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III Marcha das Mulheres Indígenas ocupa as ruas de Brasília pelo fim das violências contra as indígenas mulheres
Nesta quarta-feira (13), a III Marcha das Mulheres Indígenas ocupou as ruas de Brasília e clamou pelo fim das violências contra as indígenas e os seus lugares de direito na sociedade, com a participação de mais de 6 mil mulheres, de diferentes povos, territórios e biomas. O grupo caminhou, a partir das 8h, da Fundação Nacional das Artes (Funarte) até a Praça das Bandeiras.
Estiveram presentes, compondo a marcha, diversos representantes da Fundação Nacional dos Povos Indígenas, dentre eles a presidenta do órgão, Joenia Wapichana, que chamou a atenção para a importância das mulheres indígenas em todas as esferas de atuação da sociedade. “As mulheres indígenas são resistentes, são resilientes, são sábias por natureza. Não é à toa que temos uma ministra dos Povos Indígenas, não é à toa que temos parlamentares mulheres e não é à toa que temos uma presidenta da Funai. Temos secretárias, coordenadoras, professoras, advogadas. Nós somos guerreiras e não desistimos nunca da nossa luta”, afirmou.
As participantes do movimento carregaram cartazes com frases como “Não à violência contra as mulheres da floresta”, “Ecoando vozes para assegurar o futuro” e “Demarcação já aos indígenas do Brasil”.
Ao microfone, diversas mulheres indígenas proclamaram frases de incentivo à marcha. “Basta de nos matar porque o desenvolvimento não pode ser maior que a vida. Nós fazemos parte desse desenvolvimento sustentável. Vamos, pelo Brasil”. Durante toda a caminhada, as indígenas entoaram cantos dos diversos povos presentes, numa manifestação pacífica por seus direitos.
Na parte da tarde, as indígenas dialogarão com as ministras dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara; da Igualdade Racial, Anielle Franco; e das Mulheres, Aparecida Gonçalves, sobre a Carta que foi entregue na Pré-marcha, denominada "Vozes da Ancestralidade dos 6 biomas do Brasil". Na oportunidade, também será realizada a leitura do documento final das originárias. Ao final do dia, haverá um show de encerramento com artistas indígenas mulheres e convidadas, com o tema A Cura Do Mundo Somos Nós.
Na última terça-feira (12), também foi realizado, durante a marcha, um momento de conversa com a coordenadora regional do Sul do Pará, Ô-é Paiakan Kaiapó; a coordenadora-geral de Promoção da Cidadania (CGPC), Núbia Tupinambá; a coordenadora de Gênero, Assuntos Geracionais e Participação Social substituta (Cogen), Lidia Lacerda; e outras lideranças Kaiapó presentes na Marcha.
A CGPC, por meio da Cogen, se reuniu com as mulheres a fim de apresentar as competências da coordenação, ouvir as demandas das mulheres e se colocar à disposição para a construção de projetos e ações, em conjunto, que têm como principal foco o fortalecimento e a participação social das mulheres indígenas nos espaços de decisão. As mulheres relataram algumas dificuldades como a locomoção para as cidades, a necessidade de apoio para projetos de geração de renda e o fortalecimento cultural. A partir dessa primeira escuta, os contatos serão estabelecidos e a CGPC/Cogen se comprometeu a apoiar, no âmbito técnico e orçamentário, a Coordenação Regional Sul do Pará para a realização de oficinas e reuniões que vão de encontro às demandas apresentadas.
III Marcha das Mulheres Indígenas
Promovida pela Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA) e as Mulheres Biomas do Brasil, a III Marcha das Mulheres Indígenas conta com debates, lançamento de livros, grupos de trabalho e apresentações culturais na programação. A Funai tem fornecido apoio logístico ao evento, por meio da Coordenação-Geral de Promoção da Cidadania.
O objetivo do encontro é conectar e reconectar a potencialidade das vozes das ancestralidades que são as sementes da terra, que compõem a rede ANMIGA, fortalecer a atuação das mulheres indígenas, debater os desafios e propor novos diálogos de incidência na política indígena do Brasil.
Como parte dessa jornada de luta por direitos, em janeiro de 2023, foi realizada a Pré-Marcha das Mulheres Indígenas, sob o tema “Vozes da ancestralidade dos 6 biomas do Brasil”, com a participação de mais de 200 mulheres, estimulando debates coletivos na perspectiva da política indígena na construção e manutenção de direitos a nível nacional.
Confira aqui a programação da III Marcha das Mulheres Indígenas.