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17ª Primavera dos Museus
Funai participa do seminário “Povos Indígenas: Povos Fundadores” em Itambacuri (MG)
No dia 23 de setembro, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), através da Coordenação Regional de Minas Gerais e Espírito Santo (CR-MGES), participou do seminário “Povos Indígenas: Povos Fundadores”, realizado na Casa de Cultura de Itambacuri (MG). O evento foi uma parceria da CR-MGES, Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) e Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Itambacuri.
O seminário teve como foco a divulgação da participação e contribuição dos povos indígenas na história de Itambacuri e de Minas Gerais. Um dos temas abordados foi a problematização do papel do Aldeamento Indígena do Itambacuri na formulação dos conceitos dicotômicos botocudos e civilizados para justificar uma política assimilacionista de suposta subordinação da cultura indígena no século XIX.
Compareceram ao seminário professores, representantes de órgãos e instituições da região, e membros dos quatro povos que compuseram o Antigo Aldeamento Indígena de Itambacuri: Aranã, Krenak, Maxakali e Mukurin.
As palestras foram proferidas por Maria dos Santos e Neide Aranã, do povo Aranã; Geovani Krenak, do povo Krenak; Suely Maxakali, do povo Maxakali; dona Castorina Mukurin, do povo Mukurin; Geralda Soares, indigenista; Danielle Brasileiro, servidora da Funai; e Douglas Krenak, coordenador da CR-MGES.
Além das palestras proferidas, durante o evento entoaram-se cantos indígenas, realizou-se uma exposição com fotografias dos povos representados no evento, e houve a divulgação do livro infantojuvenil “Poji, aqui e ali”, da escritora Joelma do Nascimento.
Segundo Danielle Brasileiro, na versão local, acredita-se que não existem mais indígenas em Itambacuri, fruto de uma política assimilacionista que no passado extraiu-lhes o direito à sua identidade étnica. “Por isso é importante promover a participação indígena e indigenista em eventos oferecidos à sociedade brasileira”, argumentou.
O coordenador Douglas Krenak observou que “o evento realizado em Itambacuri vem em um momento muito oportuno para todos os povos indígenas no estado de Minas Gerais. Atualmente, os povos indígenas têm enfrentado a descabida e inconstitucional tese do marco temporal. ‘Povos Indígenas: Povos Fundadores’ traz à tona a verdadeira história originária do Brasil, mostrando, com fatos históricos e até documentais, que nosso país foi construído a partir da base indígena. O evento abre oportunidades para que caciques e lideranças contem suas histórias e trajetórias de vida, fortalecendo a governança indígena no estado mineiro. A Prefeitura de Itambacuri cria, a partir desse momento, junto com a CR-MGES, um caminho para pensar a garantia dos direitos indígenas a partir da verdadeira história original”.
“O seminário teve um significado muito importante para toda Itambacuri. Um momento para revisar nossa memória patrimonial, consciência, acolhimento e muito aprendizado. Foi apenas o primeiro momento de muitos que desejemos, para prosseguir neste trabalho de resgate e valorização cultural, ainda tão necessário pra todos”, comentou Alba Pereira, secretária municipal de Cultura e Turismo.
Em função do sucesso do evento, a CR-MGES pretende replicar essa experiência em outros municípios sob sua jurisdição.
O seminário “Povos Indígenas: Povos Fundadores” inseriu-se no contexto da 17ª Primavera dos Museus, cujo tema deste ano é “Memórias e Democracia: Pessoas LGBT+, Indígenas e Quilombolas”.
Assessoria de Comunicação/Funai com informações da CR-MGES/Funai