aldeias. Essa arte está vinculada à organização social, com uso adequado da terra indígena e o conhecimento tradicional. Os indígenas usam composições de padrões Kusiwa nas costas, na face e nos braços. A pintura é utilizada todos os dias e, quando os adultos se pintam, os jovens aprendem a fazer composições de kusiwarã no corpo.
Sobre a etnia
Os Wajãpi do Amapá constituem um grupo remanescente de um povo muito mais numeroso, subdividido em vários grupos independentes e cuja população total foi estimada em cerca de 6 mil pessoas no começo do século 19. A etnia tem origem em um complexo cultural maior, de tradição e língua tupi-guarani, hoje representado por diversos povos, distribuídos entre vários estados do Brasil e países adjacentes. Até o século 17, os Wajãpi viviam ao sul do rio Amazonas, numa região próxima da área até hoje ocupada pelos Asurini, Araweté e outros, todos falantes de variantes dessa mesma família linguística.
Mantém-se uma conexão historicamente importante entre os grupos Wajãpi e Emerillon (ou Teko), que vivem na Guiana Francesa, e o povo Zo´é, do norte do Pará, com os quais os Wajãpi do Amapá compartilham algumas tradições. Entretanto, mesmo variantes de uma mesma família linguística, nem todas as línguas faladas por esses grupos são mutuamente compreensíveis, justamente por expressarem evoluções históricas particulares com evidentes reflexos na diferenciação de suas sociocosmologias.
Assessoria de Comunicação / Funai
com informações IPHAN