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Funai na COP28: autoridades e indígenas debatem o papel do etnoturismo na proteção ambiental e economia local
A importância do etnoturismo para a proteção ambiental e para a melhoria da economia local foi tema de um debate realizado nesta terça-feira (05) no Pavilhão Brasil na COP28, em Dubai, nos Emirados Árabes, com a participação da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).
O evento teve como painelistas a presidenta da Funai, Joenia Wapichana, o secretário de Economia Verde, Descarbonização e Bioindustria do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Rodrigo Rollemberg, o diretor-presidente da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), Marivelton Baré, e a representante da Associação das Mulheres Indígenas em Mutirão (AMIN), Luene Karipuna, com moderação da diretora de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável da Funai, Lucia Alberta Andrade.
Em sua fala, Joenia Wapichana abordou a Instrução Normativa 03/2015, que estabelece normas para a visitação com fins turísticos em terras indígenas, de base comunitária e sustentável, nos segmentos de Etnoturismo e Ecoturismo. A presidenta também citou os benefícios das atividades para os povos indígenas, como a proteção territorial, a valorização cultural e identitária e o fomento à gestão e ao uso coletivo do território, entre outros. Segundo ela, 31 planos de visitação de terras indígenas contam com anuência da Funai, sendo 14 na região do Xingu, no Mato Grosso.
“Nas terras indígenas existe um potencial muito grande. Os povos indígenas têm interesse sim em iniciativas sustentáveis que gerem renda para a própria comunidade, o que precisa ser construído coletivamente“, frisou a presidenta da Funai. "É preciso apresentar alternativas para não se dar brecha nenhuma para arrendamento de terras indígenas, para garimpo ilegal, para entrada de madeireiros. O etnoturismo é uma proposta para buscar uma sustentabilidade nos territórios indígenas", completou.
O diretor-presidente da FOIRN falou do pioneirismo local, citando o fato de que a região do Rio Negro abriga o primeiro projeto de turismo em terra indígena do Brasil, construído com a devida consulta aos indígenas, voltado à pesca esportiva. “O resultado disso hoje é um projeto de dez anos, que está sendo concluído e deve ser renovado, com cerca de R$ 5,5 milhões investidos dentro do território. O mínimo de estrutura que essas comunidades têm, como escola, centro comunitário, transporte, energia, é a partir desse projeto. Além disso, os estoques pesqueiros tiveram uma recuperação de quase 90% a partir desse manejo. O turismo regulamentado pode dar certo“, ressaltou.
Já Rodrigo Rollemberg pontuou a importância de os projetos serem desenvolvidos de forma coletiva. “As comunidades precisam dizer efetivamente o que querem e qual é o limite disso. O turismo gera muitas oportunidades, mas também pode gerar impactos negativos. É muito importante termos conciência disso“, alertou.
Assessoria de Comunicação / Funai